A cena é típica. Você está em casa varrendo a sala, as crianças espalhadas pela casa naquela confusão habitual de casa com mais de dois filhos; de repente você bate o dedinho do pé na quina da cadeira de madeira, o coração aperta, os olhos se enchem de lágrimas, o dedinho lateja tanto, que parece que vai sair do pé e antes mesmo de se dar conta, você solta um vigoroso "puta merda!" - ou similar.
Alguns, como eu, pediriam desculpas, outros mais espertinhos deixariam passar batido, não despertando a atenção da criança para seu próprio mal feito. Tenho minhas razões.
O tempo passa, você está no supermercado, seus filhos discutem por algo corriqueiro e o mais novo solta um vigoroso puta merda, velho conhecido seu. Na mesma hora, você corre os olhos pelo mercado, procurando o buraco mais próximo para se esconder. Não há tempo para isso. A culpa te faz sentir vergonha, ao passo que te lembra quem foi que iniciou todo esse processo e para não ficar mal diante da sociedade, claro, você chama atenção da criança, porque né? É seu papel educar.
A maioria esmagadora das crianças não têm ideia do que significa os palavrões que a gente fala. E explicar o significado deles, mesmo para uma criança de 7 anos, dá arrepios na espinha dos pais. Então, como lidar com essa sinuca de bico?
Eu não fui criada com palavrões e assumo, assim que entrei na adolescência, desandei a falar como forma de me autoafirmar no meu grupo da escola, embora as meninas não fossem tão desbocadas quanto eu.
Ao nos tornarmos pais, tanto eu quanto Engraçadão combinamos de maneirar os xingamentos. Deu certo com Pacotinho, deu certo com Sr. Cabeça de Bolinha até a chegada de Dona Miúda. Digamos que nossa rotina familiar tenha ficado meio explosiva criando 3 filhos e com certas privações, de dois anos para cá. Então o meu controle com a boca suja, confesso de vez em quando deixa a desejar. Ainda assim, os meninos que são maiores, entendem que não devem falar palavrão em casa, nem na escola. Eles sabem que quando estão entre amigos, em seu grupinho sem adultos perto, um ou outro palavrão pode escapar. Mas nunca devem falar palavrões diante da professora, dos mais velhos ou mesmo diante de nós, pais, em sinal de respeito. Eles sabem que palavrão em boca de criança não é algo bonito de se ver.
Eles também são proibidos de se xingar, ou mesmo mandar um ao outro calar a boca. Aqui, os irmãos devem manter uma relação de respeito sempre. Nós exigimos isso, embora eles testem nossa paciência de vez em sempre.
Em caso de crianças menores, entre 2 e 4 anos é impensável deixar que se torne um hábito falar palavrão. Um dia Dona Miúda falou um que nem lembro qual foi e nós tivemos uma conversa franca. Disse a ela que uma menina linda e educada como ela, não poderia falar palavras feias. Que isso não combinava com ela.
Pois a Miúda pareceu entender. Pediu desculpas e prometeu não falar mais aquilo. De fato, ela nunca mais xingou.
O Sr. Cabeça de Bolinha por ser perfeccionista, prefere seguir à risca o que eu digo, portanto, mesmo quando me vê soltando um ou outro nome feio, me repreende. Daí o meu pedido de desculpas. Só que ficar pedindo desculpas sem mudar de atitude não cola. Crianças precisam de exemplos e que eles venham dos pais. Com o caráter em formação, não fica nada bem os pais pedirem uma coisa e fazerem outra. O exemplo nesse caso é tudo: Digo uma coisa e sempre faço outra, não vale!
Esse final de semana, os dois meninos foram comemorar o aniversário de um amigo de longa data. A mãe do aniversariante organizou uma festa do pijama em casa, onde juntou um total de 7 meninos, que ficariam sábado e domingo por lá. Como a faixa etária era entre 10 e 11 anos e o único mais novo era o Sr. Cabeça de Bolinha, é natural que falassem palavrões. A própria mãe do aniversariante só fez uma exigência, que era a de que não gritassem no apartamento e pelo que soube, os palavrões rolaram soltos. Nada muito descabelante. Só os clássicos. Mesmo assim, meu filho do meio ficou incomodado e frequentemente chamava atenção dos garotos para que não xingassem.
Já em casa, conversei novamente com ele sobre o assunto. Que deveria respeitar os lugares onde estivessem pessoas mais velhas, seus pais ou professores e principalmente as regras da casa de alguém. Se a mãe do aniversariante não se sentiu incomodada com o comportamento dos meninos, ele deveria ter deixado pra lá. Expliquei que na idade de Pacotinho, é natural que os meninos xinguem de leve. Que inclusive na sua própria escola, os meninos de seu grupo se comportavam assim e ele assentiu.
Acredito que educação vem de cada família. Umas acreditam ser inadmissível que seus filhos falem palavrão, outras, não acham grande coisa que seus filhos xinguem.
Aqui, preferimos ser coerentes com a nossa maneira de ser, desde que os meninos aprendam a respeitar o ambiente em que se encontram, bem como as pessoas que os cercam. Não tenho direito de dizer que a educação que estou passando é a melhor, no entanto, tenho obrigação de ensinar o valor do respeito a cada um deles.
Fontes: Crescer em Família - http://crescer.globo.com/edic/ed75/03a04.htm
Uol Mulher - http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2014/03/19/falar-palavrao-pode-ser-forma-de-a-crianca-pedir-mais-atencao.htm
2 comentários:
Flavia, aqui em casa sempre falamos palavrões. Quando as crianças eram mais novas, prestávamos mais atenção, mas depois que se tornaram adolescentes deixamos correr solto. No entanto, sempre deixamos bem claro que palavrões só em casa. De fato, os dois não falam palavrão de jeito algum na presença de mais velhos, etc. Muito boa a sua educação.
Beijocas
Yvonne
Vou te contar que na minha casa ninguém tem o hábito de falar palavrão. Por isso, toda vez que eu falo me sinto culpada, heheheh.
Mais uma vez, amo ouvir tuas experiências, hehehe
Beijocas
rendasepaetes.com
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