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quarta-feira, maio 01, 2013

Que Pais são esses?

 

Longe de querer fazer menção a música de Renato Russo que está na moda outra vez por conta do lançamento do filme Somos Tão Jovens, essa é a pergunta q tenho me feito não é de hoje e sem querer me eximir de culpa, claro. Como eu acredito em reencarnação, creio mesmo que devo ter a minha parcela de culpa na escolha dos seres envolvidos. Infelizmente, essa culpa e a lição que devo aprender ainda está longe de ser descoberta. A de que eu não sou ninguém, seria isso?

Se eles lerem esse post aqui, pouco me importa como hão de se sentir. Porque de todas as escolhas q eles fizeram na vida, apesar de estarem tentando acertar, a impressão q me passa, é que seus egos estavam na frente de tudo bem lá no fundo, ou no raso mesmo.

Primeiramente, vamos falar da parte boa, pra vcs entenderem o ideal de mãe. Ideal uma vírgula, porque se cerumanos falhos q somos, nem somos capazes de mensurar o significado de ideal, SIM, SOMOS MASSA IGNORANTE MESMO APRENDENDO A EVOLUIR, portanto esse papo de ideal é balela, mas retomando, vamos a um típico arquétipo do que pode se aproximar uma mãe no imaginário coletivo de uma criança e o que eu tive aproximadamente.

Ela brigava muito comigo na infância. Me corrigia, ralhava comigo, me punha pra dormir à tarde, coisa q eu não suportava mais aos 3 anos sei lá, ou 2 (porque aos 3 fui matriculada na escola então essa lembrança de ser forçada a dormir, só pode ser aos 2), prometia q ia contar pra geral q eu não estava estudando e só vendo desenho; ela me contava as histórias de sua vida e de sua infância também, sem q eu perguntasse nada; ela me ouvia; ela me ouvia pra cacete; ela brincava de pique peitinho comigo, porque apesar de ser gorda e baixinha, não tinha vergonha de ficar nua na minha frente, nem se envergonhava de seu corpo; ela conversava comigo sem me cobrar qualquer coisa q fosse, quando eu fiquei adulta; ela não me fazia sentir constrangida quando eu sentava de perna aberta ou se passasse pelada entre um cômodo e outro da casa q só moravam mulheres; ela me viu chorando diversas vezes e me deu seu ombro; ela sabia meus segredos antes de todo mundo; ela se preocupava com a minha felicidade, mesmo q esta se traduzisse numa passagem de ônibus naquele momento; ela não tinha grana, mas se me visse precisando, me dava um troquinho só pra ajudar, mesmo q não fosse o suficiente; eu evitava pedir coisas demais pra ela porque não era justo, afinal, eu tinha pai e mãe.

E foi assim que eu cresci. Tendo pai e mãe que por décadas foram meu modelo, mas que nunca podiam, q sempre estavam duros e q sempre jogavam o pepino pro outro, até o dia da separação deles e depois disso também.

Raras vezes eu pedi. E acredite, eu tenho 3 filhos e cresci com a sensação q não poderia pedir nada nunca, porque não teria a resposta que esperava.
Para a Lourdes, esse arquétipo, eu pedia quando não dava mais. Sem abusar em absoluto, porque sabia das limitações dela. Cresci me sentindo extremamente sozinha sentindo aquele vazio paterno, porque por mais q eles estivessem ali, pouco representavam em termos de apoio emocional.
Por isso também, Lourdes fora proibida de morrer e em sua generosidade infinita, Lourdes esperou pacientemente q eu saísse de casa e fosse morar sozinha para poder morrer. Ela fez questão de me deixar encaminhada primeiro.
Desamparada eu fiquei e desamparada eu me sinto até hoje. Porque meus pais estão ali ao alcance do telefone, mas perdeu o timming. É assim q eu me sinto.

Mamãe ainda cobra atenção, cobra um telefonema, cobra minha presença, mas quando eu fui ouvida? E quando eu o sou? Ainda hj quando a gente se fala, é sempre EU, EU, EU... bem, no caso ela né? Eu ouço calada revirando os olhinhos. É aquele tudo bem? protocolar e ela desata a falar dela até q eu atolada em serviço, dê o monólogo por encerrado.

Papai na corrida contra o tempo, recebeu créditos por 27 anos de ausência quando dividiu apartamento comigo por 1 ano e depois q meus filhos nasceram dando-lhes carinho e atenção sempre q eu peço, mas é aquilo, não me fale dos seus problemas, porque afinal eu também tenho meus traumas, eu tenho as minhas dificuldades e ninguém quer saber! OI? Então é assim? Seu filho te confessa uma angústia, te pede ajuda e vc responde q cada um com seus problemas? Isso e um foda-se não é algo semelhante, ou é só impressão minha?


E outra, quando foi nossa última conversa a sério? Teve? Não me lembro. O muro impenetrável é incapaz de falar sério. O amor q eu dei por toda a minha vida, soube muito depois de adulta porque os outros me disseram. Ainda sim, foi um amor suado e perseguido literalmente. Aparentemente muito mais de cá do q de lá. Porque eu amo me importando e não ignorando a existência do outro.

Então na minha ingenuidade, quando ontem fiz papel de filha e fui pedir. Primeiro ouvi o fatídico já falou com a sua mãe? Kkkkk. Como eu vou ligar pra pedir se eu não ligo pra ela nunca? Esse é um direito q eu perdi. Não peço nada. Não mesmo. Peço para estranhos q sentirão prazer em ajudar, mas dinheiro a gente não pede para estranhos né? Eu não peço.

