Subscribe:
Mostrando postagens com marcador relacionamento. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador relacionamento. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

MENINAS PEQUENAS FAZEM VOZ DE BEBÊ PARA CONVENCER?


Em busca na vasta literatura googleana e wikiana, nada foi encontrado. Nenhum estudo psicológico, nenhum depoimento pediátrico, nenhum relato de mãe contando sua experiência. Nada.

Talvez o fato não chegue mesmo a incomodar as mães, talvez elas achem até bonitinho, no entanto se trata de uma realidade e por certo, há de incomodar alguém. Sim, incomoda. O mundo não é feito só de mães amorosas.

Parando de embromar e indo direto ao ponto, naquela fase dos 3 anos, algumas meninas, normalmente as mais inteligentes, que desenvolveram cedo um vocabulário certinho, com poucos erros e que fique claro, erros estes que vão além da vontade de nossas meninas, algumas delas danam a falar como bebês, principalmente se essa fala tem um objeto de desejo em foco. Mas será que é sempre assim?

Posso dividir com vocês a minha experiência, já que não encontrei nada na literatura internética para servir de apoio. E olha que procurei!

Vamos saltar para o ano de 1976, eu então com 3 anos completos, indo fazer 4 no final do ano. Fui o tipo de menina diferente da maioria. Falava tudo certinho, corrigia os outros, inclusive os mais velhos. Praticamente uma chata. 

Como fui primeira filha, primeira neta, primeira um bando de coisa, era cercada de mimo. Vivia no colo alheio sendo agarrada e beijada e me sentia muito segura e muito bem, obrigada com tanto chamego. Em troca, tentava ser a melhor no que podia ser. 

Primeiro, a fala. Falava quase tudo correto. Sabia o nome de tudo e de todos, inclusive personagens de novelas com respectivos atores. A rainha da repetição. Ouvia e sabia repetir quando alguém tinha alguma dúvida. Quando a língua não dava, por conta da idade,  a próxima palavra tinha de sair certo. Só que chegava uma hora em que eu queria ser apenas uma menininha de 3 anos, quase o bebê da mamãe. E bem nessa hora em que eu cansava de ser a inteligente superpoderosa, danava a falar que nem bebê e tudo errado. 

Dona Engraçada fazia vista grossa. Em outros momentos que estava meio sem paciência, ela me mandava falar direito. 

DONA ENGRAÇADA ME MANDANDO FALAR DIREITO -  Fala direito, menina!

Eu me envergonhava, mas não dava o braço a torcer. Continuava, até voltar ao normal naturalmente.

Nunca imaginei que fosse me deparar com isso novamente, afinal, isso não acontecia com as minhas amigas de infância. Achei que fosse um caso isolado. Até que tive uma filha. 

Bem, a minha filha é isso aí. Inteligente, fala o dia inteiro, bichíssima, não sai se não estiver montada e às vezes eu tenho a sensação que ela é uma mulher de trina e poucos aprisionada no corpo de uma criança. Pelo seu jeito de se expressar, pela sua atitude, pela sua noção das coisas, pela sua certeza digamos assim.

Assim como eu, ela fala tudo explicadinho e erra muito pouco o vocabulário. Desde os 3 anos era assim, tanto que quando errava, a gente nem corrigia. Apenas falávamos a palavra novamente de forma correta para ela ir ouvindo e aprendendo o certo. 

Também como eu, ela vive no colo sendo agarrada, beijada, cheirada, apertada, sabendo o quanto é linda e amada todos os dias. E é bem nessa hora que ela tem um ataque de bebê. 

No caso dela, também não está relacionado a querer algo, ou a convencimento materno, mas mais pra um derretimento por reconhecer o amor e amar de volta. Então ela dana a falar tudo errado que nem bebezinho. Nossa postura em relação a isso é simples. Vai passar e passa

Meu susto em reconhecer tal fato, é que com os meninos não teve isso. Eles não faziam esse tipo de gracinha, o que me fez supor se tratar de exclusividade feminina. Aliás, mamães, o drama também, fiquem sabendo! Um saco!

Essa semana me deparei com algo inusitado. Talvez pelo fato de os exemplos que citei acima serem de relações de parentesco parecidas. Mas e quando se trata de casos em que os envolvidos não sejam necessariamente mãe e filha? E se estivermos nos referindo a relações de madrasta e enteada? E se a madrasta não for mãe, será que ela receberia essa fase com tamanha naturalidade e desprendimento?

