São duas situações distintas que se cruzaram na minha cabeça essa manhã e me deram esse insight.
Eu sei que eu ando chata, só falando de coisa séria, complexa demais pro que eu era há sei lá... 7 anos atrás. Às vezes nem eu mesma me aguento e sinto vontade de me tacar na lixeira e sei lá... bora fazer tudo de novo. Só que a gente não pode fazer isso quando se trata de vidas, então vamos lá me aturar enquanto dá.
SITUAÇÃO 1:
Domingo fui à praia com parte da família e então, enquanto guardávamos as coisas na mala do carro, na outra pista da Sernambetiba, passa uma Ferrari amarela e entra no retorno em direção à nossa pista. Quando a Ferrari entrou na reta, o motorista deu aquela acelerada, mas tão barulhenta, que a praia inteira parou pra olhar.
Uma Ferrari amarela acelerando é mesmo coisa linda de se ver. Eu tenho a impressão de ter visto foguinho saindo do cano de descarga. O barulho ainda está na minha memória e a imagem da Ferrari se afastando tão rápido em questão de segundos, foi verdadeiramente excitante se não estivesse inserido no contexto de que se tratava de um domingo de sol, na praia, onde havia até certa retenção na pista. O motorista, um babaca, claro. Ele queria tão somente se exibir e conseguiu.
MOTORISTA BABACA - Ei, ei, olhem pra mim, eu tenho uma Ferrari amarela e estou aceleraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaandooo!
Afff! Me poupe. Isso é ridículo. Engraçadão disse q se fosse dele, ele passaria bem devagarinho pra todos olharem-lhe a fuça; já eu, tenho absoluta certeza que se Pacotinho estivesse conosco aquele dia teria desfalecido em nossos braços tamanha emoção.
Só que esse tipo de cara, que compra esse tipo de carro, com esse tipo de atitude, é fatalmente um merda.
Que nem o cara do Camaro (o bumblebee do filme Transformers) que estacionou em frente a pracinha. Quando os moleques que estavam jogando bola viram o Camaro estacionado, o jogo parou. Fez-se a gritaria, alguns sacaram seus celulares capengas para fotografá-lo, debaixo de exclamações unânimes:
A MOLECADA - Um Camaaaaaaroooo!
Incluindo Pacotinho, enquanto o dono do lado de dentro permanecia imóvel fingindo que não via a molecada em êxtase. Pra quê? O que leva um merda desses a ter esse tipo de atitude? São só crianças, coisa que esse merda um dia já foi e certamente babou diante de um grande carro.
Mas ele não. Não se mexeu, não encarou os guris e fingiu que eram todos invisíveis.
E aí eu escuto um colega de trabalho na cozinha dizendo que está fazendo um planejamento pra daqui há 10 anos comprar uma Ferrari. Um Tijucano. Aí me diga vc, o q q um Tijucano vai fazer com uma Ferrari?
Deixa pra lá. Só acho q não tem sentido. Claro, pra ele tem. E deve haver sentido, eu é que teimo em não ver.
É que soa pra mim como uma pessoa comum como eu, sismar em ter uma Birkin. Ah vc não sabe o que é? São bolsas tão exclusivas, que só as milionárias têm.
Pra q q eu ia querer ter uma Birkin (da marca Hermès)? Pra andar de metrô?
Got the point?!
SITUAÇÃO 2:
O zelador do meu prédio é um homem muito simples.
Ele pouco fala e se atém a dizer bom dia, boa tarde e boa noite.
Quando eu vim morar aqui ele já estava e muito provavelmente quando eu me for daqui, ele ainda estará.
É, eu tenho planos de sair desse prédio um dia e ir morar numa casa com a galera, não pelo prédio, que eu amo. Pela família grande mesmo num apartamento pequeno. Eles merece uma casa, não acham?!
Mas eu acho admirável em certas pessoas, essa resignação com a vida que têm. Antigamente, pensava que a evolução se dava nos dois modos, espiritual e material, ou que uma coisa levava a outra. Só que observando melhor, quando vc olha um humilde, ele está cheio de sabedoria. E há uma muita sabedoria na inocência.
Ele está ali há anos, faz seu trabalho diário, dificilmente falta, ainda cobre o turno de quem atrasa. Não sei se ele está insatisfeito com sua vida ou o seu salário, mas imagino que ele tenha o necessário, pois não o vejo reclamando nem comigo nem com os outros.
Então eu me lembro das coisas que li e que dizem, o universo é trabalho incessante. O universo é movimento e nós, fazemos parte dessa máquina. Somos a centelha que ajuda o mundo a girar.
Não estava escrito que a reclamação é mola prepulsora do universo, muito menos que o inconformismo era importante pra fazer o mundo girar.
Daí que eu acho que às vezes ainda tenho muito muito muito mesmo que caminhar.
Minha alma ainda sofre daquele incorformismo, me falta resignação e eu adoeço se sentir que não estou evoluindo. Meu corpo combate a estagnação e não estou inventando. É verdade mesmo, eu adoeço.
Aquela fome de crescer materialmente por mérito próprio, aquela vontade gritante de viver coisas novas e que alimentem a minha alma...
Já o sábio, tem absoluta certeza que essa vida aqui é transitória e que a verdadeira vida não é aqui, portanto ele carrega pouco e vive o presente, porque só o presente importa.
Eu... eu tenho a sensação que preciso preencher minha vida com tanta coisa, que preciso transmitir uma segurança, um conforto, uma vida de qualidade pros meus filhos, para que talvez eles se sintam protegidos. Contudo, a vida deles é deles e a minha é a minha, então lá venho eu aqui fazer salada de frutas.
Não tem nada haver alhos com caralhos.
E como fazer o exercício de aquietar meu coração? Afinal, eu sou assim.
Não, não vou ter a ousadia de terminar o post com uma pergunta. Ao invés disso, vou só concluir.
Tenho que comer muito arroz com feijão ainda pra aprender.
Quem sabe aos 60?!
3 comentários:
Um tijucano com uma ferrari é a certeza q n vão roubar o carro dele! Carros assim n são roubados pq chamam atenção! rs
É mta coisa pra se aprender, mas num dia se chega lá!
Boa semana
Beijos saltitantes
Sem pressa, viva um dia de cada vez!
bjs
Nossa, esse post foi complexo!
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