A grande maioria das pessoas anda a carregar uma malinha pra cima e pra baixo. A gente acorda, faz o asseio matinal, se arruma para sair e nunca, nunca, esquecemos da malinha. A gente esquece fone de ouvido, aquele batom de que mais gosta, a gente esquece nossa música predileta, bem como coisas importantes que vamos utilizar durante o dia, mas a danada da malinha, jamais! E não pense você que estou exagerando! A malinha tem até nome. Chama-se preconceito.
As pessoas um pouco mais esclarecidas podem pensar que o preconceito vem apenas de cima. Mentira. Ele é multidirecional. Vem de um lado, do outro, de cima e pasme, de baixo também. Das maiorias e minorias, ou dos que pensam que não julgam.
Tenho visto muita gente carregando malinha nessas andanças pelas escolas públicas. A primeira a carregar a malinha fui eu. Ex-aluna, não sou do tempo das greves, mas sofri bullying. Portanto no meu juízo, julgo que é mais fácil você tomar porrada na escola pública, que na particular. Ainda mais em tempo de web onde geral sai na porrada e pede prum corno qualquer filmar a briga.
Um dia na 19ª delegacia resolvendo assuntos de fraude, me aparece uma menina com a cara tão arrebentada, que eu mal conseguia encará-la. Pois é, ela sentada ao meu lado, estava triste de admirar. Adivinha qual uniforme ela vestia? De escola pública. Nessa hora, tocou o alarme da minha malinha (sim, todas vêm equipadas com esse componente, que desperta ao menor sinal preconceito).
Só que mais de 20 anos se passaram de lá pra cá. Sem contar que vivi boas experiências também na escola pública, assim como meus queridos leitores que aqui estiveram prestando solidariedade, além do post que fiz no Facebook.
Vou enumerar aqui os três dias de rolézinho para conhecer as escolas, bem como meu estado de espírito em cada um deles, o que desconfio, fez toda a diferença... ou não! As escolas que visitei estão todas concentradas na Tijuca, portanto querido leitor, se você mora em outro bairro não posso ajudá-lo. Apenas com o método que adotei, com nossas experiências. No entanto, você terá de fazer do seu jeito, caso resolva matricular seus filhos na rede pública de ensino.
1º dia - 3 Escolas - Eu, a chorona
Estava mega fragilizada por conta do chororô de Pacotinho, então confesso ter desmoronado na frente da inspetora de uma das escolas, o que de certa forma ajudou, já que elas resolveram me dar dicas preciosas sobre algumas instituições das cercanias. Preciso eleger 3 escolas em ordem de prioridade.
Vamos enumerá-las:
1ª Escola: Nave (Núcleo Avançado em Educação) - Rua Uruguai
Essa escola tem um nome, mas eu não prestei muita atenção, porque todo mundo chama de Nave, graças a um projeto tecnológico da Oi, que em parceria com a Prefeitura ou Governo do estado, oferece formação técnico para o Ensino Médio.
A escola é toda novinha e conta com instalações modernas e informatizadas, voltada para área tecnológica, artes e mídias sociais, .
Não entrei, mas já havia visitado num dia em que minha irmã palestrou lá.
Infelizmente meus filhos estão fora do perfil para estudar lá, por enquanto.
2ª Escola: Almirante Barroso - Rua Torres Homem
Bati na porta alternando entre olhos marejados e picos de coragem.
A equipe que me atendeu foi muito solícita, me deram todas as dicas acerca da data de matrícula, o site que deveria entrar e outras escolas que deveria procurar e que apresentam um ensino de qualidade, na opinião deles. Gostei muito dessa escola, mais pelo atendimento. Não visitei as instalações, nem obtive informações acerca de merenda, uniformes, nem conheci as salas. Vai do 1º ao 6º ano apenas e se colocar Pacotinho esse ano, no próximo terei de peregrinar novamente em busca de uma nova.
Portanto, essa vai ficar em 3º lugar para Pacotinho, na nossa lista de prioridades;
3ª Escola: Barão de Itacurussá - Rua Andrade Neves
Cheguei lá desmoronando mesmo, ao contar sobre os meninos. Claro, fui interpretada com a velha malinha ao lado. Só que não chorava por detestar a rede de ensino, mas pela dor de Pacotinho ao ter de se afastar dos amigos, etc. Foi bom, porque a secretária me levou à diretora que me passou algumas escolas de sua confiança, que apresentam um bom sistema de ensino, que são um pouco menores e apresentam IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em bom nível.
