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sexta-feira, janeiro 24, 2014

MATERNINADE + VAIDADE = BIPOLARIDADE


Lá vai a mãe toda faceira tentar comprar um óculos de sol. 
Reformulando, lá vai a mãe toda faceira fazer uma estimativa de preços de um óculos de sol. 
Melhor.
Lá vai uma mãe toda faceira, que não compra óculos de sol há pelo menos dois anos e que precisa urgentemente de um.

Juro que tentei seduzir marido com a ideia de me comprar um óculos de sol novo, afinal, o meu atual, comprado de presente num charmoso camelô em Londres, com aquelas lentes de prárdigo chiquérrimas, vintage, quase hipsters na cor Red (o grito em sibemol da moda em 2012), está com a lente toda arranhada sei lá por qual motivo. Acho que é do tipo auto-arrnhável, sei lá. Fato é, eu que sofro de fotofobia e não vivo sem um óculos de sol, desde que tinha 4 anos de idade, estou com vontade de jogar o vermelho no chão e pular em cima. Só tem um problema: EU NÃO POSSO FICAR SEM ÓCULOS DE SOL!

Preciso repetir meu redemoinho profissional e as mazelas da minha vida financeira de 2012 pra cá? Acho que não né?! Até porque, vocês já leram (bom, se você ainda não leu, acesse os links de 2012 na coluna direita)!

Agora eu sou uma mãe, dona de casa, estudante e esposa que depende do dinheiro de marido para qualquer coisa. Coisa essa que não estou muito habituada desde que tinha 18 anos. Sabe como é mulher né? A gente está precisando, vai lá na loja, duranga mesmo, parcela e sai feliz como se não tivesse que pagar. Já eu, não posso mais me dar ao luxo.

Hoje na praia com maridón, usei a velha tática do cerca Lourenço, da conversa mole e não ouso chamar essa tática de sedução, porque na verdade não foi. De maneira, que conversamos sobre o ebay.

Entrei no dito cujo, mas tudo em Inglês, confesso, me senti meio perdida com tanto óculos. Não sabia se eram bons ou ruins, porque os preços começavam em centavos de dollar. Estava na cara que eram lances. Então arrisquei pisar num terreno que já frequento e digitei RAY BAN. 

Ray Ban aqui no Rio sai caro. Ora, se o pão no Rio de Janeiro está pela hora da morte, que dirá o Ray Ban, não é mesmo? Ainda que chame de investimento, o mais mais barato do tipo, não sai por menos de cento e sessenta paus. 

Agora você me diz, como eu vou falar em cifras com marido, com tanta coisa precisando em casa. Claro, disse que não valia a pena e que hoje mesmo iria no shopping procurar um modelo daquele que anda anunciando no BBB. Aliás, foi dessa marca que comprei o meu último grande, lindo e maravilhoso óculos de sol e que durou uns dois anos. Enfim, ele quebrou nas mãos de Dona Miúda. Contudo, achei de grande ousadia, ousar pensar num Ray Ban nessa altura do campeonato.

Então fui ao shopping. Lugar esse que não ouso pôr os pés desde vocês sabem quando. Fui lá. Tomei coragem e fui mesmo, cara! Fui e não gostei. Eu tenho a mão cagada, vocês também sabem disso, então tudo que eu pegava começava com duzentos e nem era Ray Ban. Beleza que os modelos eram lindos e tals, alguns muito a minha cara, de qualidade, mas começando com duzentos, chegando bem perto dos trezentos.

Fiquei ali um tempo fazendo a pheena, babando e tremendo por dentro, morrendo de ódio do meu bocão. Só lembrava do Ray Ban, cem paus mais baratos. Tudo bem que o Ray Ban ficaria com aquela cara do meu óculos de grau, hipster toda vida, mas quem liga? É de qualidade. E diante de preços tão absurdos, o que nos resta senão recorrer ao ebay? Ainda sim, me pergunto: É sério que não dá pra ser mãe e vaidosa nessa cidade do Hell de Janeura?

