Quem me acompanha que nem novela, já me viu usar a expressão Barra (eca!) diversas vezes e não é à toa!
Eu cresci e me criei na zona norte do Rio, me acostumei com a praticidade que essa parte do Rio oferece. Me acostumei a andar de ônibus, mas nem por isso me deparar com má educação. Cresci cercada de cordialidade, observando a evolução do meu Estado querido e mesmo diante da violência e loucura que é viver numa cidade cosmopolita como o Rio, pude observar seu avanço.
No meado dos anos 80, descobri que existia a Barra da Tijuca.
Não por intermédio da praia, como muitos Tijucanos, mas através do shopping.
A primeira vez que fui lá, fiquei meio perdida. Ao mesmo tempo que era belo, era imenso e tão vazio.
Com o passar dos anos e da minha família cigana, acabei me mudando prá Zona Oeste e me tornei meio vizinha do shopping. Meio, porque no circuito Barra - Jacarepaguá, não adianta vc morar do lado. Ainda sim, vc vai andar ao menos 1Km prá tudo.
Na verdade, não estava lá muito preocupada com isso, minha mãe tinha comprado seu tão suado primeiro imóvel. Isso era mais importante que qualquer coisa.
Mas não sou cega. Pude observar, como eram as pessoas.
Os novos ricos, iam prá Barra. Tinha-se dinheiro, mas não se tinha conteúdo. O importante era exibir! O importante era mostrar que é, sem nem ao menos ser.
O importante era arrotar caviar.
Eu vim de outra parte da cidade, estava acostumada com outra coisa.
Na minha infância, por conta da profissão dos meus pais, tive contato com muita gente de grana e muita gente de berço e quem tem, não esfrega necessáriamente. Isso é inerente ao seu comportamente. Ser chique, ter poder e dinheiro, quando se nasce assim, não é necessariamente ostentar.
E a Barra era muito mais ostentação que outra coisa.
A impressão que dava, era que todos os donos de padaria, de supermercado, de açougue, de comércio, de banquinha de camelô, que não tiveram acesso a cultura e ao estudo, mas que mesmo assim, trabalharam duro e enriqueceram, se mudaram prá Barra.
E aos seus filhos, deram tudo do bom e do melhor, antes mesmo d'eles pedirem.
E a noite da Barra, é um verdadeiro berçário.
Meninas, q saem da areia da praia, em seus Audis ou BMW's e cherokees da vida, calçadas nas suas sandálias Manolo Blahnick, se sentindo as donas do mundo, com suas licenças compradas. Enquanto suas mães, não fazem a menor idéia, de prá quem essas meninas estão dando, sim... porque estão muito ocupadas relaxando suas caras no último botox do momento, dentro dos spas dos condomínios.
E assim, esses jovens, têm tudo. Menos amor, carinho, atenção, educação.
Eles têm aula de jiu jitsu, tem viagens anuais aos melhores cantos do mundo, têm tempo de sobra prá fazer a merda que quiserem e sairem impunes. Sim, porque na Barra, o dinheiro compra tudo e manda buscar.
Não me surpreende.
Houve um dia dos namorados, em que Enraçadão vendeu o carro para comprar um modelo mais novo e resolveu comemorar comigo à pé mesmo. Fomos de ônibus, mesmo morando longe.
Fomos prum barzinho em Vila Isabel (Zona Norte do Rio), mesmo morando em Jacarepaguá.
Tendo ônibus a noite toda, era isso que importava: Celebrar.
Jantamos, bebemos, conversamos e rimos muito, depois de empapuçados, resolvemos ir embora.
No ponto de ônibus, sentamos embaixo do abrigo. Só havíamos os dois.
Até que 3 rapazes brancos e de boa aparência, apareceram. Começaram a fazer brincadeiras entre si, dando tapa, imobilizando um ao outro, práticamente expulsando a gente do banquinho do abrigo. Se não nos levantássemos, seríamos atingidos pelos tapas.
Engraçadão é daqueles q quando fecha a cara, mete medo. Ele vestia uma jaquetona larga e se manteve com as mãos no bolso, encarando os caras de maneira ameaçadora. Ainda murmurou comigo, que se tivesse uma arma, eles iam ver só.
Ficamos um pouco afastados dos três, mas observando. Eu reagi contráriamente àquela idéia de arma, alegando q violência não resolve nada e q inclusive, poderia matá-lo.
Quando chegou um rapaz e se sentou no banco, sozinho. Os outros estavam meio espalhados na calçada rindo e brincando daquele jeito.
O rapaz era sarará e estava na dele, igualmente aguardando o ônibus.
A essa altura, o ponto já estava com mais gente, mas as pessoas nem pareciam estar no ponto, porque estavam bem distantes. O único embaixo do abrigo, era o cara sozinho.
Pois os três se aproximaram, dois foram atrás dele e um sentou ao seu lado.
Um dos que estavam atrás, deu uma gravata no rapaz, derrubando-o do assento, pisou em sua garganta, equanto os outros dois esmurravam seu rosto. Ele nem teve tempo de entender.
Eu que não sou dessas, fiquei completamente histérica, gritando pára, enquanto Engraçadão me segurava. Um dos que espancavam, saiu dali e chamou um taxi, enquanto os outros dois socavam e chutavam a vítima. E o ponto de ônibus, ficou paralisado.
