Quem tem ou já conviveu com bebê está careca de saber que no sétimo dia de nascido, a gente tem q vestir ao menos uma peça de vermelho no bebê. E hoje, Dona Miúda está exatamente assim:
Ah, mas não era pra começar assim?
É verdade. Não era. Então vou começar direito.
Àquele dia, eu saí daqui totalmente zen, feliz, filmando até peido! Teria finalmente meu corpo de volta, mas não tinha a mínima idéia dos sentimentos q fariam parte de mim então.
Você pode ter 300 filhos, mas a sensação de um parto nunca é igual ao que passou! São todos inéditos e o amor sempre te pega de surpresa. Surreal eu diria.
A ida até Barra da Tijuca dispensa comentários, mas creiam-me, até isso estava mágico. E a maternidade é daquelas q justifica uma volta. Mas calma! Isso pra mim é passado e encerrado. Fechei definitivamente a fábrica. Estou inclusive alugando minhas trompas para aquelas q não conseguem engravidar, tomar banho de trompa debaixo de um pé de aroeira sem cruzar os braços. Juro q é gravidez na certa! Não precisam nem gozar dentro.
Piadas à parte, tinha uma tensãozinha no ar; os meninos agitados; eu animada pra ligar logo o laptop e mostrar todos os vídeos... a gente sempre acha q vai dar tempo. E o jejum que foi seguido 90% à risca.
A equipe pegou um engarrafamento por conta da batida, porque né... Barra...? E o que seria um parto sem atrasos às 16h, teve seu início às 17h.
Aquilo é uma festa né? Eles estão sempre zoando um e outro, brincando, mexendo com a parturiente e eu entro na piada de cabeça pedindo Engraçadão q perca o parto, mas não perca a piada. Ele filmando é lastimável, mas valeu o registro... as vozes... é o amor!
Então a zoação do momento foi meu livro, porque meu Suuuperginecologista se recusa a comprar um exemplar e agora quer q eu dê um pra cada membro da equipe. Não adianta eu falar q escrevi não pra ter prejuízo, mas pra lucrar... hallooouu? Ele ficou zoando e contestando a existência do twitter, dizendo q era coisa de desocupado, mas louvou o fato de que vai operar outra twitteira,
ela.
E quando eu falei de Dona Miúda (sim, esse vai ser o nome definitivo dela por aqui!) eles ficaram suuper curiosos com o Dona e eu expliquei porque ela seria dona da gente. E é.
Então, me colocaram naquela posição digna de queixo no joelho pra aplicar anestesia e taca a falar merda, monitorando minha pressão o tempo todo e bip-bip dos aparelhos e teste pra ver se mexo alguma coisa da cintura pra baixo. Não. Um formigamento nas pernas, uma força descomunal para levantá-las e nada. Depois o coração. Ele bate muito rápido e dá uma sensação de sufocação. Mas não de morte. Só que está batendo perto da garganta. Aaaah, começou o parto.
E eles sorrindo, zoando e me cortando. Eu sinto só mexendo em mim. O superpediatra adianta o que será feito quando ela chegar e meu coração continua explodindo nos ouvidos. Não tenho medo. Tudo é muito intenso, mas está tudo bem. Esqueçe as agulhadas, a dor do garrote te apertando e concentra no som que sairá de vc. #Ficadica
Aí, eu escutei com o coração em alegria eles chamando:
Suuuperginecologista - Vem Dona Miúda! Vem Dona Miúda!
E ela chegou com uma garganta vigorosa.
Cara, não tem como não chorar nessa hora. Ainda mais q ela gritou mais q todos os meus outros filhos. A sala se enche de vida, não tem como ficar apático diante disso. E todos dizendo o quanto ela era linda.
Quando ela veio pra mim... ai...
Bom, eu pude ver o quanto eu fui boba durante os 9 meses. Eu vi que não vou falhar com ela, nem amá-la menos. Isto é impossível. Fiz uma oração agradecendo aos céus porque ela chegou com saúde e perfeita; pedi desculpas a ela, lógico, por conta de todo o drama e tal... e porque muitas vezes eu não quis tê-la. E porque eu tinha medo das meninas, de ser uma mãe escrota como existem muitas por aí.
Depois veio a tremedeira. Cesariana tem dessas coisas. Vc está coberto e ainda sim batendo queixo de frio. Mas é só isso. Veio também o silêncio, apesar do quarto cheio de visitas:
Dani Antunes,
Má,
Fê Freitas,
Morena,
Miss Moura, minha Pima Bebel, minha mãe... uma fábrica de xerecas no quarto. Um verdadeira confraternização xerecal e eu lá muda. Quando ousava, sussurrava, mesmo assim pra coisas q não podiam passar. É assim mesmo. E tome chororô, tome beijos nas mãos das visitas, lágrimas de vai dar tudo certo, presentes, noossa, quantos presentes ela ganhou! Quanta festa no twitter, quanto amor de tanta gente. E eu lá chorando. Acho q foi nesse momento que começou meu enviadamento.
Mas cara, tudo isso faz parte.
Eu tinha tanto medo de errar com ela... tanto medo de não ser uma mãe digna a altura de ter uma menina e fazer um bom trabalho... Ao menos eu me questiono e tento raciocinar. Não fico aí fazendo merda e pondo a culpa nos outros. E ela saberá o quão humana e passível de erro eu serei. Só q esqueci aquela velha máxima de que tudo já está aqui, gravado no meu DNA. Não é à toa! E eu não tenho mais medo.
Só q o amor se instalou aqui... e a viadice também né?!
Tudo q eu disse e q inclusive pedi camisa de força pra mim estou fazendo:
Rosa -> Sim, eu botei rosa.
Faixa na cabeça -> Sim, coloquei e também lacinho de fita com velcro.
Brinco -> Ela ganhou e eu ainda não consegui alguém pra furar a orelha, mas estou procurando alguém desesperadamente. Aff!!
Já os meninos, terei de fazer outro post contando, porque são muitas as reações, novidades e adaptações.
Vou parando assim. Bj na bunda.