Ideal de óculos e cabelo
Grata
Obviamente não me refiro às rycahs de fato! Também não me refiro às que trabalham. Será que me refiro às estudantes com pais ferrados?
Já não sei em que categoria me encaixo mais.
Vejam só, consegui um estágio e hei de começar no início de fevereiro, com saldo mega comprometido. É provável que veja a cor do dinheiro lá pelo quarto ou quinto mês de trabalho, de qualquer forma, precisarei de unhas novas, roupas, sapatos e um cabelo digno. O meu cabelo inclusive, deixei de alisar. Saí dizendo por aí que vou voltar aos cachos, mas não nego que com muita dor no coração. Perde-se tempo em manter cachos, ou seja, tudo o que não posso me dar ao luxo. Meu cabelo, é minha imagem, é meu adorno e a forma que me sinto confiante. De cabelo feio, talvez minha libido continue no ralo. Aliás, eu estou indo pro ralo, não é pra rir.

Então, só me resta pesquisar na internet, rezar e ter fé. 
Vou fazer a dieta do espelho, parar de me olhar, comprar cremes ativadores de cachos, rezar, usar o óculos arranhado, bater de cara no poste, rezar, procurar um ortipedista que conserte meu rosto, rezar, ignorar o espelho, encolher a barriga e continuar rezando.

Não existe solução mágica.

quinta-feira, janeiro 16, 2014

ESCOLA PÚBLICA - A SAGA PARA OS QUE QUEREM MATRICULAR


A grande maioria das pessoas anda a carregar uma malinha pra cima e pra baixo. A gente acorda, faz o asseio matinal, se arruma para sair e nunca, nunca, esquecemos da malinha. A gente esquece fone de ouvido, aquele batom de que mais gosta, a gente esquece nossa música predileta, bem como coisas importantes que vamos utilizar durante o dia, mas a danada da malinha, jamais! E não pense você que estou exagerando! A malinha tem até nome. Chama-se preconceito

As pessoas um pouco mais esclarecidas podem pensar que o preconceito vem apenas de cima. Mentira. Ele é multidirecional. Vem de um lado, do outro, de cima e pasme, de baixo também. Das maiorias e minorias, ou dos que pensam que não julgam. 

Tenho visto muita gente carregando malinha nessas andanças pelas escolas públicas. A primeira a carregar a malinha fui eu. Ex-aluna, não sou do tempo das greves, mas sofri bullying. Portanto no meu juízo, julgo que é mais fácil você tomar porrada na escola pública, que na particular. Ainda mais em tempo de web onde geral sai na porrada e pede prum corno qualquer filmar a briga. 

Um dia na 19ª delegacia resolvendo assuntos de fraude, me aparece uma menina com a cara tão arrebentada, que eu mal conseguia encará-la. Pois é, ela sentada ao meu lado, estava triste de admirar. Adivinha qual uniforme ela vestia? De escola pública. Nessa hora, tocou o alarme da minha malinha (sim, todas vêm equipadas com esse componente, que desperta ao menor sinal preconceito). 

Só que mais de 20 anos se passaram de lá pra cá. Sem contar que vivi boas experiências também na escola pública, assim como meus queridos leitores que aqui estiveram prestando solidariedade, além do post que fiz no Facebook. 

Vou enumerar aqui os três dias de rolézinho para conhecer as escolas, bem como meu estado de espírito em cada um deles, o que desconfio, fez toda a diferença... ou não! As escolas que visitei estão todas concentradas na Tijuca, portanto querido leitor, se você mora em outro bairro não posso ajudá-lo. Apenas com o método que adotei, com nossas experiências. No entanto, você terá de fazer do seu jeito, caso resolva matricular seus filhos na rede pública de ensino.

