Tenho percebido de um tempo prá cá: nada mais me abala em termos de METRO
RIO.
Há exatos dois anos, eu vivia indignada, brigando, xingando em pensamento o
metro, as pessoas mal educadas do metro, o aperto do metro eeeeee a porra
toda.
Agora, é como se essas coisas deixassem de existir.
Nada mudou.
Posso mesmo afirmar, que o serviço até piorou. Mas quem mudou fui eu. Isso
com certeza.
Será q se deve ao fato de eu ter comprado aquele celular que vem com MP3
Player e por isso eu me fecho no meu mundo, como um bom e velho autista?
Não sei não...
Mas o fato, é q nem a ignorância, nem a falta de respeito com as grávidas,
com os idosos e com o próximo mesmo (e como é próximo!) tem me despertado
atenção.
Realiza:
Estava eu outro dia lépida e fagueira, ouvindo meu Coldplay, cujo verso da
música Don't Panic (muito apropriada por sinal), dizia assim: We leave in
the beautiful world! * Nós vivemos num mundo lindo! - Ok. Bem nesse momento
da música, o metro está parando na estação Estácio!
Para quem não mora aqui, esta é só a estação que faz integração com uma
outra linha, onde ao abrir a porta dos dois lados, entra a boiada. Juro q
lembra o estouro da boiada. Ao q o trem freia e o Chris Martin canta, eu
penso:
Ahã! Beatiful world de cu é rola. Isso, porque vc não tá aqui dentro, vendo
o q vai acontecer agora. E aaaaaaabre a porteira Sííílviooooooooooooo!
Entraquelepovotodojuntoespremidoquerendodesesperadamenteacharumlugar e
empurrapertaespremepisagritam-aiporratámemachucandooo!
E eu lá: We leave in the beautiful world! We leave in the beautiful world!
Every day, every day! We leave in the beautiful world!
* * * * *
No outro dia, como de praxe, entro eu na porra do metro e como já estava
atrasada, lugar prá sentar é ruim de mariola!
Fui em pé e conformada no vagão feminino, liguei meu aparelhinho bunitim,
ouvindo meu som, o vagão vazio de um jeito que dá gosto de se ver, q me
transporta prá época em q o Metro Rio, era transporte de gente moderna e
antenada. Sim, porque há quase 30 anos atrás, tinha muita gente q não
andava debaixo da terra nem fodendo. Foi uma verdadeira polêmica, quando o
metro estava sendo construído aqui. De modo, q ele circulava às moscas.
Sr. Engraçado não perdeu tempo. Ele era ligado nas coisas e tratou de me
levar um dia de metro, na Mesbla da Cinelândia para passear. Era daqueles
magazines de 3 andares, em estilo novaiorquino, onde vc podia passar o dia
vendo os produtos, comprando, comendo, ouvindo música... ai, ai, dava
vontade de se perder lá dentro.
Minha seção favorita além dos brinquedos, era a das barracas de camping!
Porque na Mesbla, ficava tudo exposto/ montado. Daí q vc entrava, deitava
nos colchonetes das barracas e viajava na maionese q era tudo q eu sabia
fazer naquela época! Ok, eu não mudei tanto nesse ponto...
Mas, a esclerose bate forte e eu mudei totalmente de assunto!
Estava eu na porra do metrô ouvindo meu 30 Seconds to Mars, no meio da
música Beautiful Lie (it's a beautiful liiiiiiiiiiiiiiiieeee, it's a
perfect deniaaaaal, it's a beautiful liiiie to beliiiieve it, so beautiful,
beautiful lie makes me...), quando encosta uma grávida e sua mãe bem na
porta quase ao meu lado, momentos antes de chegarmos no Estácio.
Cara, me deu um nervoso aquilo! Me bateu uma bad trip imaginar o que
aconteceria com aquela barriga, ao chegarmos na tal estação. E eu fiquei
boba da mãe dela, não saber q andar colada na porta era mal negócio.
Eram duas pretas pheenas. Talvez não estivessem habituadas a andar de
metro, salvo nos fins de semana.
O fato é que eu não agüentei! Bati no braço da menina e falei prá ela sair
dali, porque já chegaríamos na Estácio e ela poderia se machucar.
Ela alegou que não havia lugar, mas eu mostrei a ela onde ficavam os bancos
preferenciais.
Senti uma certa preguiça em mudar de lugar, porque afinal, ali onde ela
estava era tão cômodo... mas a mãe foi abrindo caminho e eu meti a boca no
trombone:
EU METENDO A BOCA NO TROMBONE - DÁ LICENÇA PRÁ GRÁVIDA AAAÊ! DÁ LICENÇA PRÁ
GRÁÁÁVIDA GENTEMMM!