O táxi chegou, dois entraram e o que aparentava ser mais velho abriu os braços na nossa frente e perguntou:
- Alguém se habilita? Alguém se habilita? Então ninguém viu nada.
Colocou o indicador sobre os lábios e fez:
- Shhhhhhhhhhhhhhhh!
Entrou no taxi e foi embora.
Eu não conseguia parar de chorar e Engraçadão disse o que teria feito se tivesse armado. Socorremos o rapaz e esse foi o pior dia dos namorados que tivemos.
Ele felizmente, alegou q tinha bebido tanto, que nada sentia. Bendita manguaça, mas sei q no dia seguinte, ele mudaria de opinião. Tadinho, ficou com o rosto bem prejudicado, mas felizmente, não quebrou nada. Acho que foi Deus.
Os três seres ignorantes, podem ter ido prá qualquer lugar. Méier, Tijuca, Rio Comprido, Jacarepaguá, Barra da Tijuca, ou mesmo pro inferno que devia ser o lugar deles.
Duvido que os pais saibam que um dia, seus filhinhos amados fazem quando se juntam na noite. A menos que algum mais esquentado e armado, fizesse o barulho que Engraçadão não pôde fazer!
E ontem, o Brasil todo ficou sabendo o que 5 moradores da Barra da Tijuca, fizeram com a doméstica, q consideravam ser uma prostituta. Nem q fosse...
Não eram os mesmos, mas tinham o mesmo perfil.
Jovens que tem tudo, pais que não conhecem seus filhos mas dão de tudo antes mesmo d'eles pedirem, jovens, que talvez não tenham atenção nem tenham freio.
O único pai q deu entrevista, disse que não entendia. Que seu filho trabalhava, estudava e q muitas vezes, voltavam juntos do trabalho. Mas será q ele conhecia realmente o filho? Será q ele sabe com quem esse filho anda? Será q ele bota freio? Investiga o q seu filho faz na internet? Eu não creio.
Ele nem conhece o filho q tem...
Ou será que esse filho, dissimulado como é, mente 24h por dia, a ponto de ludibriar a família toda, por tanto tempo? Será q ele tem mesmo esse poder?
Não importa se é menino ou menina. Filho, q estiver debaixo do meu teto, será observado até a maioridade penal. Acho q serei aquela mãe cri-cri. Não tem jeito. Seremos o tipo de pais, q vai conhecer amigo e família do amigo, q vai buscar na noite, q talvez os deixem constrangidos, mas de tudo faremos para saber quem é o cara que está crescendo debaixo do nosso teto.
Que Deus nos ajude!
Que sejamos firmes e atentos.
Perdoe Dani, se ainda não deu prá falar de amor.
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Há uma semana
4 comentários:
Oi Engraçadinha,
seu post é antigo, mas tão atual. Eu morei na Barra por um mês. Queria ficar lá porque era perto da minha mãe que tava doente e eu podia visitá-la todo dia. Fui morar num condomínio chamado Riviera...favela riviera seria o melhor nome daquilo lá. Gente muito escandalosa, histérica e preconceituosa. Eu entrei com a minha sobrinha no elevador, ela é negra, seu pai é um afro-americano de quase dois metros de altura, quando falei com ela em ingles porque ela nao nasceu aqui e veio visitar a avó que estava falecendo, eles começaram a rir. Imagina só a situação e uma disse ainda "nego que quer ser gente tem que enrolar a lingua!" Além de terem controlado ela no onibus do condominio, mostrarem o elevador de serviço pra ela e etc.. foi horrível. Minha avó mora desde os anos 60 na Barra, mas se arrepende de não ter se mudado pra Ipanema ou pro Leblon como as suas irmãs fizeram. Meu marido mora no Méier e eu me sinto tão bem lá, a Barra é tudo que você falou e infelizmente muito mais. Eu também odeio a Barra e fico contente de encontrar gente que também pensa assim, porque a maioria diz que eu exagero.
Anigos
Quero ver ate quando vai durar...ontem quando fui a Feira da Providencia me dei conta da quantidade de imoveis vazios na Barra e Recreio, quanta gente teve imoveis retomados por não poder pagar o sonho de morar em local pareciudo com Miami mas com nivel de inadimplencia altissimo !!!
Carros são retomados tambem..ha muita droga nos condominios, gente alcolizada aos 11, 12 anos...suicidios,,,muitas separações
Pessoal da Zona Sul ODEIA a BARRA e REcreio não vão la nem mortos...vamos ver quanto tempo vão durar os shoppings novos, olhem os que ja existem
Em breve se transformarão em www.deadmalls.com
obrigada, abraço grande a todos
O mesmo ódio que você tem da Barra, eu tenho da Tijuca. Na Tijuca só tem fudido igual a você e a esses dois comentários acima.
#1 : Quem nasce para ser Barra-Tijuquista, jamais será Seans Pena...hahahahaha
(#2 /off-post : Sou um decepcionado com o Méier, principalmente a parte mais perto do Água Santa...Porém moro onde nunca haverá doutor(a)-acadêmico(a)...)
(#3 : sou um decepcionado com o Leblon, de lá pode/m ser/em ouvido/s tiroteio/s...)
#4 : Uma vez eu precisei das Estações Jardim Oceânico, porém nunca vou tentar interesse pela co-sede da IBMEC-RJ !!!!!
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