1º dia - 3 Escolas - Eu, a chorona

Estava mega fragilizada por conta do chororô de Pacotinho, então confesso ter desmoronado na frente da inspetora de uma das escolas, o que de certa forma ajudou, já que elas resolveram me dar dicas preciosas sobre algumas instituições das cercanias. Preciso eleger 3 escolas em ordem de prioridade.
Vamos enumerá-las:

1ª Escola: Nave (Núcleo Avançado em Educação) - Rua Uruguai
Essa escola tem um nome, mas eu não prestei muita atenção, porque todo mundo chama de Nave, graças a um projeto tecnológico da Oi, que em parceria com a Prefeitura ou Governo do estado, oferece formação técnico para o Ensino Médio. 
A escola é toda novinha e conta com instalações modernas e informatizadas, voltada para área tecnológica, artes e mídias sociais, .
Não entrei, mas já havia visitado num dia em que minha irmã palestrou lá. 
Infelizmente meus filhos estão fora do perfil para estudar lá, por enquanto.

2ª Escola: Almirante Barroso - Rua Torres Homem 
Bati na porta alternando entre olhos marejados e picos de coragem.
A equipe que me atendeu foi muito solícita, me deram todas as dicas acerca da data de matrícula, o site que deveria entrar e outras escolas que deveria procurar e que apresentam um ensino de qualidade, na opinião deles. Gostei muito dessa escola, mais pelo atendimento. Não visitei as instalações, nem obtive informações acerca de merenda, uniformes, nem conheci as salas. Vai do 1º ao 6º ano apenas e se colocar Pacotinho esse ano, no próximo terei de peregrinar novamente em busca de uma nova. 
Portanto, essa vai ficar em 3º lugar para Pacotinho, na nossa lista de prioridades;

3ª Escola: Barão de Itacurussá - Rua Andrade Neves
Cheguei lá desmoronando mesmo, ao contar sobre os meninos. Claro, fui interpretada com a velha malinha ao lado. Só que não chorava por detestar a rede de ensino, mas pela dor de Pacotinho ao ter de se afastar dos amigos, etc. Foi bom, porque a secretária me levou à diretora que me passou algumas escolas de sua confiança, que apresentam um bom sistema de ensino, que são um pouco menores e apresentam IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em bom nível.
Essa escola é muito bem falada entre os meus conhecidos e era a única que possuía referência. O melhor dos mundos seria colocar os meninos lá, infelizmente, não tem vaga para o 6º ano já que das três turmas que haviam de 5º ano, apenas duas de 6º foram abertas. Ela iria para o topo da minha lista de imediato, se eu não tivesse visitado outras.
Não conheci as instalações. Estava abalada e sem pensar direito. Contudo, essa escola é tombada pelo patrimônio público e tem uma bela estrutura, apesar de mal cuidada, não por culpa dos funcionários e frequentadores né? Mas porque dependem da prefeitura se coçar para promover benfeitorias. 
Ela ficará em 1º lugar para o Sr. Cabeça de Bolinha, na minha lista de prioridades.

2º dia - 3 Escolas - Eu, a esperançosa

Estava mais animadinha para visitar as escolas. Várias amigas e amigos deram dica, além dos funcionários das escolas que visitei. Dessa vez, levei a família toda, só que apenas Pacotinho e Sr. Cabeça de Bolinha me acompanhariam, enquanto Engraçadão tentava estacionar. Aliás, a Tijuca está ficando igual à Ipanema em termos de estacionamento. Só fazendo pacto com o catiço pra conseguir vaga!

