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quinta-feira, dezembro 18, 2014

HOJE, 18 DE DEZEMBRO É ANIVERSÁRIO DE BRAD PITT


Ontem por meio do facebook de uma querida amiga, vi uma reportagem muito de relance, onde aparecia Brad Pitt e os filhos. Dentre eles, um lourinho de olhos azuis, lindo demais, trajando terninho assim como os outros irmãos na pré-estreia do filme Invencíveis, estrelado pela mamãe, Angelina Jolie.

Até fiz um comentário safadeenho no post da amiga, dizendo que a Dona Miúda ia beijar mooooito o filho em questão, quando me detive na legenda da foto e perplexa, li que se tratava de Shiloh Jolie-Pitt e não de um menino. 

Hoje, papai Brad completa 51 anos e muito me deixa orgulhosa sua postura diante do figurino e da escolha da filha biológica. Sim, a verdade foi dita diante de todos. Shiloh não se reconhece menina e prefere ser chamada de John. Simples assim. 

Que outra atitude um pai amoroso teria diante da imprensa inteira? Vergonha da própria filha? Esconderia e tentaria forçá-la a pôr um vestidinho para parecer menina diante da sociedade? 
Não né? No amor não cabe isso. Apesar das pautas dando conta de que para ele foi difícil ver sua esposa jogando a preferência de sua filha em vestir roupas masculinas no ventilador, (sou capaz de entender ambos), o posicionamento de Angelina em entender e aceitar mais rápido, é típico das mães. Se fosse comigo, talvez fosse tão prática quanto.

E é admirável o quanto esse casal está sabendo colocar o amor, a sinceridade e a verdade na frente de tudo, não importando o que as más línguas hipócritas dirão. Elas não pagam as contas, elas não ajudam na criação de seus filhos e não limpam o bumbum das crianças entre uma refeição e outra. As más línguas só podem falar e destilar veneno, unicamente.

É um fenômeno e está acontecendo agora nas melhores famílias. Não se trata de pecado, não se trata de abuso sexual na infância, nem de perda da inocência. Tanto não se trata disso, que justamente por serem inocentes, as crianças têm a sinceridade de assumir suas identidades. É natural para eles como um tênis que está apertado no pé e não serve. 

Assim como aqui em casa minha galega aos dois anos chorava muito diante da minha recusa, pois queria pôr um vestido rodado de festa ao chegar da escola para ficar em casa, imagino Shiloh reclamando que não queria usar vestidos na mesma idade. E se repararmos bem as fotos nos sites de notícia, a última ocasião em que trajava vestidinhos, data da época em que ainda andava no colo dos pais. Logo que cresce, não mais. Só shortinhos e bermudas, além do cabelo curto.

O que dirão os conservadores hipócritas? Que partiu do casal vestir a menina como menino? Que se trata de marketing? Que a garota está sendo forçada? Que será a nova Thammy? E se for? Ok que Gretchen sempre foi chegada a atenções da mídia, no entanto sempre deixou claro seu amor incondicional e apoio a filha, demonstrando com isso que cabe aos pais amar e desejar a felicidade do filho somente. Já existe toda uma sociedade para avacalhar e tacar pedras. Esse papel não pertence a nós pais. Portanto o amor que a gente sente, está acima de qualquer orgulho ou egoísmo diante dessa realidade. Nossa ética inclusive nos impele a apoiá-los em casos assim e isso não é feio ou pecado. É exemplo a ser seguido.

Fiz questão de nesse post não incluir nota de especialista algum para embasar minha opinião, nem psicólogo, nem advogado, nem terapeuta holístico, nem espírita ou protestante, porque se trata da minha opinião e felicidade em compartilhá-la com meus leitores. Eu penso desse jeito e acho importante mostrar que influenciadores como Brad Pitt e Angelina Jolie estejam dando um belo chute no preconceito e na homofobia. 

Desde muito antes de termos filhos, Engraçadão e eu sempre concordamos em duas questões bastante polêmicas: o que faríamos em caso de uma gravidez inesperada ou se algum de nossos filhos fosse gay ou transsexual. Nos dois casos sempre fomos a favor da vida e do amor, independente de como viessem nossas crias.

Daí que no post de ontem, primeiro morri de vergonha, porque claro, meu fogo diante de um par de olhos azuis de cabelo louro me fez prometer minha filha para a criança em questão, que é linda. Depois de ler melhor o artigo, confesso que se Dona Miúda se encantasse por alguém do mesmo sexo, eu a apoiaria incondicionalmente desde que essa pessoa a amasse e respeitasse do mesmo jeito. E isso independe de gênero. 

