Se vc me convidasse para passar uma tarde entre amigas, só a gente, falando besteira, tomando alguma coisa, fumando algumas coisas, sem marido, sem filho, ou sem trabalho, eu muito provavelmente hesitaria.
Porque todas essas coisas que citei acima estão em primeiros lugares na minha vida. Os filhos, o marido, a responsabilidade, tudo isso está fortemente arraigado no meu ser e fatalmente, o bem estar de um bate-papo descompromissado numa tarde de dia útil, sem chance, não iria acontecer.
Aliás, quantas pessoas na face da terra se dão esse prazer?
Não vale mencionar os adolescentes.
Pois é.
Meu momento atual de vida, aquele recheado de incertezas e "e se's?" está promovendo várias mudanças no meu cotidiano.
A partir do princípio de que preciso focar no meu objetivo e ficar surda a apelos externos para atingir minhas metas, mesmo sendo elas anti-convencionais. Estou tendo que ser firme e forte, mesmo q isso signifique sair pela tangente. E acredite, mesmo debaixo de lágrimas eu tenho saído.
Foi numa dessas, que me permiti passar uma das melhores tardes, ever, dos últimos anos da última semana, na companhia de 3 pessoas, num apartamento, ouvindo música alta, tomando coca-cola light (essa parte não foi muito legal), fumando El Porro e rindo de quase tudo até lágrimas saírem dos olhos.
Rimos do acaso, rimos da desgraça alheia além da nossa própria, rimos do amor, das tomadas de cu inesperadas, q todo mundo toma mesmo. Falamos todas as besteiras e gargalhamos de doer a barriga. Foi histericamente hilário!
Fiquei brincando q aquela hospitalidade toda, de me fazer fumar El Porro de cada sabor, seria o mesmo que me mandar apoiar a cabeça num taco fincado no chão, girar e me soltar por aí! Todos riram e claro, me ignoraram. Fiquei chapada como há muito não ficava em todos esses anos, mas não fiquei na merda.
Nos prometemos outros encontros, regados à almocinho e espumante numa próxima vez. Claro, iremos repetir e ainda esse ano.
Voltei no ônibus vendo a vida alheia correr amarrada à rotina diária e me peguei pensando: cara a gente quase não vive né?
Óbvio q isso é sabido. Mas a gente anda tão no meio desse turbilhão chamado responsabilidades, q meter o nariz acima da cortina de fumaça é cada vez mais raro. E aí se vão nossa juventude, nossa saúde, nosso bom humor. Salvo nas vezes em q nos permitimos ir ao barzinho com os amigos ou em qualquer outro happy hour.
Só q até essas escapadas, se vc reparar bem, podem cair na rotina. São protocolares.
E nos casos em q se é mãe e esposa então... quantas de nós somos capazes de descermos desses personagens mães, esposas, donas-de-casa, pra dar uma pirada saudável? Para rir de verdade, mesmo q seja do próprio infortúnio?
Eu só tenho a agradecer a essas três pessoas, porque eu tive coragem, porque eu estive lá, por abrirem a porta de suas casas, porque no sábado, no domingo e ainda hoje, estou sentindo saudade deles, das risadas e de todo o amor que ali esteve presente.
Preciso agradecer à hospitalidade, às músicas com som de telefone tocando, ao álbum de fotos da Madonna, aos diversos Porros empurrados goela abaixo, à camiseta da Madonna te olhando no elevador, à companhia até o ponto de ônibus e mais garalhadas até o final. Vcs 3 são fofos demais, delicados, ainda mais em trio.
Super recomendo e anotem, teremos de repetir em Santa Tereza, deitados na cama com a telona da TV vendo algum documentário do Nat Geo só pra gente viajar na tela.
Em casa, me percebi gritando menos com as crianças, fui caminhar na pracinha q nem um zumbi empurrado por controle remoto, mas não deixei de me exercitar, passei o final de semana tentando ser alguém melhor e mais doce em família e esse dia me ajudou a querer ser alguém melhor pra minha família ao invés daquela louca do cu estressada.
Foi muito prazeroso.
Obrigada.