1ª Escola: Laudímia Trotta - Fundos para  Av. Maracanã
Pacotinho afoito foi andando na frente e fez careta assim que entrou. O pátio contorna todo o prédio e encontramos as latas de lixo padronizadas pelo caminho, dando péssima impressão. Ele imediatamente disse um sonoro não gostei! sem nem mesmo ver o restante (olha a malinha aê mermão!). 
Fomos recebidos pela Vice-Diretora Lígia, que tratou de promover o city college conosco. Levei os três, então vocês imaginam a balbúrdia. Achei a escola um pouco escura, mas em tempo de férias, estão pintando e instalando novos ar condicionados em todas as salas à pedido do prefeito. 
Aliás, essa história é linda, não fosse trágica. 
Dizem, que o cara que ganhou a licitação para instalar o ar condicionado nas salas é só O CARA. É isso mesmo que você entendeu! É apenas um homem que vai instalar todos os aparelhos nas escolas que ainda não tem. 
Bem, esperamos que até 31 de Dezembro de 2014, ele tenha conseguido dar conta de tudo. APALUSOS PRO PREFEITO!
Essa informação obtive em outra instituição, que fique claro.
Bem, essa escola tem um projeto de oficina, que inclui capoeira, grafitte, língua estrangeira, sala de leitura (biblioteca) artes e mais duas disciplinas que não me recordo, em horários extra-aula; fornece merenda diária e lanche nos dias que tem oficina, vai do 6º ao 9º ano. É pequena, mas adorei a recepção da funcionária. Ela inclusive, parece ser ótima solucionadora, pois já foi me apresentando as quadras de esporte que não existem na escola, imitando um guia turístico. É das minhas! 
Pacotinho e eu nos apaixonamos pelos projetos que lá existem (rapidinho ele guardou sua malinha do preconceito) e pelo espírito entusiasmado da funcionária, quase batemos o martelo de imediato. 
Ela ficaria em 1º lugar no nosso ranking. 

2ª Escola: Orsina da Fonseca - Rua São Francisco Xavier
Ouvia falar muito mal dessa escola no meu tempo (o bordão era: Orsina da Fonseca, perna fina e bunda seca), todavia as coisas mudaram para melhor, felizmente. Hoje ela é referência. Vários profissionais das outras escolas falaram nesse nome. 
Enquanto Engraçadão estacionava, eu e os meninos entramos. A escola é gigante, infelizmente, só tem do 7º ao 9º ano. Ela apresenta o programa de educação extendida, mas o povo já apelidou de integral e tem foco nos esportes, além da grade curricular normal.
Percebi que ela foi reformada, mas manteve sua história. O que me chamou a atenção, foi o entusiasmo da porteira que nos atendeu. Não deu pra conhecer as instalações, mas ficamos empolgadíssimos com as novidades. 
Acho que em algum momento, os meninos podem ir pra lá um dia.

3ª Escola: General Euclides Figueiredo - Fundos da Orsina da Fonseca (na outra rua)
Tive uma péssima impressão da escola, não pela fachada, mas pelo atendimento.
Na porta, lia-se ATENDIMENTO DE 8 ÀS 14h, chegamos às 13:50h aliviados, afinal, queríamos conversar e conhecer, no entanto, a pessoa do outro lado do interfone disse que não poderia nos atender, porque já estava fechado. E não teve conversa.
Voltei inconformada com esse cliché do atendimento público, de que as pessoas não gostam de trabalhar. Não pela malinha que carrego comigo, mas por saber que em alguns casos essa máxima ainda é válida. E dá raiva!


3º Dia - 3 Escolas - Eu, a entusiasmada

Fomos eu e Pacotinho apenas, já com outro estado de espírito, amarradões, procurar as últimas escolas. Começamos pela última, a qual não conseguimos atendimento da última vez.

1ª Escola: General Euclides Figueiredo - Fundos da Orsina da Fonseca
É, infelizmente, a primeira impressão é a que fica em alguns casos. Hoje chegamos bem mais cedo, tinham vários funcionários, mas a impressão que ficou é que existe uma preguiça pairando no ar. Primeiro, cumprimentei a funcionária da escola e disse que estava ali pra visitar a escola. E fiquei incrédula com a resposta:

FUNCIONÁRIA - Nós não estamos autorizados a mostrar a escola.

Daí, fui obrigada a ser arrogante:

EU - Senhora, meu filho está vindo da rede particular. Eu tenho 3 escolas em ordem de prioridade para escolher no ato da matrícula. Como a senhora espera que eu escolha, pelo nome?

