Enfim chega uma fase na vida do
seu filho que o “doce” e a “bala” já não são mais um problema para os dentes de
leite, mas um bicho papão muito mais perigoso. E neste momento que os primeiros
passos, aquela disciplina que você impôs (ou não) vão se fazer presentes e
conduzir esse caminho.
As crianças crescem (é só
imaginar que nós, os pais, um dia também fomos crianças) e os perigos aparecem.
É claro que estou falando das drogas. Longe de mim querer levantar qualquer
bandeira, mas eu sempre preferi me manter longe até do cigarro. Sou asmática,
alérgica e, extremamente pão dura. Não consigo admitir para mim mesma torrar
meu dinheiro com algo absolutamente inútil e nocivo. Mas o pânico tem ainda um
motivo mais concreto: vai que tenho aquele organismo pronto para se viciar? Não
posso perder minha vida, meu tempo, na sarjeta, tentando sair de onde não
deveria ter entrado.
É claro que sempre tentei passar
essa neurose para o meu filho. Programa de TV com penitenciarias mostrando
traficantes? Olha, Gustavo. Outro mostrando a Crackolandia? Olha bem se isso aí
é o que você vai querer para tua vida! Fui hereditariamente e sem vergonha
passando a ideia adiante.
Acontece que, muitas vezes,
aquele monstro que estava de baixo da cama vem te assombrar, do nada, a luz do dia.
No último final de semana estava eu em uma festa de família. E lá estava meu
filho e um primo (um ano apenas mais velho) conversando com outros primos que
são da “minha idade” e já perderam a vida e muito dinheiro em clínicas de
recuperação – que eu nunca entendi bem pra que, se sempre voltam ao mesmo ponto
de partida como se fosse possível sair dessa com os mesmos hábitos, amigos,
lugares, etc – quando meu ouvido, sempre alerta, flagra o diálogo:
- Um dia vocês vão
experimentar... Você sai do chão... he he he!
Eu poderia descrever o que foi o
diálogo que seguiu daí, mas reúne mais palavras de baixo calão, ofensas e
verdades guardadas há anos, do que propriamente um discurso que possa ser
transcrito. Em resumo, coloquei meu filho, o primo, a prima mãe dele e as
outras duas crianças dela dentro do carro, junto com minha mãe, não sem antes
acabar com a festa.
- Nunca vai se esperar que o
aliciamento de menor vá acontecer dentro da sua família, embaixo do seu nariz - Eu esbravejava no carro.
Ao que diante daquele ódio, Gustavo vira para mim e
diz:
- Mãe, você não confia na
educação que me deu? Hoje você estava aqui, mas não vai poder me defender do
lobo mau sempre. Meu vício é tecnologia e olhe lá. Preciso de dinheiro pra
jogar... E isso é um barato, tá ligada?!
De imediato voltei lá no início
do post. A vida inteira demonstrei que não se pode gastar com o que vai te
prejudicar, nunca ele me viu envolvida mesmo com as drogas lícitas. É... Ele só
tem 14 anos e tudo pode mudar (o telhado é e sempre será de vidro), mas esse
foi até aqui a maior sensação de trabalho bem feito que já tive na vida. Se eu
posso dar um conselho de mãe? Dê bons exemplos. As crianças copiam.
*Esse post foi feito por uma grande mãe e amiga. Seu nome foi preservado para garantir a privacidade da família.