A gente sabe que quando a mulher ainda não é mãe, ela ainda é o centro de seu universo e ter de lidar com filhos que não são seus no pacote amoroso, não é tarefa das mais simples. Principalmente porque a mulher que ainda não tem filhos, não tem a bagagem nem o saco de Papai Noel para aturar certas coisas e isso nem é culpa dela. É só uma fase anterior a que estamos agora. E nem é culpa de ninguém! Também fomos assim. 

Cabe às mães antes de mandar as filhas para a casa dos pais, ter uma conversa franca com ex, para que esteja alerta e atencioso com a filha, a ponto de contornar a situação se a pequena extrapolar. Mas e então? Como contornar este tipo de situação? Como ter esta sensibilidade que a criança está incomodando com voz de bebê, quando sua idade corresponde a outra maior?

Mais uma vez, o segredo é tratar com carinho, desviar o foco da criança, arrumar uma brincadeira, dar um rolé e por outro lado, conversar com a atual companheira e pedir um pouco de paciência. Não é nada demais, é só um denguinho (que, Ok, ela não tem obrigação de entender, mas sejamos adultos!). 

Para a filha também não deve ser fácil ver o papai ou a mamãe dividindo seu espaço com alguém novo, ainda que a criança lide bem com o novo par. Esse lidar "bem" pode ser um fator externo, não necessariamente o que vai em seu íntimo e nessas horas, é importante mais observar e ter paciência, que chamar atenção para o fato. Portanto, não repreendam. Não desperte a atenção. Dê carinho, companhia, seu calor, que essa fase passa.

A gente jamais deve ter um comportamento de nivelamento com a criança, mas mostrar que somos mais velhos e queremos seu bem, como adultos de comportamentos adultos, apenas. Tudo o que elas precisam é se sentir seguras.

segunda-feira, janeiro 19, 2015

BATE-PAPO: TRUQUES PARA NAMORAR MEU MARIDO COM A CHEGADA DOS FILHOS


De repente eu olho pra ele, a casa silenciosa, crianças na cama e o beijo rotineiro se transforma em algo mais intenso. Crianças reunidas no quarto, geralmente os dois menores dormindo e um ainda acordado assistindo TV. Portas intermediárias fechadas, do quarto, do corredor... estamos isolados na sala. A gente reza pra que não seja interrompido e se despe ali mesmo. Partiu namorar pelado! Houveram casos e jeitos pra tornar esse momento, especial e inesperado. Já me tranquei com marido no banheiro quando o fogo ardeu, já fomos interrompidos com as calças na mão, ao ouvir um choro imaginário, mas felizmente, nunca, nunca fomos pegos em flagrante, o que deve ser o terror dos casais que têm filhos. Mas claro, que nunca se diga "dessa água não beberei!"

Consegui reunir algumas mães e blogueiras para falar sobre essa parte do relacionamento, que em muitos casos fica relegada a segundo plano, que é a atenção ao marido, ao nosso relacionamento e sentimento sim (porque não admitir?) pelos nossos maridos, namorados, caras-metade, aqueles que deram início a tudo, ou melhor, que estavam ao nosso lado desde o princípio.

Eu e Engraçadão já vamos para 22 anos de relacionamento. Demoramos quase oito anos para engravidar e de surpresa. Naquela época, sexo era todo dia, com oportunidade, várias vezes ao dia! Mas essa rotina foi drasticamente alterada com a chegada de um, dois, três filhos. Na verdade, prum casal que sonhava muito mais com outro tipo de bens, foi o fato de ele ser guerreiro, a ambição, os projetos e sonhos de vida das principais características que me atraíram. O caráter, o senso de humor, a amizade, cumplicidade, o jeito com que ele se envolvia na família e o carinho com que tratava sua mãe e as pessoas que o cercavam, o que mais me fez apaixonar e sonhar com uma união duradoura a seu lado. 

A seguir, as mães contam como elas se viram nesse quesito e o que viram de especial nesse homem chamado papai!

Janis Souza - Blog Dedicação de Mãe

Conheci meu marido em 2011 e começamos a namorar, até eu dar um fora nele. Ficamos separados um pouco mais de um ano, nesse meio tempo existiram outras pessoas, tanto na minha vida quanto na dele, em dezembro de 2012 os dois ficaram solteiros e o amor falou mais forte e ele começou a me procurar, ficamos, mas nada sério. Até que eu resolvi fazer uma surpresa pra ele e o pedi em namoro em janeiro de 2013. Voltamos a namorar e dois meses depois ele me pediu em casamento. Hahaha!

