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sexta-feira, março 23, 2012

FILHOS, POR QUÊ TÊ-LOS? E SEM TÊ-LOS, COMO SABÊ-LOS?



Esse post é dedicado ao Jôka.
Amigo blogueiro de longa data, cujas visitas que trocamos nos blogs de ambos, não chegam nem perto do carinho e admiração que sentimos um pelo outro.

Amigo, não é de hoje vejo sua opinião arraigada acerca de alguns assuntos e como são assuntos os quais me estenderia demais na caixa de comentários, decidi fazer esse post para te passar um pouco da minha vivência acerca dessa temática.
Eu sei que a minha vivência mergulhada nesse assunto, pouco tem haver com a opinião ou jeito de ser da grande maioria que tem filhos. 
Sua aversão a crianças é até justificada, porque muitas cagadas são feitas por aí e muito provavelmente devem ter respingado em vc de uma maneira ou de outra. O que justificaria o seu pavor.

Vc me conhece Jôka. Tô pegando super leve ao falar, porque não quero de maneira alguma arranhar nosso carinho com a minha sinceridade muitas vezes ácida. E porque te respeito demais. 
Mas me tornar mãe, foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Eu posso ter sido exceção, claro.

Assim como vc, nunca pensei nisso.
99,9% das vezes que proferi o desejo de ser mãe, falava da boca pra fora, com medo que me achassem algum tipo de ET.
Eu que fui irmã mais velha e convivi com crianças bem mais novas, vivi na pele o trabalhão q dá conviver com alguém criado por outros, cuja educação muitas vezes destoa do q vc acredita, por isso não me via no papel de mãe. Aliás, eu citava o "quando eu for mãe, o meu filho vai..." muito mais na hora da raiva, no meio de uma discussão, enaltecendo a nobreza de um filho q eu nunca colocaria no mundo. E a natureza sábia, o fez exatamente como eu dizia q ele seria... 

Era assim:

- Meu filho não! Meu filho vai ser amado por todos!
- Meu filho não! Meu filho vai ser educado!
- Meu filho não! Meu filho vai ser super gente boa e todo mundo vai querer estar perto dele!

E sempre que eu citava essas palavras, era debaixo de briga, era carregada de ódio, era até profética. Curioso que Pacotinho, Sr. Cabeça de Bolinha e a galega são exatamente assim.

Mas vamos aos motivos!
Eu não tive a primeira gravidez porque eu quis. Aconteceu. A segunda foi a única planejada, já a terceira, eu tinha certeza absoluta que não queria mais ser mãe, ainda mais de uma menina!
Eu não queria mesmo ser mãe, já te falei né? Não tinha o menor saco pra crianças, achava tudo um porre e se visse alguma conhecida com filho passando, a vontade era de mudar de calçada. 

Claro, ninguém sabia. Não chegava a ser raiva, mas era um papo do qual eu dispensava. Em contrapartida, eu nunca me vi estéril. Nunca pensei em inutilizar meus ovários e nunca ousei proferir a palavra "mãe não serei nunca", porque nunca se sabe o dia de amanhã e cuspes geralmente caem na testa quando lançados ao alto.

Então me peguei aos 28 anos grávida de Pacotinho sem um puto no bolso. Entrei em desespero e chorei horrores. Fiquei morrendo de medo. Como alguém como eu, umbiguista, tida como egoísta pela família, maluca, sem noção, baladeira, ia dar uma educação séria a uma criança, se eu mal sabia me cuidar?!

Veja bem, eu tomava banho depois de almoçar, algumas vezes comia dançando, outras ia dormir de estômago vazio, fora as vezes em que andei de montanha-russa depois de um belo cachorro-quente com refri! E no quesito limpeza, odiava fazer faxina, detestava arrumar minha própria cama e era easy going quando me mandavam fazer um bando de coisa pra já. 
Plantas? Matei todas. Ou afogadas, ou com sede e meu sonho era ter um cacto; sonho esse q até hoje não se concretizou.

Estava decretado, eu não tinha condições de educar uma criança.

Na gravidez, o senso de maternidade bateu logo. Eu parei de deprimir porque seria mãe. Afinal, o pai desavisado já estava todo orgulhoso que seria pai também e meu filho não podia ouvir-me falando aquele bando de asneiras lá de dentro do meu útero. Contamos pra geral e logo eu estava andando que nem uma pata. 

Quanto Pacotinho nasceu, eu pude vivenciar algo que só os pais conhecem. Não posso dizer que são todos infelizmente (ou esse mundo estaria bem melhor do q é), haja visto o número de infanticídios q tem por aí. Mas esse amor que eu senti, é algo que só se sente por um filho, por mais ninguém. Não adianta vc sair catando nesse minuto q não vai encontrar, Jôka. Só existe de pais pra filhos. Nem os próprios filhos tem a mesma dimensão desse amor em relação aos pais. Não há recíproca. Ponto.