Por tudo isso, canto parabéns de pé para Brad Pitt, cinquentão suspirado por balzacas e pós-balzacas; homem esse que mostra ser lindo não só por fora como por dentro, paizão maravilhoso e acredito, marido idem. O fato de Angelina Jolie tê-lo escolhido como homem para dividir uma vida, além de ele ter tido a coragem de trocar uma vida fútil e vazia para assumir uma mulher de fibra e personalidade, só faz aumentar minha admiração pelos dois. Eles realmente se merecem.

Brad, parabéns a você, nesta data querida, muitas felicidades e muitos, muitos anos de vida.

quarta-feira, dezembro 10, 2014

ENTREVISTANDO MANGUEIRINHA - MESTRE DE BATERIA DO PROJETO TIM


“Não dou mole pra criança nenhuma não!” – MANGUEIRINHA, DIRETOR DE BATERIA DA UNIDOS DE VILA ISABEL E IDEALIZADOR DO PROJETO BATERIA DE JOVENS SURDOS TIM
Filho do samba (o pai foi intérprete e compositor de escolas de samba e a mãe, integrante da ala feminina), tendo crescido em Vila Isabel, desde pequeno Carlos Henrique da Silva Vicente, o Mangueirinha deu os primeiros passos no mundo do samba através da bateria mirim da escola de samba Unidos de Vila Isabel.

Apesar de jurar que o voluntariado não foi aprendido em família, faz questão de enfatizar que aprende mais com os alunos do Projeto Bateria de Jovens Surdos patrocinado pela Tim, do que ensina. Carioca, morador do Morro dos Macacos, Vila Isabel no Rio de Janeiro, desde a mais tenra idade esteve em contato com o mundo do samba. Foi através de um projeto social que aos 6 anos aprendeu a tocar o primeiro instrumento. Hoje, se torna um multiplicador da experiência que viveu. Além de diretor de bateria pela escola de samba Unidos de Vila Isabel, está envolvido em diversos grupos de percussão dentro e fora do samba. 

E não para por aí, ensina o ofício a crianças carentes com e sem deficiência pelo Rio, inclusive no Centro Municipal de Referência da Música Carioca

Nessa entrevista, Mangueirinha fala da sua infância, de seus influenciadores e mestres e garante: “Sou um cara muito rígido com meus alunos!”

Flavia Moura – Como foi a relação com o samba na sua família?

Mangueirinha – Meu pai nasceu na Mangueira. Quem era ligado a Mangueira era meu avô, que saía numa ala tradicional da escola de samba. Quando meu pai foi morar em Vila Isabel... Pô, é estranho... Meu pai quando foi morar lá (em Vila Isabel), ele disputava samba enredo na Vila, mas foi integrar o Salgueiro. Ele foi diretor de harmonia no Salgueiro e tinha uma ala também! Na Vila, ele tinha uma participação no canto. As pessoas o chamavam porque interpretava muito samba dos outros e compunha também, porque tinha uma boa voz e o pessoal sempre o convidava, não só na Vila, como em outras escolas. Aí logo depois, quando eu cresci e comecei a desfilar na bateria mirim, ele veio pra Vila pra eu não ir sozinho. Aí, ele e minha mãe montaram uma ala na Vila e passaram a diretores de harmonia na Vila. Ele como diretor de harmonia e ela no departamento feminino.

FM – E essa parte de se dedicar a projetos? Foi aprendido na família ou você foi pioneiro no tocante ao voluntariado?

Mangueirinha – Ah, o meu pai era muito festeiro. Tinha grupo de mulatas, era mestre de cerimônias de blocos, apresentava os blocos, convidando os outros... mas essa veia de projeto, veio da bateria mirim que eu comecei. 

FM – E os demais projetos, as pessoas iam te chamando ou foram acontecendo? 

Mangueirinha – Então, eu ingressei nessa bateria mirim, aí só tinha uma bateria. Aí em 1988, essa bateria deu vida a uma escola de samba mirim. Eu era ritmista dessa escola de samba mirim e fui fundador dessa escola de samba mirim, né? Daqui a pouco eu passei a ser mestre dessa bateria e escola de samba mirim. Aí foi começando, eu fui pegando experiência com isso e as portas se abrindo pra mim. Aí comecei a dar aula ali, comecei a dar aula aqui... foi assim.

