Um dia, por causa da Psoríase que o Sr. Cabeça de Bolinha começou a apresentar no dedinho, eu me vi forçada a ler textos acadêmicos sobre terapia infantil e acabei descobrindo que se tratava de uma doença psicossomática.
Você sabe o que é isso?
A grosso modo, são doenças de fundo emocional.
Uma grande verdade. Eu já havia tentado de quase tudo para fechar a ferida no dedinho que ora cicatrizava, ora voltava a abrir. Afinal, sabia que Psoríase não tem cura. Numa das passagens, constava que o tratamento da Psoríase deveria ser acompanhado de terapia, além do tratamento tópico, ou seja, cuidados no local do ferimento. Assim começou a busca por um profissional que pudesse atendê-lo e com a ajuda da escola das crianças, consegui a indicação de uma Psicóloga cuja especialidade era Ludoterapia. Mas que raio é isso de Ludoterapia?
Elementar meu caro Watson, se você quiser aprofundar, esse site aqui vai te ajudar, mas na minha linguagem for dummies é mais fácil. Te explico. É psicologia para crianças dos 03 aos 12 anos, no entanto, de forma lúdica (o nome vem daí). Através da brincadeira, com jogos, desenhos, colagens, pinturas, o psicólogo tem condições de avaliar a criança por meio de comportamento, sentimentos, bem como se há indicação para pais ou terapia familiar.
No nosso caso, Sr. Cabeça de Bolinha levava o irmão para a sessão por vontade própria e nossa querida terapeuta apontou a necessidade de Pacotinho fazer sessões individuais também. Sr. Cabeça de Bolinha nunca apresentou o desejo de levar a irmã mais nova, o que foi respeitado por nós.
Na ocasião não colocamos Pacotinho de imediato, contudo, com a mudança radical das escolas, achamos apropriado ele também ter sessões. Como se trata de um pré-adolescente a sessão é um pouco diferenciada da do irmão menor. Inclui jogos, bate papo, leitura de livros e muito esclarecimento, já que Pacotinho está bem na fase dos questionamentos.
Existe uma coisa em terapia que é o enfrentamento, né? Geralmente é nessa hora que os pais correm. As pessoas querem que o terapeuta conserte seu filho, mas não querem ser consertados.
Aqui não é bem assim que a banda toca. A gente enfrenta a cada quatro semanas aproximadamente. Já teve choradeira, tiro, porrada e bomba. Já teve conotações de terapia de casal, coisa que gente como eu, que odeia uma DR, evitava a todo custo. Mas é bom, sabia? Conhecimento é sempre bom. A gente se torna seres humanos melhores à medida que vai se conhecendo melhor, sem contar que eu e marido ficamos mais unidos desde então.
Sem contar que a nossa querida terapeuta já me tirou de algumas sinucas de bico por telefone. Me orientou muito em situações de stress, onde me via com vontade de esganar as crianças (quem nunca?) e acabava ligando pra ela pedindo socorro. Foi ela, a Drª Rosana Turlão que me ensinou REPETIÇÃO, PACIÊNCIA E PERSISTÊNCIA (multiplica por 3, já posso me rasgar toda?). Palavras chave na tarefa de educar filhos.
Então qual o propósito de uma criança fazer terapia? No nosso caso, foi por meio da doença, depois por meio da dificuldade financeira. Mas morre aí? Claro que não.
Crianças que passam por problemas de separação; crianças que apresentam um baixo rendimento escolar; aquelas que têm um dos cônjuges muito ausente; as que são extremamente abastadas com uma realidade muito distante da maioria da população; as que têm contato com a fama muito cedo... as que sofrem abusos de todo tipo e infelizmente isso existe de sobra; as crianças que apresentam histórico de violência na escola; fora os problemas de ordem psicológica que são evidentes, dentre tantas outras indicações.
Partindo da premissa que nós pais não somos perfeitos, que erramos com eles muito embora tentemos o melhor diariamente, a terapia vai ajudar a criança a se conhecer melhor, a adquirir segurança, a entender as diferenças familiares e por fim se sentirem amadas, porque saberão que seus pais estão de mãos dadas lhes dando autonomia para caminhar.
A terapia dá isso a criança. Por meio da brincadeira, eles aprendem coisas que nós simples pais mortais nem sempre conseguimos ensinar. O barato da terapia é a visão neutra sobre as coisas e diferentemente da sua ou da minha visão, é salutar, dentro de valores éticos e educacionais.
Mas não adianta fazer terapia e na reunião de feedback correr. Ou ainda, pai ou mãe não levar as crianças às sessões, delegando esse "fardo" a terceiros. Faz parte do tratamento, a criança sair da sala e ver um dos dois esperando por ela. Nesse momento, o sorrisão da criança mostra o quanto estar ali para ela é importante. Eles se sentem cuidados.
Depois de quase um ano e meio fazendo Ludoterapia e faltando a pouquíssimas sessões, a Psoríase do Sr. Cabeça de Bolinha deu um descanso. Descobrimos nesse meio tempo, que a culpa que eu sentia em relação ao nascimento da Dona Miúda acabava por passar insegurança a ele, no entanto, não era esse o problema central. Que nada! Esse problema era muito mais meu que dele! O que mais afetava esse menino era a mania de perfeição. É um extremado perfeccionista e levava a sério demais esse negócio de querer ser o melhor em tudo.
As atividades físicas que ele fazia no SESC e que teve de parar, por conta da mudança na gestão esportiva, vieram também atrapalhar as coisas. Antes, ele nadava duas vezes por semana e com a mudança, crianças abaixo dos 7 anos ficaram a ver navios. Então, esse tempo ocioso prejudicou os sentimentos dele, ainda que de uma maneira inconsciente. Não fosse a terapia, jamais teríamos descoberto, afinal, a vida com sua rotina de rolo compressor nos atropela e a gente não se dá conta de certos detalhes.
Hoje, os meninos fazem atividades ao longo da semana, além da terapia. O Sr. Cabeça de Bolinha está numa escola bem grande, onde pode jogar futebol quase todos os dias e aos sábados, é conhecido como Jojô do Agogô na Bateria de Jovens Surdos patrocinada pela TIM, no Centro Municipal de Referência da Música Carioca, projeto esse que terei o grande prazer de mostrar pra vocês aqui no blog.
Por tudo isso, a Ludoterapia nos ajudou e eu sou uma defensora, pois acredito que amor e cuidado, vem de dentro para fora. No coração e na cabeça.
Fonte:
Definição de Ludoterapia, site Psychs.
Drª. Rosana Turlão - Ludoterapia e Psicoterapia - Tel.: (21) - 98181-8511
2 comentários:
Amiga é vivendo e aprendendo com eles que nos damos conta o quão é minucioso educar os filhos... se vc não está atenta e não recorre a cuidados imagina como ficaria o pequeno cabeça de bolinha...
Não conhecia a ludoterapia, mas mt bom saber que tem feito progressos e sim descobriu a raiz do problemas e vamos enfrente cada dia superando mais
bjs
Não conheço a Ludoterapia, mas fico feliz que tenha ajudado no tratamento dos meninos.
Se tiver algum muso da semana para sugerir, me fala nos comentários do blog tá ?
Big beijos
Lulu on the Sky
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