Os pediatras recomendam que a criança seja desfraldada à partir de 1 ano e 8 meses de vida. Não que ela consiga automaticamente assimilar as funções urinárias e "defecárias" do dia pra noite, não é isso. Mas conta-se com o fato de ela saber o que é ficar suja. E crianças, meus caros, nessa idade tem ojeriza de se sentirem molhadas ou imundas. É assim que começa.
Aos quase dois anos de vida, papais e mamães estão cansados de investir em fralda. É um investimento sem retorno, baseado no amor e o único dividendo que se tem é uma merda. Uma não, muitas!
Quem é pai de primeira viagem não raro arrota por aí que não vai investir numa fralda cara, porque aqui só vai levar xixi e cocô, então qualquer Dry Something da vida vale. Eu mesma falei isso na época de Pacotinho. Não entendia por que Pamper's, por que Huggies, etc. Danei a comprar uns pacotes grandes de Dry Something desenfreadamente até me deparar com a carinha de Pacotinho, sua pele sensível, aquele amor avassalador que me invadiu... Daí que fui a primeira a bradar:
EU BRADANDO - Nem fodendo que eu vou botar essa porcaria na bunda sagrada do meu filho!! - o forro da fralda era verde, enquanto as demais eram brancas. Começa por aí!
Despachei tudo pro porteiro que já havia encomendado o 6º. filho e que com certeza sendo porteiro, a essa altura do campeonato estaria cagando fedido pro fato de o fundo da fralda ser verde.
E assim eu entendi que não adianta economizar. O que adianta, é proteger o bumbum de quem se ama, ainda sim, não é garantia de se evitar alergia a fralda.
Então, o superpediatra apoia a decisão de se desfraldar após esse período doloroso de 1 ano e 8 meses desde que não seja inverno. E eu tive que segurar a onda da ansiedade até a chegada do verão no caso dos dois meninos.
Aí começa o tormento.
Os meninos foram assim, além de urinar no chão e fazer cocô na cueca com vc correndo atrás com o pano de chão, metendo o dedo na merda etc, tem a problemática do medo do cocô.
Tanto Pacotinho, quanto Sr. Cabeça de Bolinha aprenderam rápido a fazer xixi no piniquinho, mas o cocô... putaquelospárel!
Lembro que uma vez, em meio a uma negociação com Sr. Cabeça de Bolinha, para que ele permanecesse sentado no peniquinho até o cocô sair - ele aos berros no banheiro e se debatendo e eu calmamente o segurando e negociando - Amélie Poulain, nossa gata, diante da gritaria e choradeira, começou a rosnar tal qual um cachorro em defesa de seu amo. Felizmente nesse mesmo dia, Sr. Cabeça de Bolinha conseguiu fazer e perdeu o medo. Eu não fui arranhada mas tranquei o cu devidamente, porque né?
Então estou bem no meio dessa fase tenebrosa com Dona Miúda.
Passei uma semana andando com pano de chão na mão, metendo o dedo no cocô que ia parar na calcinha, porque sim, ela só avisava depois que tinha feito... fiquei exata 1 semana nessa tormenta e Engraçadão foi agraciado com apenas 1 sábado e 1 domingo (e ele ainda reclamou, tá?!). Felizardo.
Bem, ao final de uma semana, ela sentou no peniquinho que fica estratégicamente próximo ao banheiro, bem no meio do caminho e fez seu xixizinho como que por encanto. Ainda no mesmo dia, toda prosa com sua conquista, danou a fazer xixi a todo momento só pra poder dar tchau pro xixi. A galega é um barato. Diz assim:
GALEGA - Tchau xixi, vai com Deus!
Eu não aguento né?
Pois num desses momentos, ela empolgadíssima fez tanta força pra sair o xixi, que acabou fazendo cocô. Foi numa sexta feira ensolarada.
Eu aplaudi, dei tchau pro cocô, passei a vassourinha no peniquinho, botei cheirinho e a ensinei a fechar sempre a tábua. Aliás, os meninos também fecham a tábua sempre, tá futuras noras? Menos um problema procês!
E eu pasma, estou lentamente me despedindo das fraldas depois de 1 semana. Ela ainda dorme de fraldas, mas no soninho da tarde não faz xixi e passou 3 noites não urinando na fralda também, só vindo a fazer quando o clima esfriou aqui no Rio.
Ou seja, eu morria de medo das meninas, eu temia ser mãe de menina, eu tinha certeza q não levava jeito pra coisa e hoje a galega está me ensinando que somos mais.
Ela está tirando meu medo, está me dando a mão e me ensinando a ter orgulho dela a cada dia mais. Principalmente, galega está fazendo todo um trabalho de resgate da minha auto-estima feminina, que durante anos da minha vida, vou amassada, embolada e jogada no lixo.
E eu só posso ser grata por isso.