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quarta-feira, junho 05, 2013

PSORÍASE INFANTIL - CHOQUEI!


O Sr. Cabeça de Bolinha apareceu com um machucado feio do dia pra noite. Disse ele, que foi puxar uma pele (cutícula) no cantinho do dedo e deu naquilo. Estava horrível! Lavei o local com sabonete bactericida, em seguida, usei água oxigenada, pomada cicatrizante e isolei a área.
Dia seguinte, retirei o envólucro do dedo, pois abafar machucado não é legal e apesar da melhora significativa, nos dias subsequentes, o dedo não melhorava.

Claro, suspeitei de herpes. Eu tenho herpes labial, o troço é genético, portanto, a culpa é minha certo? Já vi gente com herpes no rosto, o que seria umazinha no topo do polegar, afinal? Liguei pro pediatra e ele descartou de cara essa possibilidade. Semanas haviam passado e a herpes já devia ter involuído. É, tem razão - pensei.

Marcamos então a dermatologista infantil que acompanha a família já há alguns anos, só que quem levou foi o pai e este como não é tão detalhista quanto eu e só acompanhou o caso de longe, deixou de detalhar informações preciosas. A médica é tão boa, que receitou baseada no quadro de melhora que presenciava e nos recomendou algumas medidas, como deixá-lo afastado do Nintendo DS para não lesionar o dedo ainda mais, com a pressão no polegar e apesar de eu ter ligado explicando o histórico, ela foi categórica em medicar de acordo com que estava vendo.

Voltamos lá semana passada, dessa vez eu fui junto e meu queixo caiu quando ela diagnosticou Psoríase. Pronto. A culpa é do pai. Doença genética, eu não tive, mas o pai teve. Então voltamos pra casa com novos remédios e novas medidas. Só que, olha o que eu encontrei ao pesquisar o assunto! 
Antes de irmos direto pro popular senso comum da bagaça, procurei por fontes acadêmicas sobre o assunto e choquei, porque apesar de eu não ter transmitido o gene, estou diretamente ligada ao problema:


Ao ler esse artigo baseado no conceito de Wittin, a criança não conhece bem os limites de onde começa ou termina seu eu e a derme delimita esse espaço no ser (entre corpo e espírito) e em todos os casos, a criança tem dificuldade de expôr seus sentimentos, porque simplesmente não sabe fazê-lo. Há relatos de agressividade por parte da criança, ansiedade dela ou materna e abandono em diversos níveis, além dos traumas que quem é vivo, invariavelmente é acometido por ao menos unzinho.
Infelizmente, eu reconheço meu filho em todos os casos citados, com exceção do trauma.

Sr. Cabeça de Bolinha é agressivo. Seu lado leão dá uma porrada primeiro, pra depois perguntar o que foi e isso têm sido trabalhado há tempos, inclusive melhorou bastante. Pacotinho já não apanha diariamente do irmão. Acho que ele transferiu as porradas no irmão para sua  brincadeira preferida, que é botar os bonecos pra brigar, tendo inclusive quebrado parte deles, já que o som das porradas devem atingir as unidades vizinhas à nossa; apesar de estar prestes a completar 6 anos, esperar na concepção do Sr. Cabeça de Bolinha ainda é uma tortura, coisa que ele já deveria ter aprendido. 

O abandono, eu posso com segurança caracterizar pela chegada da Dona Miúda. Quando ela nasceu, Sr. Cabeça de Bolinha estava para completar 3 anos. Antes disso, nossa relação era muito próxima, de amor, cuidado, admiração, encantamento... lembro que a gente tomava banho junto quase todo dia, ria e brincava muito, eu contava muitas histórias e tenho isso filmado inclusive... Posso dizer que foi um baque, porque tudo isso acabou com a chegada dela, de uma só vez ou parte, foi transferida para o pai, que também nessas horas bate um bolão.

Não que eu não tivesse consciência disso. Eu sofri muito nas semanas antes de Miúda completar 1 mês. Eu senti esse afastamento, além do mais,  Sr. Cabeça de Bolinha é turrão pra dedéu. As coisas têm que acontecer no tempo dele e não  no meu. Então se naquela hora eu não podia dar carinho, não adiantava tentar depois. Já era tarde demais. E a rotina, infelizmente faz a gente se adaptar a tudo. Com o afastamento,  com os carinhos minguados, com o filho botando os bonecos pra brigar em detrimento do quebra-cabeças que amava antes.

