O lobo mau muitas vezes pode ser a vida. Principalmente para os que estão envelhecendo.
Envelhecer para quem não sabe, ou tem medo, pode significar parar de sonhar, parar de ter coragem, simplesmente parar. E parar, entregar os pontos, significa morrer ou se deixar morrer aos poucos.
Nunca entendi gente que se prende a uma época por exemplo e fica ali, estagnado. Olho pra trás e vejo gente do meu círculo social parando, se apegando ao que já foi e se permitindo envelhecer, morrendo aos poucos. Nas pequenas coisas. Nas músicas, nos hábitos, na chatice... é certo que o tempo não para e eu não vou começar a cantilena de Cazuza. Ainda sim, com esses pequenos gestos, vejo a perda do viço, da vontade de viver.
Radical eu? Será mesmo?
Não. Basta olhar a sua volta.
Hoje, eu passei por uma prova de fogo. E absolutamente tudo deveria me dar medo. A começar pelo que eu rompi ano passado. Uma pseudo estabilidade. Que estabilidade? Emprego é estabilidade? Não sei. Vc é feliz estável-mente? O que te faz feliz? O que te deixa feliz, o Pão de Açúcar?
Outra coisa é o que os outros falam. Aaah, os outros falam e como falam. Mas eles ajudam?
Já ouvi que estaria perdida, mas como assim vai largar tudo? Já ouvi que estarei competindo com gente muito mais nova e qualificada que eu... um convite a pensar duas vezes e sentir medo. Mas logo eu, ter medo? Eu não tenho esse direito! Aliás, se for pra ter essa passagem tendo medo, melhor não viver, né não?
Hoje eu fui topetuda o suficiente para aceitar um teste de estágio.
Digo topetuda, porque na minha idade, cheia de filho, velha para estar num ramo da indústria que te obriga a ser novo, jovial eu diria, esbanjar beleza e estar sempre atualizada, eu fui me meter.
Voltando de Guarapari me candidatei a uma vaga que no meu pensamento perfeito não teria concorrentes. Na minha cabeça cheia de sonho só estaria eu, o entrevistado e uma câmera na mão. Lá fui eu! Bem vestida, maquiada, com a cara e a coragem até ver que estavam dando doce na frente do local da entrevista.
Hoje eu fui assim |
Caralhos voadores me piquem! Só eu mesmo.
Chegando lá, a gurizada fandangueira (ou quase isso) estava em peso concorrendo a mesma vaga. Meu mundo não chegou a cair, mas eu ri de tamanha ingenuidade a minha. Como eu podia pensar que não teria gente brigando pela vaga.
Aí parei, pensei:
EU PENSANDO - Porra Engraçadinha! Vc foi chamada, caralho! No teu currículo dizia 40 anos e vc foi chamada. Para de putaria e encara esse bagulho!
Minha consciência envelhece e carinhosamente me sacode como sempre! Ti lindo!
Meu currículo não levei, porque afinal, estou velha pra essas coisas (anotar no caderninho vermelho pra levar uns duzentos da próxima vez). Felizmente não fez diferença. A parte boa do Jornalismo é que tem um bando de gente sequelada que faz tudo ao mesmo tempo agora e não se prende a certos detalhes.
A entrevista foi sei lá... bem? Como saber? Sempre parece que foi.
O teste também pareceu bem, mas é aquilo... sei lá, sempre parece que foi mas vai saber.
Fato é, eu poderia estar roubando, eu poderia estar matando e eu poderia estar vivendo com medo, ou não vivendo, mas isso, foi suprimido do meu DNA. Sou lenta, admito, mas pego no tranco e quando pego, me agarro no meu potencial e não adianta vir A + B dizer que eu tenho que ter cuidado, que eu posso perder, porque aí é que está o X da questão! EU NÃO POSSO PERDER!
Podem me chamar de escrota nesse momento, adjetivo aliás que sempre combinou comigo, mas eu entendo o Yuri ex-ex-BBB. Quando ele disse que ia ganhar essa edição, ele sabia exatamente que era capaz. E era! Não fosse os invejosos de plantão. As pessoas não querem ouvir que existe um vencedor à distância do seu braço. Elas preferem os falso-moralistas, os pseudo-humildes. As pessoas gostam de ser enganadas para terem uma falsa sensação de que têm o poder de decidir tudo. Têm porra nenhuma!
O mundo, é dos que não desistem.
Se o medo me governasse, eu responderia o email com um enredo diferente.
Melhor, não me candidataria a vaga, porque afinal, era para alunos do 3º período e eu estou no 2º.
Ou ainda ao chegar lá, teria uma bruta caganeira e sairia correndo. Era a única preta de 40 anos com a cara descascada do sol (apesar da maquiagem) e com a boca arrebendata pela herpes labial. Teria chance? Acho que não. Ainda sim, enfrentei, mostrei meu potencial e lancei os dados.
Não que esteja nas minhas mãos decidir meu futuro. Não está totalmente e isso eu aprendi com a chegada de Dona Miúda. No entanto, é imperativo que eu teime, que eu vá lá, que eu não desista, que eu acredite, que eu seja surda para frases pessimistas e que eu me mostre. Só e tão somente assim, o universo poderá conspirar a meu favor.
Acreditem, meus queridos 5's leitores! O NÃO a gente já tem.
5 comentários:
Concordo com várias coisas, principalmente com essa parada de "o não a gente já tem", é fato!
Nossa, eu tenho preguiça de gente pseudo-humilde, SENHOOOOOOOOOOR, e tenho mais preguiça ainda de gente que acha que se valorizar é ser arrogante zzzzzzzzz.
Mas eu não vejo problema em ter medo, aliás o medo é um das coisas mais importantes que a gente tem na vida, ele nos ajuda na sobrevivência, o problema é o que se faz com ele, a medida do medo que é a parada correta, porque ninguém vive sem medo, e digo vive no significido da palavra mesmo, viver antônimo de morrer.
O que eu entendi do seu post não é que você não tem medo, porque isso é impossível, mas sim que ele não te paralisa, que você não desiste por conta dele, e isso eu admiro, acho corretíssimo e mais, torço por você!
<3
Ótimo. Um desabafo e um incentivo.
Isto pode ser encarado,e utilizado,como um verdadeiro cala-boca pra muitos "fracos",Engraça.
Pois espero que a vida continue te mostrando que vc está CERTA e que vale sempre à pena TENTAR!!
Como vc mesma disse: o NÃO voce já tem.
Beijos
Bia, sua leitura tá corretíssima! Aliás eu temho um medo, um pavor até, q é de estagnar!
Engraçadinha, uma vez li uma frase que dizia: O impossível é apenas um desafio.
Boa sorte pra vc nessa nova empreitada. Saiba o que tiver que ser seu, será e nada e nem ninguém poderá impedir.
Big Beijos
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