Dado meu nível de ansiedade, bem que esse poderia ter sido meu primeiro dia de aula na escola pública. Mas não, Pacotinho e Sr. Cabeça de Bolinha fariam o debut nas novas escolas e eu tive que deixar o prazer de levá-los relegado aos cuidados da Advi.
Aliás, devo agradecer à Deus e à Santa Advi, que tem segurado uma bela onda como tia postiça que é. Mais, Advi tem feito papel de alguém da família, alguém do mesmo sangue. Aliás 2, preciso reconhecer que minha mãe, Dona Engraçada tem feito o caminho de volta rumo a responsabilidade de avó. Não que ela não tivesse. Mas a distância das nossas casas, minha rotina causticante, os compromissos religiosos dela, além dos sociais, nos manteve bem afastadas e por isso, eu nunca contava com ela pra nada. Nem pedia.
Agora, minha mãe tem sentido uma necessidade genuína de estar junto de nós, de nos ajudar verdadeiramente. Desde que ela assumiu essa postura, eu tenho me aberto mais, estou feliz pelas crianças e pela convivência. Tanto, que nesta segunda feira, foi ela quem buscou a Dona Miúda na escola, depois ficou com os três sozinha aqui em casa e ainda tirou de letra! Fiquei tão feliz. Isso é uma bênção.
E por falar em escola, quanta dor de cabeça nesse início! Começa com meu estágio e o dilema de com quem deixaríamos as três crianças. Sim, você não leu errado! São três e não são anjos.
Apesar de boas crianças, eles disputam muitas coisas, ainda que haja diferença de idade. E disputam as coisas mais banais, mais ridículas, desde o mais velho, até a mais nova. Isso desgasta... E perde-se um tempo precioso.
Para começar, ficar com criança requer todas aquelas formalidades trabalhistas que convenhamos, não temos possibilidade financeira. Daí, que no auge do desespero, cogitei deixá-los sozinhos, sob a responsabilidade do irmão mais velho. Tão logo o fantasma do conselho tutelar começou a nos assombrar, eu chorava, rezava e ligava pros mais chegados, inclua a Tutti nessa, para pedir conselhos e tentar encontrar uma saída diferente. Foi aí que rolou esse mutirão entre minha mãe e Advi, enquanto não resolvíamos nosso dilema.
Sim, eu já estava pensando em bater na porta do Conselho Tutelar me entregando, vomitando meus problemas, levando as contas de casa, nossas despesas mensais e contra-cheques, mandando que eles fizessem um cálculo que fechasse uma contratação de carteira assinada. É nessa hora que eu vejo que o Estado nos deixa desamparados ao relento e o tempo todo, mas cobra de seus cidadãos, todos os deveres de um Estado presente, coisa que aqui no Brasil está longe de ser.
Então, resolvi chamar um conhecida da família, que está passando por condições de enorme dificuldade e hoje, é adepta da filosofia tailandesa-budista-espiritualista-greco-romana, "É melhor pingar do que faltar!" Sim, quem me lê sabe, já fui muito adepta desse mantra. Portanto, estou lendo os sinais que Deus manda e resolvemos contratá-la para a próxima semana, dando uma ajuda compatível com o tempo em que ela ficará aqui, que será bem pouco diariamente.
Teve muito choro, muita reza e mandinga mental é verdade, Deus de saco cheio, resolveu nos dar uma força pra ter sossego, as coisas estão transcorrendo nos conformes e hoje foi o grande dia! Uma pena eu não estar lá, mas dei um jeitinho de estar na hora da saída pra saber tudo!
Pacotinho fez amigos já no primeiro dia e está muito empolgado com a nova escola, que não ficará, com a graça do mesmo Deus que não me aguenta mais! Contou de um amigo que fez logo de cara e que esse menino o apresentou prum bando de garotas. Dentre as garotas que conheceu, duas já estão gamadinhas.
Ele diz que sabe, pelo jeito que elas olham pra ele e pela entonação da voz. Bom, se são duas, a gente já sabe que alguém vai sair perdendo, já que é de uma apenas que ele mostrou interesse.
Ele também contou que as outras meninas na sala o chamam de Ném, ou de Nerd. Cara, nem preciso contar que soltei aquela gargalhada pombagirística né? Hilário, porque o que eu mais fiz nessa semana que antecedeu, foi chamá-lo de Ném pra ele ir se acostumando. Ainda disse que ele se tornaria o rei das néns e voilá!
A parte do nerd, foi porque toda vez que os professores perguntavam alguma coisa em sala, Pacotinho respondia e adivinha, o melhor amigo dele, o Jorge, é apelidado de George, O curioso, porque tem uma forte veia jornalística e tenta se inteirar de tudo o que as meninas conversam. RYSOS.
Então, o papo estava ótimo quando chegamos na escola do Sr. Cabeça de Bolinha e o que mais me chamou atenção, foi a cor da camisa do mini-sujeito! Terrível. Estava com a cor daquelas camisas do comercial de Omo, toda cagada de bola.
Entrou no carro falando animadíssimo que amou a escola, que fez um monte de amigos, que jogou futebol, basquete (disso é certo!), que jogou bola com efeito, que o amigo defendeu com a cabeça, contou que conseguiu ler uma frase... Só tinha uma coisa que o Sr. Cabeça de Bolinha não sabia responder:
EU - E qual o nome da sua professora, meu amor?
Sr. Cabeça de Bolinha - Ih mãe, esqueci!
Pois é, a escola foi tão boa e ele deve ter brincado tanto, que realmente não lembrou o nome da professora. Mas o importante é a felicidade na voz deles, no jeito que contavam sobre a escola, naquele brilho nos olhos.
Sinceramente, eu acredito nos profissionais de educação e que as escolas daqui são boas. O que falta mesmo, é empenho da Prefeitura em cumprir prazos, remunerar dignamente esses profissionais e dar suporte para que um trabalho sério e de respeito seja desempenhado com nossas crianças.
Casos como o do "cara do ar condicionado" nas licitações para prestação de serviços na escola, é brincar com a nossa cara.
Potencial, nossas crianças e escolas têm, profissionais engajados com o ensino de qualidade também é possível encontrar, haja vista o depoimento do meu próprio filho hoje, contando do entusiasmo dos professores, como diferencial entre as escolas que ele conheceu.
O que falta realmente, é o comprometimento dos nossos representantes políticos e nossa resposta à altura nas urnas. Isso é o que eu quero ver!
3 comentários:
Pois é, da última vez que você postou, eu fiquei pensando como seria o seu dia a dia com o cuidado com as crianças. Pelo visto as coisas se ajeitaram e eu fico feliz com isso. Vai mesmo tirar as crianças dessa escola? Deixa para responder no próximo post.
Beijocas
Yvonne
Engraçadinha, eu acredito cada vez mais que Deus nos coloca anjos na nossa vida e não precisa ser necessariamente alguém da família, pessoas que vc menos espera te estendem a mão na hora que vc mais precisa. Tb ando passando por provações.
Confia que tudo dará certo.
big beijos
Nossa! Fico tão feliz em saber que não sou a única que acredita das escolas públicas... Seu penúltimo parágrafo traduz exatamente a realidade (excluindo aqueles profissionais que não estão nem aí pra nada, sim, porque eles existem, mas são minoria, graças a Deus!).
Não conhecia você nem seu blog e gostei. :)
Mas como boa mãe ocupada que sou, que trabalha fora, e que - como sua mãe - também tem compromissos religiosos (rs), não devo ser visita constante por aqui... Mas pode deixar que vou dar um jeito de segui-la e acompanhar o que for possível.
Muito prazer e até um outro comentário! ;)
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