Há quem diga o contrário, mas eu adoro carregar bebê no ventre.
Adoro quando eles nascem e tal... mas não posso mais.
Independente da questão financeira, decidi que não posso mais.
Pela ótica financeira não posso mesmo, mas principalmente não posso mesmo,
porque aqui não há mais estrutura emocional.
Eu sempre fui uma criança xameguenta e emocional.
Quando Engraçadinha-mirim, vivia trepada no colo de algum familiar, fazendo
carinho no rosto, dando beijinho, abraçando até enforcar e dizendo:
caiiinho, caiiinho...
Não tinha quem não gamasse.
Além disso, fui o tipo de criança educada, polida, que sentava com as
perninhas cruzadas, declamava poemas e cantigas, mesmo que dentro de um
ônibus.
Era verdadeira princesa. Primeira filha de Dona Engraçada, primeira neta de
todos os avós, primeira sobrinha dos tios... devia ser um nojo tanta
paparicação.
Mas essa verborragia toda, é só para ilustrar como eu era cercada de
carinhos e mimos.
Com o passar dos anos, a vida foi me dando uns CABOOOONGUEEES no
meio do cabeção e o mundo foi ficando menos cor-de-rosa. Mesmo assim, meus
carinhos ainda tinham endereço certo.
Com os namorados então... putz! Eu era o sufocador.
Engraçadão teve que me educar muito. E francamente eu a ele. Eu, para
desgrudar e ele para grudar mais.
Com o advento de Pacotinho nas nossas vidas, nosssssa, há amigas que dizem
q fiquei insuportável.
Tudo eu chorava. Se tinha cólica, eu chorava e fazia um dramalhão. Se tinha
dor de dente, outra novela mexicana, se se machucava, eu só faltava enfiar
a faca em mim mesma, para solidarizar com a dor. Cará-leo.
Outro dia tive um feedback da Tia Lu, q me fez ver, o quão insuportável eu
fiquei.
Mas tudo melhora. Eu melhorei.
Com o Sr. Cabeça de Bolinha, tudo foi mais fácil, menos dolorido.
Não chorei na primeira cólica, soube passar tranqüilidade prá ele; nas
viroses não perdi a cabeça, pelo contrário, me fortaleci na oração e nos
remédios e funcionou. Devo confessar q relaxei até demais.
Agora, são os dentes que estão saindo.
É foda, cara!
O cerumano nasce para sofrer. Não tem outro jeito. O problema, é q a
maternidade/ paternidade está em conexão, uma quase simbiose com esses
pequenos seres. E a dor que eles sentem, dói na gente. Porque são redondos,
rosados e indefesos.
O Sr. Cabeça de Bolinha, é um cara extremamente bonachão.
É daqueles que se vc falar no timbre de voz certo, olhando dentro dos
olhos, ele abre um largo sorriso de apenas dois dentes e estende as
mãosinhas para te acariciar (não necessáriamente precisa te conhecer). Não
tem quem não se encante.
Início do momento PROVOCANDO ENGRAÇADÃO:
Fim do momento ENGRAÇADÃO DEVE ESTAR PUTO:
Já dá umas gargalhadas, q convida todos a rir junto.
Mas há coisa de uma semana, vem sendo testado na dor.
Dentes estão surgindo e com eles, a febre, a indisposição, a falta de
paciência, a irritação. E dá uma dó do caralho, ver aquele pedacinho de eu,
sofrendo, de mau humor. Imagina um leonino de mau humor! Pois é. Não tem
graça nenhuma. Semana retrasada, foi uma virose q o derrubou. Chegou a 39.4ºC de febre.
Ficamos na vigília, trabalheira, preocupação... aquelas coisas.
Temperatura, pingar remédio no nariz, dar xarope, monitorar a temperatura,
nebulizar... tudo para ele não parar no pronto socorro de novo (é, teve uma
vez, princípio de pneumonia).
Agora, volta a febre, menos alta é claro, mas febre com uma singela corisa.
Diz Engraçadão q já foi embora, mas a febre apareceu por duas vezes hoje.
É por isso que não dá mais.
É triste, eu, mulher, relativamente nova e fértil, determinar q vou fechar
a fábrica, quando ainda me sinto tão grata por parir.
Mas sem estrutura emocional, não se é nada. E eu fico prendendo sabe?!
É como se tivesse prendendo cocô... porque o banheiro está longe?!
Prá não desmoronar, prá não chorar à toa. É o peso da famosa capa da Mulher
Maravilha.
Hoje estou meio manteiga. Estou fragilizada, por talvez ter cedido a vez
prá Engraçadão ficar com o Sr. Cabeça de Bolinha. Não dá prá ficar faltando
toda hora, mesmo sabendo q meu chefe hj não viria.
Ai, ai... é a vida.
A gente está aqui prá aprender, sofrer, sentir dor, com todos os adventos
da materialidade.
Quando eu for espírito, felizmente, sei q esse fardo carnal com todas as
suas implicações, vão dar é dor de barriga nos vermes, mas até lá...
E é por isso q não dá mais, queridos amigos 5's leitores e moscas, baratas
e teias de aranhas, amigas e alfabetizadas. Não serei mais mãe nessa
encarnação.
Desceu o pano.
P.S.: Tathi Bione já foi tarde!
quarta-feira, março 19, 2008
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