FM – E você sente frio na barriga quando vai liderar uma nova turma? Tem esse lance de ficar nervoso como no dia de estreia?

Mangueirinha – Tem, tem. Porque se você não ficar nervoso e não sentir o frio na barriga, a coisa não tá normal. Tudo o que é novo, você tem certa dificuldade né? Aí sempre tem esse lance de ficar nervoso, a boca seca... é a adrenalina né? Enquanto isso acontecer é porque você tá funcionando! No dia que isso parar de acontecer, você não tá funcionando mais. 

FM – A gente sabe que adolescente tem aquela fase tinhosa e aqui (no Centro de Referência da Música Carioca onde acontecem as aulas do projeto) a gente vê que tem as crianças menores e os adolescentes. Eles te dão algum tipo de trabalho ou seu carisma encanta até eles?

Mangueirinha – Olha, graças a Deus eu tive uma educação muito boa, tanto pelos meus pais, quanto meus avós. Fui criado pelos meus avós, porque meus pais tinham que trabalhar, mas eu tive uma professora particular antes de ser alfabetizado, porque eu morei no pé do Morro dos Macacos e tinha uma senhora chamada Dona Belinha, que todo mundo passava por ela, antes de ser alfabetizado. E ela era uma pessoa muito rígida, então fez parte da minha educação. E o outro mestre de bateria, o mestre Trambique, também era muito rígido. Então eu me vejo neles. Essa rigidez toda que eu tenho com as crianças, eu me vejo neles, mas eram pessoas também muito carinhosas. 

Essa dona Belinha, caraca, era uma senhorinha... Nossa Senhora! O morro todo dos Macacos e Pau da Bandeira passaram por ela. Num quadro negro só, ela dava aula do Jardim à 8ª série. Só num único quadro. Eu nunca vi isso. Hoje você tem amplas formas de educar e na minha época, era uma cartilha do ABC e ela muito rígida e ao mesmo tempo carinhosa. Eu trato as crianças assim. Eu sou rígido, falo a verdade pra eles, eu não conto mentira, porque também nunca me contaram mentira... eu os trato assim. Não dou mole pra criança nenhuma não! Aquele que tá titubeando um pouquinho, saindo da linha um pouquinho, eu vou pra cima dele firme e falo a verdade.

FM – Como foi que você aprendeu a ensinar de maneira diferenciada as crianças com deficiências diversas (visual, auditiva) e até as mais graves, como algumas crianças com deficiência mental que frequentam esse espaço? E você coordenando isso com maestria. Você aprendeu ou foi instintivo?

Mangueirinha – Olha de fato eu nunca trabalhei anteriormente com crianças com deficiência. Eu tive vontade de fazer esse projeto para crianças surdas, falei com meu coordenador, que me apoiou; fomos pra um colégio trabalhar. A primeira semana muito complicada, porque eu não sabia libras; a segunda semana continuou complicada e a terceira também. Eu fiquei um pouquinho desesperado porque tava entrando num mundo novo. Foi quando a diretora do colégio falou pra eu manter a calma, que quando menos esperasse ia ter uma resposta. Quando eu menos esperei tive a resposta de um, aí veio outro e foi dando uma resposta. Aprendi mais com eles, do que eles aprendem comigo e continuo aprendendo com eles. 
Cada criança com uma deficiência diferente que hoje chega, eu aprendo. Eu deixo eles. Cada criança tem seu tempo e você tem que respeitar isso, então eu deixo eles livres, bem a vontade e vou aprendendo e vou tirando deles o que eles têm de melhor. Eu não forço nada, eu os deixo à vontade. O projeto é de integração, né? Então eles têm que se sentir bem. Eles se sentindo bem, eu aprendo com eles e eles aprendem um pouquinho comigo. É uma troca.

FM - Você já tem algum projeto pra 2015, depois que passar o carnaval?

Mangueirinha – Não. Projeto é continuar aqui, no projeto da TIM porque eu acho que é importante pra caramba. Sem a ajuda deles como parceiros eu não conseguiria. Porque as crianças com deficiência necessitam, os pais... e eu tenho que dar um conforto a eles. Porque não tem como você dar aula ou fazer qualquer coisa pruma criança sem dar o mínimo de conforto. Eles têm que ter um lanche, eles têm que ser bem tratados, os instrumentos tem que ser de qualidade, porque não basta só a sua boa vontade, mas você tem que ter parceiros que possam te ajudar e você possa caminhar. Porque sozinho você também não é nada!