Nesse artigo que li, os dois exemplos de meninos avaliados com psoríase, monstram crianças controladoras, ansiosas, que mudam as regras em seu favor. Todas adoram jogos de guerra ou que envolvam virilidade. Ao ler, me deparei com meu filho. Mas o que fazer a essa altura pra mudar nosso padrão?

Bem, além da medicação tópica, consta terapia para ele e é de suma importância que eu esteja presente, levando-o nas sessões, que eu me envolva e faça com que ele acredite que é amado. E é claro que ele é amado, só que talvez não sinta isso. 

Comprovadamente, desde o dia da última consulta, passando pelo tratamento que eu pessoalmente venho cuidando, notei que o ferimento está melhor. Passo hidratante todo dia nele, cuido quando ele já dormiu e ponho o adesivo-remédio no dedinho... outro dia tomamos banho juntos e eu cuidei dele como há muito não fazia, porque a galega ocupou esse lugar e já com uma semana de carinho intensivo, cuidado e atenção, ele está apresentando melhora.

Claro que quem me vê contando, pensa que o moleque tá com o corpo cheio de feridas e não chega nem perto disso. É uma feridinha no topo do dedão esquerdo que teima em não fechar. Às vezes sangra. O que nos deixa em pânico. 
Ok, EU fico em pânico. Mas pela primeira vez está evoluindo.

O tratamento além do psicoterápico, envolve medicação cutânea, hidratante na área afetada, sabonete de glicerina para não sacrificar o local e banho de sol nos horários saudáveis (até às 10h e após às 16h). 
Carinho, atenção, amor, muita conversa e paciência, porque as crianças que sofrem dessa doença, têm algo em comum: o temperamento explosivo ou agressivo e têm uma necessidade de acreditar que são amadas. 
Acho que o meu não acredita tanto, mas como minha própria irmã me disse, eu tenho o dom de desfazer minhas cagadas e recuperar o tempo perdido.

O meu leãozinho costuma rugir alto às vezes e a chicotada, definitivamente NÃO é a melhor saída. Nesse caso, o lenitivo é só o amor através das minhas atitudes. Basta isso.

5 comentários:

Morena disse...

Eu me vejo tanto mas tantooo no Jojo... eu tive psoríase tbm! Sou tipo ele de bater primeiro p depois resolver! Acho que vou p terapia ver se resolve!

E eu sei que é só um machucadinho mas realmente demorou bastante p sarar! E que bom que enfim está melhorando!!!!

E sei tbm que vc ama muito todos os seus filhos!!! Eles também sabem, e com o tempo darão o valor que isso merece! Vai passar amiga! E se precisar de suporte emocional dessa vez pode ligar!!!

Beijos em todos

Anônimo disse...

Flavia, meu marido tem essa doença e não tem cura. No inverno piora porque vamos menos à praia, então ele vai administrando. É emocional e quando ele se aborrece, sai debaixo. Ele também é agressivo, mas não chega a ser violento.

Apesar desse quadro feio, queria te dizer que, segundo uma médica homeopata que eu conheço, é uma dádiva ter doenças de pele. O motivo é que as emoções saem pela pele e não ficam armazenadas no nosso organismo o que pode gerar doenças mais graves como o câncer.

É linda essa preocupação com o emocional do Pacotinho. Receber carinho sempre é bom e ele com certeza está gostando. Por isso não fique tão preocupada se voltar outra feridinha.

Depois de tudo que passei nos últimos dois meses, estou cheia de brotoejas e coceiras. Foi a forma que o meu organismo encontrou de colocar o estresse para fora.

Beijocas

Yvonne

Lu Soares disse...

Nao consigo comentar lá pelo cel...escrevo...perco tudo...escrevo perco novamente.... fico putta... e venho aqui dizer: Tadinho do "Leiãozinho"! Mas tenho certeza q vai sarar!!! Obs.: To sumida mas to na area!

Viviane Pereira disse...

Oi Flávia! Tenho psoríase também e no momento a minha está gritando. Além de uma área no antebraço tenho nas orelhas e agora no pescoço. O pior é que coça demais e nem percebemos o quanto nos machucamos ao coçar. Fica de olho no seu pequeno. :)

Lulu on the sky disse...

Tadinho do cabeça de bolinha. Psoríase tem que cuidar, dar carinho, amor. Melhoras pra ele e se cuida mãe.
Big beijos

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