Então ela nos levou até outra pessoa, que realmente não deixou a gente dar um rolézinho na escola e se limitou a responder minhas perguntas com certo ar de tédio. 
Depois dessa, Pacotinho falou umas 50 vezes que não queria estudar lá de jeito nenhum. Eu garanti, que ele vai sim, mas em caso de castigo, claro. 
Se um dia ele aprontar demais, já sei onde vou matriculá-lo. 
Essa escola portanto, apesar de bem recomendada, não vai entrar na nossa lista nem à pau, Juvenal!

2ª Escola: Prudente de Morais, rua de fundos do Tijuca Tênis Clube
Outra escola tombada que está passando por reformas. Essa, a gente não teve acesso mesmo! Vi um tiquinho pela fresta da porta por onde fui recebida. Tinha técnicos da prefeitura no local. Mas a arquitetura me pareceu divina pela fresta. 
Eles admitem alunos do 1º ao 5º ano.
Entrará em 3º lugar na lista do Sr. Cabeça de Bolinha, mais por questões de distância por qualquer outro motivo, já que foi muito bem indicada.

3ª Escola: Afonso Penna - Rua Barão de Mesquita
Ironicamente, fica ao lado da rede escolar em que os meninos estudavam. Sim, é no passado mesmo, já que cancelamos a matrícula deles. É pra valer agora.
A escola deve ser tombada pelo patrimônio histórico também, pois conserva traços arquitetônicos bem clássicos.
Estava de portas abertas e fomos muito bem atendidos pela secretária. Apesar de não possuir oficinas ou horário extendido, percebi um capricho e orgulho da moça, que se refletia nos trabalho expostos pelas paredes.
Essa escola sim, possui quadra de esportes, figura com pontuação acima da média no IDEB e funciona do 1º ao 9º ano, ainda que em espaços separados, como deve ser. Segundo ela, além do Ingês, à partir do 8º ano, tem Francês e Espanhol (meus olhinhos brilharam). Ainda que não tenhamos certeza quanto à vaga para Pacotinho, vamos tentar.
Lá possui ótimas instalações, ar condicionado em todas as salas, à exceção dos pequenos (pois é, estão esperando "o cara do ar"), quadra de esportes, sala de leitura, laboratório de ciências, além dos passeios que inspiram trabalhos futuros e música. 
Ao ser perguntada de algum tipo de brigas, a moça sacou sua malinha, pensando que me referia à comunidade. Então eu tive que contar sobre o histórico da Dona Miúda, para ela saber que meus filhos frequentam a comunidade. Queríamos saber quanto à brigas, se acontecem mesmo. Ela nos garantiu que não. Que problemas Facebookianos são resolvidos na secretaria, já que essa é a nova origem das confusões, contudo, nada grave.
Sendo assim, apesar de divididos, eu e Pacotinho batemos o martelo. 
Essa será a 1ª da lista dele.

Então o ranking geral ficou assim:

Pacotinho
1º lugar - Afonso Pena
2º lugar - Laudímia Trotta
3º lugar - Almirante Barroso

Sr. Cabeça de Bolinha
1º lugar - Barão de Itacurussá
2º lugar - Afonso Pena
3º lugar - Prudente de Moraes

segunda-feira, janeiro 13, 2014

MUDANÇAS: A ESCOLA PÚBLICA


Pensando aqui com meus botões, é possível que fosse lesada, não soubesse me defender direito. Talvez porque não tomasse o outro por inimigo. Talvez por não julgar o povo pela capa, talvez por aceitar desde muito cedo, as pessoas como elas se apresentavam a mim. Só não ia com a cara de alguém se ela "se traísse" de alguma maneira. 