Serviço: O projeto da Bateria de Jovens Surdos TIM está em recesso em função das férias escolares. Trata-se de um projeto gratuito de integração, que voltará suas atividades no dia 16/01/2015. Para inscrever-se basta entrar em contato pelo telefone (21) 3238-3831.
O Centro Municipal de Referência da Música Carioca Arthur da Távola fica situado à R. Conde de Bonfim, 824 - Tijuca, Rio de Janeiro - RJ, 20530-002

sábado, dezembro 06, 2014

INTRODUZINDO A MÚSICA NA VIDA DAS CRIANÇAS - PROJETO BATERIA DE JOVENS SURDOS TIM


Jenniffer Alexia
Roxana tem três filhos: Jenniffer Alexia, Johnathan Carlos e Rupert Augusto. A rotina deles é incrível! Acordam, vão à escola, às tardes Jenniffer  toma aulas de ballet, piano, inglês e francês em dias alternados. Já os meninos, Johnathan e Rupert vão ao futebol, inglês, tênis, natação, alemão e mandarim também em dias e horários alternados. Nos finais de semana recebem os amigos em casa, fazem programas ao ar livre com os pais ou vão ao teatro e cinema não necessariamente nessa ordem. São crianças cultas, educadas e inteligentérrimas.

Esse cenário lindo, de sonho, magnífico e quase real não fosse uma diferençazinha básica. As crianças não têm esses nomes, seus pais não são abastados e suas rotinas escolares estão tão, tão distante disso, que chega dar dó. Nossos personagens são na verdade Dona Miúda, Sr. Cabeça de Bolinha e Pacotinho, nossos velhos conhecidos, cuja vida escolar e extra-curricular é bem menos abastada que da descrição acima. Uma pena.

Johnathan Carlos
Mas isso não é desculpa. Os pais dos nossos personagens são pessoas atentas, que na medida do possível, tentam introduzir riqueza cultural na vida das crianças. Papai e mamãe estão sempre de olho no que rola pelas redondezas e se a palavra incluir 0800 no meio então, melhor ainda! Papai no setor de esportes e mamãe mais voltada para cultura e entretenimento. 

Foi assim que a gente descobriu a Biblioteca Parque, foi assim que descobrimos parques abertos, levamos à praias não frequentadas usualmente e cursos e mais cursos perto de casa.

O fato de os dois meninos serem alunos da rede pública é um facilitador. Enquanto uma parcela da população está se fodendo pra pagar cursos extra-curriculares na rede particular, ou dando metade da carteira para que seus filhos façam outras atividades fora da grade na própria escola, aos alunos da rede pública quase tudo é oferecido de graça. 

Rupert Augusto
A escola de Pacotinho é um bom exemplo disso. Para alunos de 6º ano esse ano, foi oferecida bolsa de 3 anos no IBEU, também a SOS Computadores andou visitando a escola, oferecendo bolsa para dois cursos. Claro, o objetivo era vender outros cursos, no entanto, nós que somos verdadeiras esponjas, colocamos Pacotinho para fazer as aulas gratuitas.

Minha introdução tá muito longa. Nem era tanto sobre isso que queria falar. Hoje, quero apresentar o Centro Municipal de Referência da Música Carioca. Nome gigante, espaço lindo e o melhor, aberto à comunidade. 

E quem disse que a comunidade está sabendo o que rola ali? Nos fins de semana, você encontra nomes da MPB em apresentações a preços módicos. Em sua maioria são nomes expressivos do samba carioca, ou da música instrumental. Contudo, a menina dos olhos são as oficinas. Só esse ano, três oficinas foram abertas para a criançada e garanto a vocês, vem gente de tudo o que é quinze bandas. A sensação que eu tenho é que vem mais gente de longe, que das redondezas.

Infelizmente Dona Miúda fica fora dessas atividades porque é muito pequena, no entanto, os garotos à partir de sete anos já conseguem tocar um instrumento musical, para orgulho da mamãe, que claro, fica "soltinha na roda da ciranda!" Se eu pudesse escolher a profissão dos meus filhos, coisa que não me cabe, certamente gostaria que fossem músicos, chef de cozinha, modelos internacionais sim, ou atores de sucesso, ou cantores de sucesso - notem, estou excluindo a ala pobre, porque na minha cabeça eles são bem sucedidos e podres de ricos fazendo o que gostam! - mas a verdade é que vou apoiá-los no que quiserem ser. Só não podem ser bandidos, políticos corruptos (pleonasmo ou cacofonia?) e/ ou vender o corpo, o resto eu deixo.