Mas vamos para a parte do namoro! Quando fomos morar juntos, a Lara estava com quase 5 anos. E isso foi algo com que tivemos que nos acostumar, até hoje nossa melhor técnica é usar o chuveiro, sim, boto a pequena pra tomar banho, deixo a bacia dela encher e ela fica brincando, mas sempre acontece dela chamar, bem naqueles momentos mais ahhh – se é que me entendem kkkk – e já estou pensando quando forem dois kkkk!

Blog Dedicação de Mãe - Descrição:

Dedicação de Mãe é um blog que relata a caminhada de uma mãe, na superação de uma perda gestacional, a criação de uma filha, abordando temas como comportamento, alimentação, dificuldades enfrentadas no meio do caminho, conquistas, superações e a gestação do terceiro bebê.
 
Palavra chave: Lara  


Mi Gobbato - Espaço das Mamães

Quando temos filhos nossa rotina toda muda, inclusive a rotina para "namorar" nossos maridos, no começo nos sentimos cansadas, devido as horas que ficamos acordadas para amamentar, trocar fraldas, fazer eles dormirem, sem contar quando ele tem cólicas, que aí fica mais difícil, mas também não podemos nos esquecer do marido e de nós também, mas com o tempo vamos aprendendo a lidar com essa nova vida, até porque os filhos chegam para acrescentar as nossas vidas e não para diminuir, certo?!
Aqui mesmo com o Gui junto, quando estamos vendo filmes, desenho, ficamos abraçados, juntos e para ter um momento só nosso, aproveitamos a hora que ele está dormindo, às vezes no meio da noite ou quando acordamos mais cedo que ele, e de um tempo para cá ele tem passado o dia na casa da vó, dos padrinhos, ai também aproveitamos para ter um momento só nosso, sem correr o risco de ouvir um "mãe" no meio.
A única coisa que ainda não fizemos (mas por opção nossa) é sairmos a noite para um jantar, um cinema sozinhos, estamos esperando ele ficar maior.
 
Espaço das Mamães - Descrição:

Conheça o Blog Espaço das Mamães, onde você encontra um pouco mais sobre o nosso universo materno, com dicas de passeios, receitas, brincadeiras, jogos. 

Gisele Cirolini - Sou Mãe.Org 

Então, aqui em casa não temos muito "problemas" para conseguir namorar, além da canseira do dia a dia... A Isabela tem rotina e dorme no quarto dela desde que tinha 20 dias... e desde que passou a dormir a noite inteira, (com 4 meses) hoje ela está com 1 ano e 7 meses, sempre as 20:30 começa a rotina da hora de dormir, banho, leite, história e cama, e assim ela vai para a cama dela as 21h e temos o resto da noite para a gente, que pode ser namorar, ver filmes, jogar ou apenas ficar conversando, mas é o nosso momento de casal! 

SouMãe.Org - Descrição:

Meu blog é o SouMãe.org, com várias dicas de decoração de festas infantis, chá de bebê, organização e muitas dicas para facilitar a vida de mães e gestante! 


Raquel - Eu Dona de Casa

A dica que eu dou para namorar o marido se chama 'casa da vovó'! Só assim podemos ficar mais a vontade, sair para jantar a dois, curtir um cinema. Claro que nem sempre isso é possível e o jeitinho é esperar as meninas ferrarem no sono e mesmo assim namorar de orelha em pé e ficar esperto com qualquer barulho.  

Por que o Renato é o pai das minhas filhas? 
Simplesmente pq ele é e sempre será o amor da minha vida. O conheci pela internet há 11 anos atrás. Não foi amor à primeira vista. Nosso relacionamento nasceu de uma amizade sincera e foi construído assim... sem meias verdades, um aceitando o outro como realmente somos.
Eu Dona de Casa - Descrição:
O ‘Eu, dona de casa!(?)’ – EDC – está no ar desde 2010. Desde então, eu venho tratando de assuntos do meu cotidiano relacionados ao universo feminino: dicas para donas de casa, maternidade, atividades domésticas, culinária, cultura… tudo na visão de uma mulher comum igual a você.' 