É ele, esse amor homérico, que é mola propulsora pra nossa primeira mudança.
No primeiro filho, a gente fica tão anestesiado, que se torna algo abestado e insuportável de tanto mel. E é aí que mora o perigo, Jôka. Porque não raro, as pessoas distorcem esse amor e projetam suas frustrações, suas não-realizações e uma série de neuras e traumas em cima de seus filhos. Tornam-nos monstros tiranos, ou poias dependentes. 
Raros são aqueles pais q respeitam a criança como de fato elas merecem.

Eu explico.
Claro, venero minhas crias. Saíram de mim, fui eu e Engraçadão que fizemos e óbvio, ficamos os dois babando na beleza, inteligência e argúcia deles. São nossa evolução, nosso melhor. 
Depois, nós nos lembramos que eles, têm muito a nos ensinar e estamos sempre atentos às lições que seus corações puros podem nos passar. Isso é realmente muito importante, porque seus espíritos já vem um pouco mais aperfeiçoados que os nossos.
Com essas armas, lapidamos, educamos e mostramos que nós, os pais é que estamos no comando.
Nós não nos anulamos. Isso é um erro muito corriqueiro. Nenhum filho vai amar mais um pai ou uma mãe q se anula. Vai no máximo sentir pena lá na frente. Isso não é bom.
Fazemos programas que só os pais podem e ainda q debaixo de lamúrias, a gente se prioriza quando é nossa hora.
Compramos coisas q só os adultos podem usar, mesmo q eles não ganhem nada.
Vemos coisas que ainda não estão no tempo deles, mas abrimos exceções quando percebemos q eles tem entendimento e ouvimos músicas de adulto também. Sempre conversamos sobre todos os assuntos: Amor, sexo, drogas, violência, homossexualismo, religião, cultura, arte e esportes (essa parte é do Engraçadão). Não boto trava nas crianças. 

Eles tem o tempo deles até certo horário, depois é a vez do papai e da mamãe namorarem e eles entendem.
Tentamos fazer com que se tratem com respeito. Nada de xingamentos, nem porradas entre si (isso também vale pros adultos). Eles precisam ter o sentido e a certeza de q são seu apoio mútuo, porque na falta do papai e da mamãe, eles deverão se ajudar e se proteger. Só eles.

Então é comum, agora que estão crescendo, eu receber lições maravilhosas, para o bem e para o mal. 
Não raro eles me mostram aonde estou errando, quando reproduzem comportamentos escrotos q eu tenho. Então eu me corrijo (peço desculpas e tento mudar) e os corrijo também... e a parte que é a cereja do bolo: é todo o amor que eu recebo em troca, coisa que eu dizia ali no post.

Hoje quando eu estou com eles, sei que tem alguém que está me olhando nos olhos e prestando atenção interessadamente no que eu digo. E essa relação verdadeira, está cada vez mais difícil de encontrar externamente.
Por isso eu tenho refletido muito antes de sair com amigos nesse momento, sabe?
Não que eu esteja me anulando. Mas é que lá em casa, meus filhos estão ali inteiros comigo e não me apressando pra eu calar a boca, ou fingindo que prestam atenção em mim (não vale colocar o Nintendo DS nem o Cartoon Network nessa conta!).

Eu sei que não vou mudar a sua opinião. Nem é minha intenção.
Penso que para mudar sua opinião, só você vivenciando e fazendo sua própria história. E para isso, vc teria de querer.
Mas resolvi escrever tudo isso (e bota tudo nisso!), para vc ver que nem tudo é negativo quando se trata de crianças.
Se bem trabalhados, as lições e as relações podem ser muito boas, sobretudo, divertidas e prazerosas.

Espero de coração, que você tenha entendido meu ponto de vista.
Gosto muito de você, mesmo quando a gente discorda.

Com amor,
Engraçadinha.

3 comentários:

Jôka P. disse...

Flavia, entendi que ter filhos é uma transformação que vai ao encontro de um novo tipo de amor. Fico feliz por você, que além do mais sabe de expressar tão bem e transmitir o seu ponto de vista com tanta sensibilidade. Acho que compreendi, em parte, sua felicidade, no entanto permaneço sem o menor interesse por crianças e pelo carinho pegajoso que elas transmitem. Prefiro ter cactos, que como você mesma disse, não exigem nenhuma atenção, não babam e, principalmente são silenciosos.
Beijos e parabéns por tudo, amiga!

Anônimo disse...

ME LEMRO QDO EU DIZIA P VC Q ACHAVA Q NAO IRIA SER MAE NUNCA<?POIS NAO TINHA PACIENCIA C CRIANCAS. E VC ME EXPLICAVA TINTIN POR TINTIN.RS HJ VEJO Q VC TINHA RAZAO. EU AMO SER MAE!

Morena disse...

Aí choro!!!!! Gente seu amor pelas crianças e o delas por vcs é um dos principais motivadores para que eu queira e mtoo ser mãe!!!!

E isso q vc diz aí na raiva já falei diversas vezes aqui tbm!!!
Lindo, lindo parabéns por tudo! Pela mãe e escritora maravilhosa que vc é

Beijos saltitantes
Bom fim de semana

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