Pose pra foto antes da apresentação do Sheraton
Daí, que esse ano tivemos a Bateria de Jovens Surdos da TIM, que consiste num projeto de integração entre meninos com e sem deficiência. Projeto maravilhoso, inclusivo, com resultados emocionantes, que me levou a entrevistar o diretor de bateria da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, Mangueirinha, que coordena o projeto (publicarei aqui em breve); teve também o Coral da Palavra Cantada, cujo nome é autoexplicativo e agora no segundo semestre abriu uma turma com aulas de gaita.

O Coral foi um projeto grandioso que culminou na apresentação das crianças numa casa de show no último domingo, com a participação dos integrantes do Palavra Cantada. 

Fazendo a pobre, tirando foto no banheiro do Sheraton
Eu toda serelepe no tempo das audições inscrevi Pacotinho (sob protestos) e o Sr. Cabeça de Bolinha, pois já havia percebido certa afinação na voz. Todavia, eles escolheram apenas um dos meninos e como Murphy não dorme, nem tira férias, o escolhido por timbre de voz e idade, foi Pacotinho. 

Infelizmente, eles escolheram errado. Pacotinho foi por dois meses e por conta do horário da escola, acabou caindo numa turma onde a faixa etária era bem menor que a dele. Moral da história, não aguentou e pediu pra sair zero dois. Minha cara apesar de ter sido arrastada na medina, não podia forçar o garoto a fazer algo contra a vontade.

Nesse ínterim, eles levaram a Bateria de Jovens Surdos com bastante seriedade, com chuva ou sol, todo sábado, quase quatro horas de ensaio sem pestanejar. Eu já vi e fotografei alguns e posso garantir que só amando muito. A técnica utilizada pelo mestre é bastante cansativa. Primeiro ele treina passada. For dummies, significa que as crianças ficam marchando para garantir o ritmo. A classe é composta por crianças com diversas deficiências, entre elas, visuais, auditivas, da fala, autistas e outros que só no olhar não dá pra identificar, além das crianças sem deficiência. Então, para colocar todos no ritmo é através da passada que eles marcam, depois, é passada e palmas, cada um fazendo o som que fariam com o próprio instrumento e por fim, os instrumentos entram em cena. No último ensaio que fui, pra vocês terem uma noção, só de olhar cansei antes de eles pegarem os instrumentos. Não, não é coisa para fracos, tem que gostar muito.

É claro, o patrocínio não está ali de enfeite. Garante instrumentos de qualidade e lanche todo sábado para as crianças. Muitas vem de bairros longínquos e nem sempre se alimentam antes de sair de casa.

Agora com Jojô do Agogô
Fato, é que a bateria evoluiu e um danadinho que tem se mostrado um talento é o Sr. Cabeça de Bolinha, que já no primeiro dia ganhou o nome de Jojô do Agogô. 

No último fim de semana pude conferir a performance. No primeiro para os familiares e no domingo a apresentação foi no Sheraton Hotel, para os executivos da TIM. Ali eles tocaram samba, pagode, xote, ciranda e ainda rolou a performance do Zé, um menino que faz um solo de arrepiar, puxando a bateria com a caixa. Ele sola e a bateria responde. Coisa de louco! Emociona, arrepia e dá vontade de uivar pro Zé. Pena que tenho poucos minutos de vídeo pra mostrar a vocês. 

Em rápida conversa com o mestre, descobri que Jojô do Agogô tem realmente um ouvido musical e não era só impressão minha! Nosso Cabeça de Bolinha será apresentado à caixa, instrumento tocado pelo irmão de 12 anos. O garoto é danado. Ele leva o agogô sem errar e quem pensa que agogô é fácil, está enganado. Apesar de ele tocar o mais simples, não é só sair batendo. Tem o tempo certo de cada música e o garoto faz certinho, sem errar e ainda ajuda os que estão chegando. Portanto, quando se pergunta o que ele quer ser quando crescer, o moleque já responde: músico e jogador de futebol (lado paterno).

Nem precisa dizer que minha baba tá escorrendo pela via pública. Além da bateria, esse menino faz aulas de gaita, tudo de graça e no mesmo local. Ou seja, se depender dele, vai prestar vestibular pra Villa Lobos, que seria a federal de música daqui do Rio.

E com isso, eu me despeço de vocês com coração mais leve, porque é como diz minha querida amiga ainda virtual, Ane Brasil, 'Com o andar da carroça, os melões se ajeitam'. Sabedoria popular é co nóis!