Elaine - Mãe de Moleque

Olá pessoal me chamo Elaine e sou autora do blog Mãe de Moleque (www.maedemoleque.com ) hj vamos falar de truques para namorar o marido rsrs

Quando o moleque nasceu, optamos por ter cama compartilhada e foi a melhor coisa que fizemos...as noites foram tranquilas e voltamos as aventuras antigas de época de namoro. Nossa casa inteira virou ninho de amor rsrs. 

O moleque cresceu foi para o quarto dele e para nossa alegria dorme como uma pedra rsrs,  mas como amor não tem hora rsrs conversamos muito com ele.
Então sempre que a porta está fechada ele não pode interromper pois estamos namorando e queremos ficar sozinhos e não é que ele entende? 

Esse meu moleque é show, então não precisamos de malabarismo nenhum só vontade de estar juntos♡
E a gente curte muito, nas férias ainda vem o tio e leva o moleque pra casa dele, aí temos uma semana nossa... vamos jantar, cinema e namorar muito mais.
É isso, aqui o moleque teve um ciuminho básico qdo tinha um aninho, depois descobriu o qto é bom ver o pai e a mãe abraçados, se beijando e curtindo a vida a dois.
E se hj perguntarem pra ele se casamento e bom?
Ele vai responder meu pai e minha mãe gostam, então é bom ♡
Bj queridos, até mais.
 

terça-feira, dezembro 02, 2014

TÉDIO INFANTIL. TÁ FALANDO SÉRIO?


Tem acontecido um fenômeno aqui em casa, que eu gostaria de dividir com vocês. Chama-se TÉDIO.
Mas, péra! Essa palavrinha não deveria aparecer mais tarde? Pois é, concordo em gênero, número e grau. Devia aparecer mais tarde. Acontece que tem acontecido cada vez mais cedo, ao menos lá em casa e o último acometido foi meu filho do meio, de 7 anos, o Sr. Cabeça de Bolinha.

Essa semana, mais precisamente ontem, foi seu primeiro dia de férias. Imaginem vocês, o bichinho trancado num apartamento, cujos irmãos ainda cumpriam horário escolar e ele lá, à toa, de férias e pra piorar, de castigo por dois dias, cumprindo medida disciplinar longe do computador, seu maior objeto de desejo na casa.

O Sr. Cabeça de Bolinha é dos que aprecia um bom quebra-cabeças, também adora dar porrada nos bonecos que tem, fazendo altas lutas entre eles, adora dar bolada na parede do play e fazer meu cesto de roupas lavadas de cesta de basquete. Mesmo assim, ontem foi acometido de um tédio tão grande, que danou a atazanar o juízo da avó.

Dando um rolé pela internê, encontrei duas leituras interessantes que abordam esse assunto. Uma, foi a entrevista com a psicóloga e pedagoga Clarice Kunsch e a outra, foi no blog Escolha Sua Vida, no entanto, as duas fincam o pé no sentido de que os pais estão enchendo seus filhos de atividades e que esse tédio seria provocado por nós (resumindo o resumo) em decorrência desse excesso.

Sinto muito, eu discordo. Meus filhos não têm excesso de brinquedos, não têm excesso de atividades extracurriculares, meus filhos são retardatários em acesso à tecnologia se comparados com os filhos dos outros, porque somos adeptos do caminho do meio. Nem tanto, nem tampouco. Então de onde vem esse tédio todo?

Noto uma violenta diferença com o que ocorre entre meninos e meninas, isso sim. E como possuo os dois exemplares, fica mais fácil comparar, apesar de a pequena ser muito pequena ainda para entrar nessa ciranda. Mas não está imune, só não foi acometida pelo famigerado tédio.

Essa diferença tem mais a ver com o tamanho da criatividade de cada um. Pacotinho é um que possui imensa dificuldade em criar. É ótimo comunicador, ótimo mestre de cerimônias, desde que esteja em grupo. Sozinho, é o primeiro a se entediar. Precisa de um acessório nas mãos ou da atenção dos pais para se divertir, o que eu lamento muito, já que nem sempre que ele quer estamos disponíveis. Ontem foi outro que me perturbou a paciência, porque sendo seu último dia de aula, ele já queria se mandar de casa pra casa de algum amigo, a fim de gozar as férias. 

EU QUERENDO APERTAR O PESCOÇO - Péralá, menino! Mas suas férias nem começaram direito e você já está sofrendo?

Já o Sr. Cabeça de Bolinha consegue usar a imaginação quando brinca com seus bonecos ou inventa jogos de futebol imaginários no play e chego mesmo a compreender seu tédio. Ele já havia feito algumas coisas e estava genuinamente sentindo a falta de alguém pra brincar.