Essa escola é muito bem falada entre os meus conhecidos e era a única que possuía referência. O melhor dos mundos seria colocar os meninos lá, infelizmente, não tem vaga para o 6º ano já que das três turmas que haviam de 5º ano, apenas duas de 6º foram abertas. Ela iria para o topo da minha lista de imediato, se eu não tivesse visitado outras.
Não conheci as instalações. Estava abalada e sem pensar direito. Contudo, essa escola é tombada pelo patrimônio público e tem uma bela estrutura, apesar de mal cuidada, não por culpa dos funcionários e frequentadores né? Mas porque dependem da prefeitura se coçar para promover benfeitorias.
Ela ficará em 1º lugar para o Sr. Cabeça de Bolinha, na minha lista de prioridades.
2º dia - 3 Escolas - Eu, a esperançosa
Estava mais animadinha para visitar as escolas. Várias amigas e amigos deram dica, além dos funcionários das escolas que visitei. Dessa vez, levei a família toda, só que apenas Pacotinho e Sr. Cabeça de Bolinha me acompanhariam, enquanto Engraçadão tentava estacionar. Aliás, a Tijuca está ficando igual à Ipanema em termos de estacionamento. Só fazendo pacto com o catiço pra conseguir vaga!
1ª Escola: Laudímia Trotta - Fundos para Av. Maracanã
Pacotinho afoito foi andando na frente e fez careta assim que entrou. O pátio contorna todo o prédio e encontramos as latas de lixo padronizadas pelo caminho, dando péssima impressão. Ele imediatamente disse um sonoro não gostei! sem nem mesmo ver o restante (olha a malinha aê mermão!).
Fomos recebidos pela Vice-Diretora Lígia, que tratou de promover o city college conosco. Levei os três, então vocês imaginam a balbúrdia. Achei a escola um pouco escura, mas em tempo de férias, estão pintando e instalando novos ar condicionados em todas as salas à pedido do prefeito.
Aliás, essa história é linda, não fosse trágica.
Dizem, que o cara que ganhou a licitação para instalar o ar condicionado nas salas é só O CARA. É isso mesmo que você entendeu! É apenas um homem que vai instalar todos os aparelhos nas escolas que ainda não tem.
Bem, esperamos que até 31 de Dezembro de 2014, ele tenha conseguido dar conta de tudo. APALUSOS PRO PREFEITO!
Essa informação obtive em outra instituição, que fique claro.
Bem, essa escola tem um projeto de oficina, que inclui capoeira, grafitte, língua estrangeira, sala de leitura (biblioteca) artes e mais duas disciplinas que não me recordo, em horários extra-aula; fornece merenda diária e lanche nos dias que tem oficina, vai do 6º ao 9º ano. É pequena, mas adorei a recepção da funcionária. Ela inclusive, parece ser ótima solucionadora, pois já foi me apresentando as quadras de esporte que não existem na escola, imitando um guia turístico. É das minhas!
Pacotinho e eu nos apaixonamos pelos projetos que lá existem (rapidinho ele guardou sua malinha do preconceito) e pelo espírito entusiasmado da funcionária, quase batemos o martelo de imediato.
Ela ficaria em 1º lugar no nosso ranking.
2ª Escola: Orsina da Fonseca - Rua São Francisco Xavier
Ouvia falar muito mal dessa escola no meu tempo (o bordão era: Orsina da Fonseca, perna fina e bunda seca), todavia as coisas mudaram para melhor, felizmente. Hoje ela é referência. Vários profissionais das outras escolas falaram nesse nome.
Enquanto Engraçadão estacionava, eu e os meninos entramos. A escola é gigante, infelizmente, só tem do 7º ao 9º ano. Ela apresenta o programa de educação extendida, mas o povo já apelidou de integral e tem foco nos esportes, além da grade curricular normal.
Percebi que ela foi reformada, mas manteve sua história. O que me chamou a atenção, foi o entusiasmo da porteira que nos atendeu. Não deu pra conhecer as instalações, mas ficamos empolgadíssimos com as novidades.
Acho que em algum momento, os meninos podem ir pra lá um dia.
3ª Escola: General Euclides Figueiredo - Fundos da Orsina da Fonseca (na outra rua)
Tive uma péssima impressão da escola, não pela fachada, mas pelo atendimento.
Na porta, lia-se ATENDIMENTO DE 8 ÀS 14h, chegamos às 13:50h aliviados, afinal, queríamos conversar e conhecer, no entanto, a pessoa do outro lado do interfone disse que não poderia nos atender, porque já estava fechado. E não teve conversa.
