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sexta-feira, novembro 07, 2014

PARA PORTAR O ESPÍRITO MATERNIDADE


É sabido o tamanho da transformação que a chegada de um bebê causa na vida das mulheres. A descoberta desse novo amor revoluciona o nosso mundo. Muitas se comportam como se possuídas fossem por um espírito poderoso chamado “maternidade”, que passa a governar seus dias, sua rotina, suas horas, seus pensamentos, decisões, prioridades e uma vida inteira. Esse espírito se apossa sem cerimônia, toma conta e sem se dar conta, nós mães ficamos à mercê de seus mandos.

Algumas moças têm verdadeiro pavor de se tornar mães, porque ao ser mais observadoras, notam o quanto de demanda esse espírito exige e quantas de nós se abandonam à partir de tamanha exigência, a ponto de se esquecerem de quem eram em nome dessa novidade. Essas moças geralmente repudiam o espírito “maternidade”, levantando bandeiras e debates contra.

De certa forma, elas têm razão. Esse espírito é muito vigoroso e se apossa da gente. Muda nossa vida, nossos horizontes e faz a gente se esquecer de nós mesmas. A gente se abandona, ainda que as moças não reparem nosso sorriso de cantinho de boca e o brilho no olhar, apesar dos cabelos em pé, das unhas descascadas e dos lapsos de memória – qual mãe não sofre de lapsos de memória?

Por isso eu resolvi lembrá-las que para ser o “cavalo” do espírito maternidade, é preciso se reencontrar. É preciso dar a mão a si mesma, fazer as unhas, pentear os cabelos, se maquiar, sair com as amigas sozinha, ou curtir a sós uma sala de cinema no meio do riso ou silêncio do drama. É preciso viajar para visitar a irmã que agora mora em outro estado, ou perder algumas horas no trânsito em nome do chá com a mamãe ou o café com o papai que ainda estão vivos; é preciso ligar para a melhor amiga para contar as vitórias ou colher um outro ponto de vista, que evite as derrotas. Para portar tal espírito, é preciso reconhecer que nós “cavalos”, precisamos dar espaço para o nosso antigo eu.

É vital esse reencontro. É vital parar com tudo e se reconhecer naquela menina que nasceu há tantos anos atrás, filha de sua mãe, sua essência. Esses encontros nos põem nos eixos, no nosso centro, no cerne da vida, sobretudo nos põe de volta ao controle de nós mesmas. Pessoas únicas e exclusivas nesse universo.

Depois que a gente se reconhece, fica mais fácil abraçar o espírito “maternidade” de frente e de peito aberto. O grito dará espaço ao diálogo, as brigas por besteira cessarão em nome da compreensão assim de bom grado. Haverá paciência, saudade, carinho em abundância e melhor, ninguém vai morrer durante a pausa.

É importante nos darmos o direito à pausa, assim como aos nossos cônjuges, principalmente se eles chegarem junto e for cavalos do espírito “paternidade”. Afinal, muitos deles ralam tanto quanto nós, não é mesmo?

E que tal uma pausa conjunta? Que tal relembrar o tempo de namoro, só os dois, num programa namoradinho? Pode ser o cinema, pode ser o bar, pode ser a quadra da escola de samba, pode ser um motelzinho pros chegados... vale tudo em nome dessa individualidade quase perdida. O que não vale, é descontar frustração nos pequenos.
Acredite e aplique. É para o bem de todos.

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