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sábado, fevereiro 21, 2015

MATERNIDADE: PELA REAL BELEZA


Não me perguntem qual foi o buzz gerado pelas fotos da Cindy Crowford, 48 anos, mãe de dois filhos, ao sair na Marie Claire gringa, com a barriga à mostra e sem photoshop. Exigência dela. Sei que deu o que falar, mas não sei o que disseram. A mim, não importa o que os outros dizem. Importa como me sinto em relação a isso.

Acho mesmo que está na hora de as pessoas pararem de fingimento. Mulher de 80 se esticando para parecer ter 30, resultando numa cara de morta-viva, repuxada, artificial e assustadora. Não me refiro aqui, àquelas que REALMENTE necessitam de cirurgia, porque há casos e casos. No entanto, assim como virou moda a dieta da sopa, a cirurgia bariátrica, o remédio mata rato pra secar e os milhares de Whey Protein que nego toma, porque todo mundo toma, é hora de repensar a mensagem (claro e sempre), que estamos passando pros nossos filhos e pras nossas filhas. 

Pensa bem. Quando você luta por uma aparência dentro dos padrões, mesmo sabendo que terá de fazer sacrifícios demais, ainda que suprima o prazer da sua vida, que tipo de mensagem está passando pros meninos? 
  • Que mulher boa é a que tem barriga tanquinho? 
  • Que a mulher que tem rugas ou cabelos brancos não prestam? 
  • Que a estética deverá ficar em primeiro lugar, acima da boa índole, de uma mente sã, ou de uma pessoa bacana por trás da aparência? 
  • Que basta ser magra e sarada pra ser aceita, enquanto as separadas, viúvas, com rugas e histórias de vida; que são agradáveis, belas mulheres e bem resolvidas se fodem aê né? 

Bem, para as meninas a mensagem é cristalina: NÃO ENVELHEÇA, SEJA BELA A QUALQUER CUSTO, COSTURE A VAGINA SE FOR PRECISO PARA PARECER MAIS NOVA. Afinal, tem mulher fazendo correção vaginal para ficar com a xana novinha, então tudo pode, certo?

Errado. Eu e Cindy Crowford (mais algumas mulheres que não conheço, mas que vivem de forma igual) escolhemos dizer não à ditadura do corpo perfeito. 

Não nasci na Grécia antiga e nem nunca fui estátua, pra ser aquela perfeição toda. O perfeito não existe, meus caros. Tenho três filhos, já passei dos 40 e por conta das limitações que o peso da idade me imputa, passei a malhar em casa, para conseguir acordar quando o relógio toca e aguentar as brincadeiras, que crianças abaixo dos 10 anos exigem. 

Não me iludo quanto aos cabelos brancos que me cercam. Aliso-os, por uma questão de tempo e logística, faço umas mechas para me sentir bonita, mas cobrí-los, não mesmo.  Penso seriamente em raspar tudo, depois que meus filhos estiverem criados, para então libertar meus cachos. Um dia chego lá.

Minha filha que já nasceu linda e gostosa nessa ordem, nunca ouviu de mim que não poderia comer isso ou aquilo para não engordar, nem ao menos ouviu minhas lamúrias sobre peso, ainda que eu faça cara feia internamente. Não é problema dela. 

Meu biquini, como de toda boa carioca, é de lacinho, com as bandas da bunda aparecendo, obrigada. Se elas têm celulite? Tô nem aí. Minhas celulites são um sinal de que comi os hambúrgueres com bacon e ovos que quis e as cervas de fim de semana ao lado do meu marido (de barriga tanquinho). Inclusive, não me privo de nada, nem do miojo. 

Claro, que ir à praia no Rio de Janeiro é um processo. Você olha pro lado e vê mulheres lindas e lembra que um dia seu corpo foi assim e tals, só que o nome disso, de uma maneira geral, é juventude. Poucas mulheres agraciadas com a maternidade, ou com um bando de filhos têm tudo no lugar. Se têm, depois de uma certa idade, um dia vai cair. É a lei da gravidade. Então se a gente não se amar e não ensinar nossas meninas a fazerem o mesmo, essa doença não vai acabar nunca. 

Quero menos mulheres mal resolvidas no mundo. Quero meninas que se achem lindas magrinhas ou gordinhas. Quero mulheres seguras de si, muito embora acredite que se trate de uma utopia, já que as criações são diversas. Mas que pais e mães pensem bem antes de abrir a boca, tecer comentários machistas ou irreais acerca do corpo da mulher perto das crianças. Que tenham consciência. 

Já reparou como somos muito mais generosas com os homens? Já reparou como a gente aceita o outro careca, com barriguinha de chopp, baixinho, longe do ideal das revistas? Pois é. Então por que que com a gente não pode ser do mesmo jeito? Tá na hora de parar de fingir. Tá na hora de se aceitar. A começar pelas mulheres que se deixam aparecer com photoshop até no couro cabeludo. 

Por isso, palmas para Cindy Crowford, palmas para Cléo Pires, que quando saiu na Playboy recusou esse artifício, palmas para as agências de moda que contrataram aquela modelo com vitiligo, palmas para as pessoas de verdade, que têm coragem de mostrar algo muito simples, a verdade de seu corpo e a força de suas crenças. Por menos tratamento de imagem e mais realidade, por favor. 

Fontes:

Link no Tumblr sobre o assunto
Site onde saiu a matéria. 

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

MENINAS PEQUENAS FAZEM VOZ DE BEBÊ PARA CONVENCER?


Em busca na vasta literatura googleana e wikiana, nada foi encontrado. Nenhum estudo psicológico, nenhum depoimento pediátrico, nenhum relato de mãe contando sua experiência. Nada.