Não deram muito licença não. Maaas, elas conseguiram um lugarzinho prá
menina sentar.
Logo, o estouro da boiada. No que abriram as portas, entrou o povo em fúria
um lado se chocando com o outro, mas a coisa foi tão violenta, que eu ouvi
um barulho de algo batendo, gente gritando, reclamando... uma doideira. Se
eu não tivesse próxima da saída de ar, certamente aquele seria um dia em
que desmaiaria. Fiquei completamente espremida no canto, olhando pro teto e
cantando: it's a beautiful liiiiiiiiiiiiiiiieeee, it's a perfect
deniaaaaal, it's a beautiful liiiie to beliiiieve it, so beautiful,
beautiful lie makes me...
* * * * *
Hoje foi engraçado.
Percebo q quando eu passo do horário das nove, a situação fica menos
crítica. Encher, enche, mas é suportável. Diferentemente do horário padrão,
entre 8.15 às 9h.
Curiosamente, cheguei à plataforma com o trem parado, porém com as portas
ainda fechadas. Nem sei como, eu consegui sentar. Mal sentei, botei o fone
no ouvido e escolhi a música do Chis Brown (cantor de hip hop) - Damage:
Looooook the damage, Looooook the damage... daaaamage daaaamage thal I call
you, now I broke your heart... - E eu gosto de observar ao redor e ver a
cara das pessoas, tento imaginar o q elas pensam, o q sentem... isso qdo
elas não estão há menos de 1 palmo do meu nariz!
Mas não foi assim hoje.
No outro lado da parede, tinha um rapaz lendo o jornal O Bobo, de terno sem
gravata, fazendo a linha casual... tá bom, tá bom... o cara era gatíssimo
(ouviu Engraçadão??).
Mas daquele tipo de gato, q só é gato até a próxima estação.
Nisso muda a música! This Charming Man - The Smiths (This charming man...
He know so much about these things... I would go out tonight, but I haven't
got stitch to wear... la da la lá da da this charming man...).
Na mesma seqüência de bancos do lado em q eu estava, vagou um assento. Ele,
muito cordato, fez um aceno de cabeça para a pessoa q estava em pé, ao lado
do banco vazio e ao que o outro cedeu lugar a ele, este atravessou e
sentou-se com seu jornal, cômodamente, com as pernas cruzadas de maneira
espaçosa, folheando tranquilamente as páginas, como se estivesse num bistrô
em Paris.
A cena, ficaria completa com a Torre Eifel ao fundo e aquele som
característico dos acordeons franceses, só q neste momento, eis q chegamos
ao Estácio. Ding-dong! Entra a boiada. Ok. O gado dessa vez em número
menor, porém o suficiente para encher o vagão.
O cara de terno gatíssimo, continuou impassível, lendo o seu O Bobo, com as
pernas cruzadas, ocupando espaço confortávelmente em seu bistrô Parisiense.
Caralho!! Vamos marcar território, mas sejamos sensatos. Tinha uma senhora
baixotinha, com uma bolsa grande no ombro e outra sacola daquelas Di
Santinni cheia até a boca, práticamente maior q ela, sem alcançar o ferro
de cima p/ se segurar e toda esticada, sabe Deus como, tentando pegar o
ferro lateral, cuja pernoca do gato, atrapalhava.
E ele? Em Paris estava, em Paris ficou.
Eu falei prá ela me dar a bolsa, ao q fui prontamente atendida!
Mas fiquei pensando: PUT Q PARRÍ!!!! Q VIRA-LATA ESCROTO!! Q CARA
ARROGANTE.
Deve ter ganho uma promoçãosinha de merda ontem e já está se achando gente!
Q comportamento ridículo.
Ele é tão ignorante quanto a grande maioria da boiada q entra pelas portas
do Estácio. A única diferença é q as roupas são melhores e talvez o
perfume! Mas tão ignorante quanto...
E justamente nessa hora, que acabou o charme e a beleza para o gato, se
transformar num cachorro daqueles grandes, espaçosos e preguiçosos q prá vc
passar, tem q empurrar com o pé.
Viu, como ignorância não é exclusividade do subúrbio?
Afinal, quem tem Metro Rio, tem tudo!
* A música, eu atualizo de casa. Aliás, a novidade é q estou sem
Velox-de-cu-é-rola e estou contando com a caridade de uma rede Wireless sem
cadeado para acessar. Esta semana, só entrei de casa na segunda feira, no
dia da caganeira, q fique claro.
Bj na bunda!