Não que meus pais não tenham direito de me dar um não. Eu não estou fazendo a linha filhinha mimada q ficou puta porque levou um não e está aqui jogando a merda no ventilador blogueiro. Não é isso. É o jeito como isso foi feito a vida toda.
É como se as minhas necessidades não fossem importantes. É como se eu não me sentisse ouvida, quando a questão envolve o vil metal, salvo raríssimas vezes tanto de um, quanto de outro.

Minha mãe, foi presente sim. Apesar de ela ter sido ajudada pra caralho pela moça do arquétipo e ter transferido a responsabilidade emocional para essa mesma senhora uma boa parte, ainda sim, ela me ouviu e deu o q podia dar. Hoje a gente se afastou mais pela minha vida caótica, pela distância em kilômetros e por eu ter percebido o quanto ela se põe em primeiro lugar sempre quando o assunto envolve eu. É meio que o velho


 e então ela para e pensa e volta atrás quando dá mesmo pra ajudar, mas q isso não signifique o vil metal, que fique claro. E eu ajo exatamente da mesma maneira com ela. Reativa toda vida. Porque né, tentei fazer diferente e bati com a cara no muro quando foi a minha vez.

Agora ele... ontem senti aquela velha sensação de desamparo que me acompanhou toda vida porque antes mesmo de ele cogitar em me ouvir, parar pra pensar em ajudar, o que ele fez depois de eliminar o fator que transfere a responsa pra minha mãe, foi:


Eu quase fui dormir chupando dedo ontem. Uma vontade imensa de pegar meu cheiroso imaginário, me enroscar na coberta azul de chenile com o cavalinho bordado e chamar pela Lourdes pra me arrumar um trocado. Mesmo q fosse um trocado daqueles que não resolve o problema mas ajuda sabe?

De qualquer forma, estou burlando minha própria lei. Eu prometi q não viveria de futuro. O problema efetivamente é à partir de julho e ainda estamos em maio, portanto não vou me preocupar até lá.

Falei com Deus pai ontem, porque é sempre ele que aponta as soluções quando estou angustiada e me ajuda. Desde o dia em que eu descobri que podia contar come Ele, tem sido assim. Ele me salva, me dá amparo e sempre resolve de um jeito ou de outro. Então eu não vou chorar. Porque de alguma forma q foge à minha compreensão, eu devo merecer os pais q eu tenho.

Isso me motiva a nunca foder a cabeça dos meus filhos, a nunca deixá-los se sentirem assim, a terem a certeza q eles têm mãe e até o dia da minha morte, vou seguir o exemplo do arquétipo. Daquela senhora q sempre foi generosa, q cuidou de mim, q me colocou de bruçus em sua barriga pra eu não sentir cólica, q me dava os trocadinhos mesmo q não resolvesse meu problema, q fazia o melhor bolo de fubá com cobertura de leite de côco da vida, só pra ver a gente feliz; que durante toda a sua vida, mesmo me puxando a orelha, me fez sentir amada, querida e importante. Ela me fazia sentir uma pessoa importante. Fora ela e meu marido (e as crianças), quase ninguém que me é caro me fez sentir assim. E foi por ela e pra ela que minha filha leva seu nome. Porque a generosidade dela residia em nos fazer sentir importantes. Ela conseguiu preencher o vazio de duas pessoas enquanto esteve nesse plano, o problema é q ela se foi, deixando um vazio maior ainda. Deixou um rombo, um buraco como só as mães do coração o fazem.

Claro, que se meus pais lerem isso, eles vão discordar de quase tudo o q eu disse muito provavelmente, mas ao contrário do que pensam, fazer alguém se sentir importante está nas atitudes e não nas palavras. E não raro é assim q eu me sinto!

#SeProstituiAmiga

2 comentários:

Bia disse...

Olha, esse assunto realmente está meu campo, já é a 3a "conversa" que tenho sobre esse assunto!
Lá no começo tu usa a palavra ideal, mas sei lá, pra mim ideal é ideal, sempre vai ser ideal, nunca será atingido, vai ser sempre aquele "quero ser".
"traumas", com e sem aspas, quem nunca teve por conta dos pais? Por falta, por excesso, não tem como acertar sempre!
Os que falam sobre a teoria da reencarnação são os melhor que afirmam que nós que escolhemos a família na qual queremos voltar, dizem eles que é uma forma da gente "pagar" por certas coisas, eu num sei, viu? Fico na dúvida!
Acho super válida o seu comportamento de não fUder com a cabeça das suas crianças, mas como humana, em algum ponto você vai falhar, não adianta, a gente não dá conta de tudo!
Só sei que por essas e outras, muitas outras, essa coisa de ter filho me assusta cada vez mais e eu sinto a cada dia menos vontade, mas né, ainda não morri, e só os tolos não mudam de ideia!

DO disse...

Chego a conclusão de que todos nós temos nossos traumas,nossos lados escuros e sombrios,Engraça.
O problema é saber como continuar vivendo "com eles" e "apesar deles".
Adorei seu jeito de tocar num assunto tão intimo e delicado.
Deve ter feito um bem danado ter posto os "diabos pra fora",rsss
Beijos!

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