Talvez o fato não chegue mesmo a incomodar as mães, talvez elas achem até bonitinho, no entanto se trata de uma realidade e por certo, há de incomodar alguém. Sim, incomoda. O mundo não é feito só de mães amorosas.

Parando de embromar e indo direto ao ponto, naquela fase dos 3 anos, algumas meninas, normalmente as mais inteligentes, que desenvolveram cedo um vocabulário certinho, com poucos erros e que fique claro, erros estes que vão além da vontade de nossas meninas, algumas delas danam a falar como bebês, principalmente se essa fala tem um objeto de desejo em foco. Mas será que é sempre assim?

Posso dividir com vocês a minha experiência, já que não encontrei nada na literatura internética para servir de apoio. E olha que procurei!

Vamos saltar para o ano de 1976, eu então com 3 anos completos, indo fazer 4 no final do ano. Fui o tipo de menina diferente da maioria. Falava tudo certinho, corrigia os outros, inclusive os mais velhos. Praticamente uma chata. 

Como fui primeira filha, primeira neta, primeira um bando de coisa, era cercada de mimo. Vivia no colo alheio sendo agarrada e beijada e me sentia muito segura e muito bem, obrigada com tanto chamego. Em troca, tentava ser a melhor no que podia ser. 

Primeiro, a fala. Falava quase tudo correto. Sabia o nome de tudo e de todos, inclusive personagens de novelas com respectivos atores. A rainha da repetição. Ouvia e sabia repetir quando alguém tinha alguma dúvida. Quando a língua não dava, por conta da idade,  a próxima palavra tinha de sair certo. Só que chegava uma hora em que eu queria ser apenas uma menininha de 3 anos, quase o bebê da mamãe. E bem nessa hora em que eu cansava de ser a inteligente superpoderosa, danava a falar que nem bebê e tudo errado. 

Dona Engraçada fazia vista grossa. Em outros momentos que estava meio sem paciência, ela me mandava falar direito. 

DONA ENGRAÇADA ME MANDANDO FALAR DIREITO -  Fala direito, menina!

Eu me envergonhava, mas não dava o braço a torcer. Continuava, até voltar ao normal naturalmente.

Nunca imaginei que fosse me deparar com isso novamente, afinal, isso não acontecia com as minhas amigas de infância. Achei que fosse um caso isolado. Até que tive uma filha. 

Bem, a minha filha é isso aí. Inteligente, fala o dia inteiro, bichíssima, não sai se não estiver montada e às vezes eu tenho a sensação que ela é uma mulher de trina e poucos aprisionada no corpo de uma criança. Pelo seu jeito de se expressar, pela sua atitude, pela sua noção das coisas, pela sua certeza digamos assim.

Assim como eu, ela fala tudo explicadinho e erra muito pouco o vocabulário. Desde os 3 anos era assim, tanto que quando errava, a gente nem corrigia. Apenas falávamos a palavra novamente de forma correta para ela ir ouvindo e aprendendo o certo. 

Também como eu, ela vive no colo sendo agarrada, beijada, cheirada, apertada, sabendo o quanto é linda e amada todos os dias. E é bem nessa hora que ela tem um ataque de bebê. 

No caso dela, também não está relacionado a querer algo, ou a convencimento materno, mas mais pra um derretimento por reconhecer o amor e amar de volta. Então ela dana a falar tudo errado que nem bebezinho. Nossa postura em relação a isso é simples. Vai passar e passa

Meu susto em reconhecer tal fato, é que com os meninos não teve isso. Eles não faziam esse tipo de gracinha, o que me fez supor se tratar de exclusividade feminina. Aliás, mamães, o drama também, fiquem sabendo! Um saco!

Essa semana me deparei com algo inusitado. Talvez pelo fato de os exemplos que citei acima serem de relações de parentesco parecidas. Mas e quando se trata de casos em que os envolvidos não sejam necessariamente mãe e filha? E se estivermos nos referindo a relações de madrasta e enteada? E se a madrasta não for mãe, será que ela receberia essa fase com tamanha naturalidade e desprendimento?

A gente sabe que quando a mulher ainda não é mãe, ela ainda é o centro de seu universo e ter de lidar com filhos que não são seus no pacote amoroso, não é tarefa das mais simples. Principalmente porque a mulher que ainda não tem filhos, não tem a bagagem nem o saco de Papai Noel para aturar certas coisas e isso nem é culpa dela. É só uma fase anterior a que estamos agora. E nem é culpa de ninguém! Também fomos assim. 

Cabe às mães antes de mandar as filhas para a casa dos pais, ter uma conversa franca com ex, para que esteja alerta e atencioso com a filha, a ponto de contornar a situação se a pequena extrapolar. Mas e então? Como contornar este tipo de situação? Como ter esta sensibilidade que a criança está incomodando com voz de bebê, quando sua idade corresponde a outra maior?

Mais uma vez, o segredo é tratar com carinho, desviar o foco da criança, arrumar uma brincadeira, dar um rolé e por outro lado, conversar com a atual companheira e pedir um pouco de paciência. Não é nada demais, é só um denguinho (que, Ok, ela não tem obrigação de entender, mas sejamos adultos!). 

Para a filha também não deve ser fácil ver o papai ou a mamãe dividindo seu espaço com alguém novo, ainda que a criança lide bem com o novo par. Esse lidar "bem" pode ser um fator externo, não necessariamente o que vai em seu íntimo e nessas horas, é importante mais observar e ter paciência, que chamar atenção para o fato. Portanto, não repreendam. Não desperte a atenção. Dê carinho, companhia, seu calor, que essa fase passa.

A gente jamais deve ter um comportamento de nivelamento com a criança, mas mostrar que somos mais velhos e queremos seu bem, como adultos de comportamentos adultos, apenas. Tudo o que elas precisam é se sentir seguras.

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