Estou voltando no tempo. Na época em que estudei em escola pública. A história, acho que já contei. Minha melhor amiga havia saído da nossa escola, a particular, para estudar numa escola municipal perto de casa, porque os pais dela, separados, estavam passando por dificuldades. Minha família não. 
Eu podia ficar sem qualquer coisa, menos sem a minha amiga. Então não perdi tempo. Depois de uma corrida inclusive no MEC para tentar ir para a mesma escola que ela, eu, do alto dos meus 12 anos, fui sozinha à escola em que ela estudava, mandei um caô na secretaria e acabei sendo aceita. Não me perguntem como uma criança de doze anos é capaz de convencer um adulto a se matricular numa escola que já não tem vaga, na base do caô. 
Eu consegui. O problema, é que só conseguimos ficar juntas por um dia. Os pais da amiga, convenceram a escola particular a aceitá-la de volta, negociaram e a minha amiga voltou e eu fiquei.

Conto essa história, porque eu e Engraçadão estamos passando por uma fase difícil. Engraçadão anda sob forte tensão e seu humor anda nas picas das galáxias dos universos saltitantes. Anda longe, não o culpo. 
Eu sempre ajudei em casa. Há quase dois anos sem fazê-lo, ele se sente perdido e desesperado. Daí que sugeri que tirássemos os meninos da escola particular. Foi no meio de uma discussão daquelas que a gente não sabe nem porque começou. Aquele tipo de discussão de casal bem surtação mesmo! Então eu soltei a bomba, partindo da premissa de que sobrevivi à escola pública, ele próprio sobreviveu, minha irmã também, dentre tantas outras pessoas de bem. 

Engraçadão calou. Ensaiou um não, não... mas eu fui firme. 
Pensa, não tem como a gente fingir que está tudo bem. Nem com estágio entrando, Janeiro é um mês peludo. Engraçadão que saiu de férias e conseguiu tapar o rombo, não passaria de fevereiro a voltar pro rombo. A iminência disso acontecer o estava deixando surtado. 
Como sou uma solucionadora nata, mesmo sendo inimiga da matemática, quando me dão um problema, eu resolvo, ainda que chore, ainda que doa. 

E choro? Teve muito. 
Pacotinho ouviu a discussão da cozinha e deprimiu de imediato. Argumentou que não queria deixar os amigos, que não queria sofrer bullying... claro, está com um olhar cheio de preconceitos, só que naquele momento, nem eu tinha um argumento pra detê-lo. Ainda mais com meu histórico em escola municipal, da que sofreu bullying por um longo período, da que viu coisas cabeludas, da que foi perseguida e ainda sim, escapou da surra. Não ousei falar sobre tais coisas com ele, porque percebo a mudança nas gerações. Acredito mesmo, que existam escolas onde bullying não entra. E mais! Acredito que bullying não seja exclusividade de escola pública, mas muito mais um problema das particulares, guardadas as devidas proporções.

Daí que acordei com uma ideia na cabeça. Primeiro fiz um post lamento no Facebook, porque né, é o hábito. A gente vomita coisas lá. Depois tomei o café da manhã determinada a ir em seguida, chorar as pitangas nas escolas de perto de casa. 

Falei com algumas pessoas que me aconselharam começar pelo Pedro II, onde Pacotinho fez a prova eletiva para o 6º ano (e não passou na 2ª fase). Fui na unidade da Tijuca, pingando de suor, contudo eles centralizam o processo em São Cristóvão. Voltei pra perto de casa com minha cabeça, ou meu coração sei lá, martelando que eu conseguiria alguma coisa nas municipais mesmo. 

Dito e feito. A melhor escola das redondezas, que inclusive não adere às greves, me recebeu e orientou. Infelizmente Pacotinho não poderá ir pra lá, pois houve uma redução nas turmas de 6º ano, todavia o Sr. Cabeça de Bolinha poderá ir. 
Já a Dona Miúda vai continuar na particular por enquanto, já que é muito nova.