Com Dona Miúda o babado é um pouco diferente, pois ainda não sofre tanto. Mentira. Domingo ela pediu pra ir brincar na casa de duas amigas, que infelizmente já tinham outro compromisso. Ainda assim, a galega brinca sozinha ou com os irmãos, fala sozinha e inventa historinhas do alto de seus 4 anos, pega os livros e mesmo sem saber ler, faz de conta que sabe e cria as próprias histórias. Ou seja, a imaginação faz com que ela se baste na maioria das vezes.

Portanto, não chego a discordar dos exemplos citados pelos artigos que li, o que não concordo é que isso seja uma regra, mas o fato de que quanto menos imaginação, ou criatividade a criança tiver, mais cedo, infelizmente o tédio há de chegar. E que Deus nos ajude!
Fonte: Geração Tédio - Revista Educação 
As crianças precisam de mais tédio - Site Escolha Sua Vida

segunda-feira, novembro 17, 2014

PAIS QUE ANDAM PELADOS, FILHOS MAIS FELIZES?



Ao ler o texto da Rita Templeton para o Brasil Post (link no final desse post), Por que eu quero que meus filhos me vejam nua, acendeu uma luzinha aqui dentro da minha cabeça.

Em princípio, porque tive uma educação mais rígida e era incentivada a resguardar meu corpo por ser uma menina e ter a casa cheia de adultos das mais variadas idades, sei lá; depois por notar que havia uma malícia no olhar da minha progenitora, então tentei não reproduzir esse tipo de educação quando fosse mãe.

Havia o cerceamento provocado pelo pecado. O pecado era algo que estava bem ali na atmosfera ao alcance da mão. Eu não fazia ideia de como se contraía pecado, nem como isso era transmitido, só sabia que não deveria ficar nua dentro de casa. 

Já a minha avó, estabelecia um tipo de cumplicidade comigo, que me permitia tocar em seus seios, ver parte de sua bunda imensa (ela era gordinha) e através de todas as suas imperfeições, cheguei a conhecer um corpo feminino familiar. Essa cumplicidade era tão benéfica, que eu admirava o corpo da minha avó, a ponto de dizer que quando fosse vózinha, queria ser gordinha igual a ela. Da minha mãe nunca. No máximo um topless na penumbra e olhe lá. Seu jeito de ser, respeito.

Através das primas tinha acesso ao corpo jovem e durinho, quando elas tomavam banho lá em casa e me punham debaixo do chuveiro com elas. A cabeleira na perereca era algo que me despertava curiosidade, já que não tive acesso a outra perereca que não a minha, sem cabelo, claro.

Tudo isso me levou a crer, que quando fosse mãe, eliminaria o pecado dos moradores da minha casa. No meu caso, nem pensei exatamente na mensagem que estaria passando acerca das imperfeições do corpo feminino, apesar de já ter sido sabatinada por três crianças de idades variadas. Nesse ponto, a autora do artigo foi muito mais generosa e consciente que eu. Ok, cada um com seus motivos e o dela é realmente louvável. O meu não é? Hmmmm...

Pacotinho, de 12 anos, sempre levou na boa e achou normal. Pai e mãe ficavam pelados em casa, passando de um cômodo a outro, tomando banho junto com ele e apenas os tais pelos pubianos despertavam certa curiosidade.

Já o Sr. Cabeça de Bolinha sempre foi vidrado em peitos. Quando a gente tomava banho junto e eu ia enxugá-lo, pedia pra pegar, dar uma apertadinha e ao ser consentido, caía na gargalhada imediatamente. Coisa boba, curiosidade de criança e óbvio, eu ficava constrangida, mas fazia cara de poste, abrindo meu corpo pra pesquisa científica do mini gênio. Faz parte da primeira infância usar o tato para aprender, então vamos lá! Acaba logo com isso porr... Enfim, essa fase passou.

Já Dona Miúda quando tomava banho comigo ficava curiosa em saber quando seus peitos iriam crescer, se um dia teria cabelo na perereca e soltava um sonoro eeeca! Ao saber que sim, terá.

Não quero criar crianças encanadas com o corpo, ou com a própria sexualidade. Um dia, eles dividirão banheiros em vestiários coletivos em clubes, saunas, piscinas e tanto não passarão constrangimento com o corpo alheio, como também, não farão outros se sentirem constrangidos por olhares curiosos.