Voltei inconformada com esse cliché do atendimento público, de que as pessoas não gostam de trabalhar. Não pela malinha que carrego comigo, mas por saber que em alguns casos essa máxima ainda é válida. E dá raiva!
3º Dia - 3 Escolas - Eu, a entusiasmada
Fomos eu e Pacotinho apenas, já com outro estado de espírito, amarradões, procurar as últimas escolas. Começamos pela última, a qual não conseguimos atendimento da última vez.
1ª Escola: General Euclides Figueiredo - Fundos da Orsina da Fonseca
É, infelizmente, a primeira impressão é a que fica em alguns casos. Hoje chegamos bem mais cedo, tinham vários funcionários, mas a impressão que ficou é que existe uma preguiça pairando no ar. Primeiro, cumprimentei a funcionária da escola e disse que estava ali pra visitar a escola. E fiquei incrédula com a resposta:
FUNCIONÁRIA - Nós não estamos autorizados a mostrar a escola.
Daí, fui obrigada a ser arrogante:
EU - Senhora, meu filho está vindo da rede particular. Eu tenho 3 escolas em ordem de prioridade para escolher no ato da matrícula. Como a senhora espera que eu escolha, pelo nome?
Então ela nos levou até outra pessoa, que realmente não deixou a gente dar um rolézinho na escola e se limitou a responder minhas perguntas com certo ar de tédio.
Depois dessa, Pacotinho falou umas 50 vezes que não queria estudar lá de jeito nenhum. Eu garanti, que ele vai sim, mas em caso de castigo, claro.
Se um dia ele aprontar demais, já sei onde vou matriculá-lo.
Essa escola portanto, apesar de bem recomendada, não vai entrar na nossa lista nem à pau, Juvenal!
2ª Escola: Prudente de Morais, rua de fundos do Tijuca Tênis Clube
Outra escola tombada que está passando por reformas. Essa, a gente não teve acesso mesmo! Vi um tiquinho pela fresta da porta por onde fui recebida. Tinha técnicos da prefeitura no local. Mas a arquitetura me pareceu divina pela fresta.
Eles admitem alunos do 1º ao 5º ano.
Entrará em 3º lugar na lista do Sr. Cabeça de Bolinha, mais por questões de distância por qualquer outro motivo, já que foi muito bem indicada.
3ª Escola: Afonso Penna - Rua Barão de Mesquita
Ironicamente, fica ao lado da rede escolar em que os meninos estudavam. Sim, é no passado mesmo, já que cancelamos a matrícula deles. É pra valer agora.
A escola deve ser tombada pelo patrimônio histórico também, pois conserva traços arquitetônicos bem clássicos.
Estava de portas abertas e fomos muito bem atendidos pela secretária. Apesar de não possuir oficinas ou horário extendido, percebi um capricho e orgulho da moça, que se refletia nos trabalho expostos pelas paredes.
Essa escola sim, possui quadra de esportes, figura com pontuação acima da média no IDEB e funciona do 1º ao 9º ano, ainda que em espaços separados, como deve ser. Segundo ela, além do Ingês, à partir do 8º ano, tem Francês e Espanhol (meus olhinhos brilharam). Ainda que não tenhamos certeza quanto à vaga para Pacotinho, vamos tentar.
Lá possui ótimas instalações, ar condicionado em todas as salas, à exceção dos pequenos (pois é, estão esperando "o cara do ar"), quadra de esportes, sala de leitura, laboratório de ciências, além dos passeios que inspiram trabalhos futuros e música.
Ao ser perguntada de algum tipo de brigas, a moça sacou sua malinha, pensando que me referia à comunidade. Então eu tive que contar sobre o histórico da Dona Miúda, para ela saber que meus filhos frequentam a comunidade. Queríamos saber quanto à brigas, se acontecem mesmo. Ela nos garantiu que não. Que problemas Facebookianos são resolvidos na secretaria, já que essa é a nova origem das confusões, contudo, nada grave.
Sendo assim, apesar de divididos, eu e Pacotinho batemos o martelo.
Essa será a 1ª da lista dele.
Então o ranking geral ficou assim:
Pacotinho
1º lugar - Afonso Pena
2º lugar - Laudímia Trotta
3º lugar - Almirante Barroso
Sr. Cabeça de Bolinha
1º lugar - Barão de Itacurussá
2º lugar - Afonso Pena
3º lugar - Prudente de Moraes