Conversando com a diretora, me emocionei e rolou um chororô básico. Não por vergonha de estar dura recorrendo ao ensino público. Eu acredito que muito do aprendizado, quem faz é o aluno. Se o aluno não estiver a fim, não adianta você colocá-lo na melhor escola do universo, que ele não vai render e vai te boicotar. Mas pelo fato de Pacotinho deixar seus amigos para trás. Nós sabemos que ele fará novos amigos, sabemos o quanto ele será querido, já que é carismático, é gente boa e mega comunicativo. Mas são anos e anos de convivência diária, amizade e história juntos, que ele terá de se despedir. Além do mais, os amigos verdadeiros vão ficar, ele vai ver.

A gente sabe o quanto a vida é feita de mudanças o tempo todo. Muito embora ele não goste, terá de se adaptar desde cedo a elas. 
Ainda temos de saber reconhecer a misericórdia divina, que atenua nossas quedas. Aqui em casa, quando a gente cai, nunca é de cara, porque a gente não planta o mal. A gente só quer viver dignamente. Então a gente tropeça, cai de bunda, mas levanta, limpa a roupa e segue em frente.

Essa diretora que conversei, me indicou três escolas muito boas. Escolas pequenas, cujo controle sobre o que acontece é maior. São escolas quase invisíveis, onde o ensino é bom e a clientela idem. Fiquei mais tranquila e esperançosa, inclusive pretendo visitá-las amanhã com Pacotinho, para que ele sinta o clima e escolha a prioridade das três em que vamos inscrevê-lo.

E para os pais cariocas que pretendem matricular seus filhos numa escola Municipal de seu bairro, o processo agora é informatizado. Basta entrar no site Matrícula Digital entre 29/01 a 04/02/2014 (já é a terceira e última oportunidade), escolher três escolas em ordem de prioridade, preencher o cadastro e aguardar o contato, através de email ou celular. Esse contato informa para qual escola seu filho vai. 
Existem escolas que funcionam em período integral, outras disponibilizam merenda, uniforme escolar, Riocard e material didático. 

No nosso caso, vai significar muito, já que agora em janeiro além da matrícula escolar dos três, teríamos de comprar material escolar também, o que foderia a bicicleta de vez e provavelmente provocaria um infarto em Engraçadão. Conversando com funcionários das escolas que fui, ouvi uma senhora idealista tentando me consolar, dizendo que a classe média tem de voltar para a escola pública. Só assim, o governo do estado será cobrado o suficiente para promover melhorias. 
Gostei dela! Infelizmente acabamos não nos despedindo.

Hoje Pacotinho acordou melhor e mais conformado. Depois do meu passeio matinal, passei mais segurança a ele e o lembrei que lá, será possível conhecer várias néms que se tornarão suas fãs e amigas. 
Ele riu. 

segunda-feira, janeiro 06, 2014

Ninguém te conta - MATERNIDADE PRAZAMIGA



Tem uma amigona minha, que morria de medo de dar o pontapé inicial rumo à maternidade. 
Eu sempre floreei a situação... quer dizer, floreei não. Eu sou do tipo que quando me dão um limão, eu me debato, mas faço a porra da limonada, não é assim que tem que ser? 

De maneira que não perdi meu tempo falando das coisas ruins, porque a maior bênção que meus filhos me deram, foi o auto-conhecimento. Ninguém nessa vida foi capaz de tamanha façanha. Além de terem me colocado no meu devido lugar, claro. A gente aprende a entrar lá no fim da fila, dar um bico no ego e seguir adiante. Esse aprendizado também é o máximo, praqueles de coração aberto a aprender com qualquer coisa, principalmente crianças.
Só que nem todo mundo está a fim de passar por isso tão cedo e isso não consiste um pecado. É apenas o tempo de cada um, oras! Livre arbítrio, lembra?

Afinal... Ninguém te conta que quando você sai da maternidade com o bebê, ele se transforma num mini-monstro. Ele não te deixa dormir na madruga e mama até seus peitos ficarem doídos.