No tocante a imperfeições, quem me conhece a mais tempo sabe que passei por um procedimento cirúrgico anos depois que o Sr. Cabeça de Bolinha nasceu. Fiz uma abdominoplastia antes de a galega nascer (motivo inclusive de seu nascimento – fiquei gostosa demais!) e isso sim, foi motivo de curiosidade de Pacotinho. Deixei claro pra ele, que eu gostaria de ter meu corpo mais harmônico com o meu rosto, já que aparento menos idade que tenho realmente. Sobretudo, queria me sentir confortável com a minha aparência. Não estava. Sabe, eu não ligo pra estrias (até tenho algumas), não ligo pra varizes, ou celulites, que acredito ser sinônimo de gostosura, só que a minha barriga estava tão horrenda, que mesmo depois de ter operado e passado por outro parto, hoje ela está melhor do que estava antes. E ele sabe que a mãe não é a neurótica da cirurgia plástica. Foi realmente um corretivo e já tá bom.


A gente deve se preocupar com o bem estar dos filhos, claro, em todos os aspectos. Se alimentar bem, cuidar da saúde, se exercitar (tô em dívida), da cabeça e dos estudos. Os exemplos que nós pais damos, é o que norteia a vida deles, é isso o que vai ficar e felizmente na minha casa, os pelados estão ensinando que o corpo é um templo onde a gente abriga o espírito e que ele tem de estar funcionando bem para nos levar vida afora, não importa que forma ele tenha. 

Fonte: Brasil Post - Por que eu quero que meus filhos me vejam nua, por Rita Templeton

quinta-feira, novembro 13, 2014

DAS RELAÇÕES ENTRE MÃES E FILHAS



Se os pais têm maturidade psíquica para reconhecer no filho um outro, diferente deles mesmos, as fronteiras psíquicas entre pais e filhos podem desempenhar uma importante função na qualidade desse relacionamento.Mariana Ribeiro, (Psicanalista, professora do curso "Entrelaces psíquicos entre mães e filhas" no Instituto Sedes Sapientiae; autora do livro Infertilidade e reprodução assistida - Desejando filhos na família contemporânea (Casa do Psicólogo, 2004), mestre e doutoranda em Psicologia Clínica pela PUC-SP, membro efetivo do Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae) 
Falamos sobre quase tudo, menos das relações entre mães e filhas. Pode parecer óbvio para a grande maioria das mães, que se trata de um contato quase cercado de magia. A magia do amor. A mágica e simbiótica relação mãe - filha. Apesar de parecer óbvio para um multidão de mulheres, para mim essa relação teve data de validade.

Claro, vivenciei aquele primeiro amor da infância, onde filhas são apaixonadas, do tipo, quatro pneus arriados pelas mães. Admirava profundamente minha mãe, era louca por ela, achava-a a pessoa mais linda do mundo, fazia juras de amor eterno diariamente em seu nome. Era o tipo de fidelidade canina que só se vê entre mães e filhas, ou seria entre filhas e mães? Isso perpetuou até a chegada da adolescência, quando o véu da inocência definitivamente se rompe.

Em contato com outras amigas, a gente fica sabendo que os pais transam, a gente descobre que sexo é bom e que inclusive nossas mães praticam com gosto. Mesmo ignorando o fato de que pra eu nascer ela teria de ter se deitado com meu pai, naquela época isso tirou um pouco a aura de santidade que havia em torno da minha mãe. Depois vieram os conflitos acerca de uma separação pré-anunciada, mas que nunca chegava às vias de fato, bagunçando a cabeça materna e desviando o foco da adolescência de sua única filha: eu.
Conto isso para ilustrar que a própria vida se encarrega de promover o afastamento entre mães e filhas, seja lá por qual motivo.

Eu penso que a maternidade não é pra todas. É imprescindível que mães prestem atenção nesse amor inicial que constitui a essência da criança. Para que esse elo entre mães e filhas não se quebre prematuramente. E não me refiro a mimar sua filha e atendê-la em todos os seus caprichos – isso criará um monstrinho – mas a perpetuar esse elo, alimentar esse amor e ainda que sua filha discorde de você, é ela quem decide qual caminho seguir, que aprendizados prefere ter. Ainda que discorde do seu modus operandi, sua filha tem esse direito. O que você pode fazer é orientá-la e abrir os braços para que se eventualmente venha a cair, o carinho, o conforto, o colinho e a orientação estarão de braços abertos para recebê-la de volta. É simples assim. No entanto o egoísmo e aquela mania de autoridade que a gente tem, acaba nos afastando delas.