Para dar um confere na performance do Zé arrepiando com os meninos e puxando a bateria, clique neste link. 
Cardíacos, se segurem nas cadeiras.



 

terça-feira, dezembro 02, 2014

TÉDIO INFANTIL. TÁ FALANDO SÉRIO?


Tem acontecido um fenômeno aqui em casa, que eu gostaria de dividir com vocês. Chama-se TÉDIO.
Mas, péra! Essa palavrinha não deveria aparecer mais tarde? Pois é, concordo em gênero, número e grau. Devia aparecer mais tarde. Acontece que tem acontecido cada vez mais cedo, ao menos lá em casa e o último acometido foi meu filho do meio, de 7 anos, o Sr. Cabeça de Bolinha.

Essa semana, mais precisamente ontem, foi seu primeiro dia de férias. Imaginem vocês, o bichinho trancado num apartamento, cujos irmãos ainda cumpriam horário escolar e ele lá, à toa, de férias e pra piorar, de castigo por dois dias, cumprindo medida disciplinar longe do computador, seu maior objeto de desejo na casa.

O Sr. Cabeça de Bolinha é dos que aprecia um bom quebra-cabeças, também adora dar porrada nos bonecos que tem, fazendo altas lutas entre eles, adora dar bolada na parede do play e fazer meu cesto de roupas lavadas de cesta de basquete. Mesmo assim, ontem foi acometido de um tédio tão grande, que danou a atazanar o juízo da avó.

Dando um rolé pela internê, encontrei duas leituras interessantes que abordam esse assunto. Uma, foi a entrevista com a psicóloga e pedagoga Clarice Kunsch e a outra, foi no blog Escolha Sua Vida, no entanto, as duas fincam o pé no sentido de que os pais estão enchendo seus filhos de atividades e que esse tédio seria provocado por nós (resumindo o resumo) em decorrência desse excesso.

Sinto muito, eu discordo. Meus filhos não têm excesso de brinquedos, não têm excesso de atividades extracurriculares, meus filhos são retardatários em acesso à tecnologia se comparados com os filhos dos outros, porque somos adeptos do caminho do meio. Nem tanto, nem tampouco. Então de onde vem esse tédio todo?

Noto uma violenta diferença com o que ocorre entre meninos e meninas, isso sim. E como possuo os dois exemplares, fica mais fácil comparar, apesar de a pequena ser muito pequena ainda para entrar nessa ciranda. Mas não está imune, só não foi acometida pelo famigerado tédio.

Essa diferença tem mais a ver com o tamanho da criatividade de cada um. Pacotinho é um que possui imensa dificuldade em criar. É ótimo comunicador, ótimo mestre de cerimônias, desde que esteja em grupo. Sozinho, é o primeiro a se entediar. Precisa de um acessório nas mãos ou da atenção dos pais para se divertir, o que eu lamento muito, já que nem sempre que ele quer estamos disponíveis. Ontem foi outro que me perturbou a paciência, porque sendo seu último dia de aula, ele já queria se mandar de casa pra casa de algum amigo, a fim de gozar as férias. 

EU QUERENDO APERTAR O PESCOÇO - Péralá, menino! Mas suas férias nem começaram direito e você já está sofrendo?

Já o Sr. Cabeça de Bolinha consegue usar a imaginação quando brinca com seus bonecos ou inventa jogos de futebol imaginários no play e chego mesmo a compreender seu tédio. Ele já havia feito algumas coisas e estava genuinamente sentindo a falta de alguém pra brincar.

Com Dona Miúda o babado é um pouco diferente, pois ainda não sofre tanto. Mentira. Domingo ela pediu pra ir brincar na casa de duas amigas, que infelizmente já tinham outro compromisso. Ainda assim, a galega brinca sozinha ou com os irmãos, fala sozinha e inventa historinhas do alto de seus 4 anos, pega os livros e mesmo sem saber ler, faz de conta que sabe e cria as próprias histórias. Ou seja, a imaginação faz com que ela se baste na maioria das vezes.

Portanto, não chego a discordar dos exemplos citados pelos artigos que li, o que não concordo é que isso seja uma regra, mas o fato de que quanto menos imaginação, ou criatividade a criança tiver, mais cedo, infelizmente o tédio há de chegar. E que Deus nos ajude!
Fonte: Geração Tédio - Revista Educação 
As crianças precisam de mais tédio - Site Escolha Sua Vida

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