Ninguém te conta que a amamentação, não é aquela coisa linda e glamourosa que te contam na TV. Não quero aqui apagar a importância da amamentação na vida do bebê, mas existem aquelas mães que sentem imenso desconforto durante o ato, ou existem aqueles bebês que não estão a fim de mamar no peito, tem ainda os bicos que racham, as mamas que inflamam e te dão a sensação de que estão ateando fogo nelas, enquanto o bebê faz menção de sugar. Por conta disso, vem uma incrível culpa em cima das progenitoras, típicas de toda a lavagem cerebral que é feita na mídia. 
Alô mães, a criança tem que se alimentar e basta. Se for bom, se der pra levar, Ok. Se não der, mamadeira neles! Ninguém vai pro inferno por isso, nem mamãe e nem bebê! 
NOTA: Eu amamentei meus 3 filhos por no mínimo 5 meses.

Ninguém te conta que seu peito VAI CAIR SIM depois que você amamentar. 
Não encare isso como campanha contra amamentação, por favor. Só estou te contando a real. Sabe, eles sugam, puxam, alguns mordem seu peito, e claro, isso tem que ter uma consequência. Para umas mais, para outras menos, ainda sim, eles vão mudar e pra pior. Conforme-se.

Ninguém te conta que se você fizer cesária, tem sempre o primeiro cocô, que pras que sofrem de prisão de ventre, àdeus tóba e a perda da liberdade de ir e vir (dos quartos pro banheiro e pros quartos novamente), é algo que vai te deixar parecida com Darth Vader. Para as que adoram um mole ou serem cuidadas, pode ser uma fase boa. Para as que odeiam depender dos outros, será uma verdadeira batalha a ser travada e há que se tirar algum aprendizado disso.

Ninguém te conta que seus hormônios vão te trair ao ponto, de te fazer xingar quem mais te ajuda, te deixar intolerante com as mínimas coisas, tipo... choro de recém-nascido, ou uma toalha fora do lugar. Isso, pode virar sinônimo de tsunami dentro de casa. 

Ninguém te conta que se você já tiver outros filhos, a chegada de um novo membro pode ser um período tenso, de disputas territoriais e muita zoeira na cabeça do bebê. Tente não projetar seus medos, embora isso seja quase impossível. Mas esse lance de fazer silêncio pro bebê poder dormir, esqueça, entregue pra Deus (se crê em um), ou apele pra chantagem. Coisa que toda mãe aprende a fazer com maestria.

Ninguém te conta que você estará condenada a comer comida fria, ou mesmo restos de comida, por quase todo o resto da vida (dependendo da quantidade de filhos que tiver), ou por longos anos, principalmente se você for contra o desperdício, ou ainda for daquelas que prezam o trabalho bem feito (se for das que cozinham) e odiarem jogar comida fora.

Ninguém te conta, que se você não praticou sexo na gravidez, sua perseguida encolheu e voltou a ser virgem. Então, haverá a primeira vez e queridaaammmm, isso doooooi!

Seguindo essa vertente, ninguém te conta que a última coisa que você vai querer ver na vida é piru, por pelo menos um bom tempo. Porque é pouca mãe pra tanta demanda!

Ninguém te conta que as meninas choram, berram, dramatizam e grudam como chicletes, te dando ímpetos de arremessá-las pela janela.

Em compensação, amoor, quando eles dormem e exalam aquele cheirinho; quando eles te olham como se você fosse a coisa mais importante do mundo; quando eles nascem no inverno e têm aquele corpo quentinho, capazes de espantar seu frio; quando eles dão o primeiro sorriso banguela só porque você é a mãe deles e a pessoa em que eles mais confiam na face da Terra... quando as similaridades com você, seja no rosto ou personalidade começam a aparecer, cara, impossível não te encher de orgulho, não te derreter.

A gente é capaz de matar ou morrer por eles. 
Mas isso, nem precisa te contar. Você vai descobrir sozinha.

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