O primoroso texto da psicanalista Mariana Ribeiro para o portal Ciência e Vida, aborda a dificuldade de as mães administrarem e reconhecer nas próprias filhas mundos diferentes, o que seria responsável por verdadeiros desastres na relação. Geralmente, ignorar seus próprios medos, traumas, frustrações ou até fetiches e empurrá-los para debaixo do tapete, acaba por provocar uma espécie de transferência psíquica nas gerações seguintes. Filhas absorvem, filhas reproduzem e ao expor para suas mães as feridas escondidas se instalaria aí o conflito. Outra dificuldade é quando as mães enxergam nas filhas extensões de si mesmas. Preciso completar a frase?

Foi o que me deixou traumatizada e morrendo de medo de ter uma menina: a famigerada competitividade entre mães e filhas; certo tipo de mãe que tem o hábito de minar a autoestima da filha de pouquinho em pouquinho, todos os dias. E isso acontecia debaixo de diversos tetos além do meu. Tem mãe que adora dizer pra filha o quanto ela está gorda, quando a própria não representa modelo de magreza; tem mãe que parece sentir prazer em dizer que sua filha é uma vagabunda se esta não se mantém casta até o casamento (e olha que isso ainda acontece hoje em dia!); existem aquelas que parecem sentir ódio, ao invés de orgulho das filhas que estudaram, que chegaram a algum lugar, que conseguiram um diploma, ao invés de sentirem orgulho de ver o sucesso de suas crias e tantas outras que profetizam o quanto suas filhas são e serão fracassadas, antes de dar um voto de confiança, ou tentar ouvir uma nova ideia que pode ser bem sucedida amanhã. Recusam-se a ouvir suas crias simplesmente por não confiarem nelas próprias, afinal se a própria mãe morre de preguiça de lutar, de sair do lugar, como suas filhas têm esse poder? Também conhecida como inveja.

Por tudo isso, eu morria de medo de ter meninas. Eu vi a transformação acontecer comigo, vi acontecendo com amigas minhas, salvo raras exceções. Foi uma geração filha da ditadura que não sei que tipo de defeito deu. Danou a competir e descontar nas próprias filhas suas próprias frustrações. Eu tinha medo que acontecesse comigo. Tinha medo de sofrer algum dano cerebral, que minasse meu amor por ela. Talvez por isso tenha passado quase nove meses de mau humor, deprimida, chorando por qualquer motivo, morrendo de medo dela.

Claro, esse medo se desfez assim que pus os olhos na galega. A galega personifica esteticamente a mulher que eu sempre quis ser, mas nem por isso vou chama-la de feia por inveja. Sua beleza é tão reluzente, seu jeito de ser despachado, toca a qualquer pessoa; ela é meio maluquinha e fala as coisas assim, na lata, como uma taurina deve ser sem perder a docilidade (coisa que não sei fazer); faz caretas hilárias que eu passei a reproduzir sem querer (quem imita quem? Provavelmente eu a imito); ela é companheira para todas as horas e já dá pra notar um mulherão ali dentro, preso num corpitcho de criança – Dona Miúda é mais mulher que eu e têm me ensinado muito sobre feminilidade - , é das que perde o amigo, mas não perde a piada (também) e é caprichosa com as coisas que faz; adora ajudar; é fashionista toda vida desde que nasceu e melhor, quando me olha nos olhos, eu enxergo aqueles coraçõezinhos que eu tinha no olhar. A galega me põe num pedestal do qual há muito tempo caí.

Sei que sou a pessoa mais importante na vida dela, quer dizer, das mais importantes. E eu prometo ficar atenta. Ainda que discorde de algumas questões, eu já faço o exercício de deixá-la dar seus próprios passos, ainda que saiba que alguns não darão certo. É o amor com liberdade. É amor.
Um dia, uma antiga funcionária que já mora na companhia de Deus vendo meu desespero ao estar grávida de uma menina (tinha 4 filhos e 1 filha) me disse que filha é pra vida toda e em sua simplicidade falou assim:
- Você vai ver! Com menina a parada é diferente!


Só posso concluir que ela estava certíssima! Com menina, a parada é mesmo diferente. É ver para crer e para amar infinitamente.

Linkwithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...